Palestras Públicas 2007

O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) retomou as suas Palestras públicas mensais, que como habitualmente têm lugar no Edifício Central, pelas 21h30 da última sexta-feira de cada mês, estando já marcadas as seguintes:

    • 26 de Janeiro de 2007
      “Origem e Evolução da Vida: uma abordagem simbiogénica”,
      Prof. Francisco Carrapiço.
      Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, Departamento de Biologia Vegetal, Centro de Biologia Ambiental

O estudo da origem da vida tem sido sobretudo baseado em princípios Darwinistas clássicos, fundamentalmente desenvolvidos por Aleksandr Oparin e John Haldane nas duas primeiras décadas do século XX, constituindo os principais modelos teóricos que os investigadores presentemente podem usar para enquadrar esta temática. As ideias destes investigadores constituem, igualmente, os principais princípios da hipótese heterotrófica da origem da vida, tendo sido reforçadas pelos resultados positivos da experiência Miller-Urey de 1953. Estas duas teorias foram construídas no princípio de que a evolução era um processo estritamente competitivo, sem qualquer envolvimento cooperativo ou sinergístico. Enquanto Oparin deu prioridade evolutiva ao metabolismo, Haldane deu-o à replicação, e a escolha entre estas duas alternativas ainda hoje divide o campo das teorias sobre a origem da vida. Apesar desta perspectiva ser a dominante no espectro científico actual, houve uma abordagem simbiogénica deste problema apresentada pelo físico norte-americano de origem inglesa, Freeman Dyson, que em 1983 formulou uma hipótese para a origem da vida usando conceitos simbiogénicos, baseada nos princípios introduzidos em 1909, pelo o biólogo russo Constantin Merezhkowsky e ulteriormente desenvolvidos pela bióloga norte-americana Lynn Margulis.

É sobretudo a partir de 1859, ano em que foi publicado o livro de Charles Darwin “Origem das Espécies”, que a evolução é considerada como o conceito fundamental e organizador da biologia moderna, bem como o seu pilar estrutural. Sem negar muitos dos princípios Darwinistas, o pior que podemos fazer no estudo do processo evolutivo é confundirmos ou restringirmos evolução à perspectiva Darwinista ou Neodarwinista. Estas perspectivas foram maioritariamente usadas para explicar a evolução biológica, contribuindo para a crença generalizada segundo a qual a evolução só podia ser explicada por estas duas teorias científicas. Isto originou a ideia errada de que o Darwinismo ou o Neodarwinismo têm o mesmo significado que evolução biológica. Outras abordagens evolucionistas existem e é necessário que as mesmas sejam aprofundadas e debatidas no domínio das ciências biológicas. Encontra-se neste âmbito um conjunto de princípios e dados que podem ser integrados numa Teoria Simbiogénica da Evolução. Esta teoria deve incluir princípios Darwinistas, mas não se deve restringir apenas a estes para promover a explicação do desenvolvimento, organização e evolução do mundo biológico num sentido simbiogénico. Esta abordagem pode também ser utilizada para compreender a formação e evolução da vida em outros locais para além do nosso planeta.

 

  • 23 de Fevereiro de 2007
    “Origem da vida: A Perspectiva geológica”,
    Prof. Mário Cachão.
    Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, Departamento de Geologia

 

Os modelos que são concebidos para explicar a origem da vida envolvem uma cadeia de hipóteses e dependem, por sua vez, dos pressupostos invocados noutros modelos: i) astronómicos (origem do Sistema Solar e da Terra); ii) geológicos (origem da atmosfera e geoquímica do carbono) e iii) biológicos (evolução dos mecanismos de reprodução e nutrição). Prevalece hoje a ideia de que tanto o Sistema Solar como a Terra ter-se-ão formado por contracção gravítica de uma fria nuvem de poeiras e gases interstelares. O estudo da composição e natureza da atmosfera e hidrosfera terrestres actuais revela que elas não derivam directamente deste fenómeno inicial.

Resumo completo da palestra em formato PDF

 

  • 30 de Março de 2007
    “Alterações Climáticas Naturais e Antropogénicas”,
    Prof. Filipe Duarte Santos.
    Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Física

 

Componentes do sistema climático. Causas da variabilidade climática. Causas das eras glaciares e dos períodos glaciares e interglaciares. Variabilidade solar. Evolução do Sol e consequências para a vida na Terra. Balanço radiativo na atmosfera terrestre. Efeito de estufa e intensificação antropogénica do efeito de estufa. Perturbação do ciclo do carbono. Alterações climáticas antropogénicas. Cenários climáticos futuros para Portugal.

 

  • 27 de Abril de 2007
    “Recordando Carl Sagan e série Cosmos”

 

Esta sessão terá um formato um pouco diferente do habitual. A vida e a obra de Carl Sagan servirão como ponto de partida para um debate, orientado pelo Prof. Paulo Crawford e com a participação do Dr. Guilherme Valente, editor da Gradiva e do Prof. Rui Agostinho, director do OAL, sobre a divulgação científica em Portugal.

 

  • 25 de Maio de 2007
    “Cosmologia Newtoniana”,
    Prof. José Félix Costa.
    IST / CMAF / CFCUL

 

Com o progresso rápido dos instrumentos da análise matemática, tornou-se possível, no tempo de Euler, construir uma mecânica newtoniana do meio contínuo, a «tal formalização» que faltara [a Descartes e] a Leibniz para descrever o seu fluido-universo.

Adicionando um meta-axioma à Teoria de Newton, Milne e McCrea, entre outros, em meados do século XX, reatauraram o sonho de Leibniz ao construir uma cosmologia newtoniana, recorrendo aos mesmos princípios e simetrias que estão na base da cosmologia relativista.

Construídas em bases epistemológicas distintas, as cosmologias newtoniana e relativista conduzem a resultados «idênticos» para a estrutura em larga escala do universo.

Uma enorme vantagem da cosmologia newtoniana é permitir a discussão de uma cosmologia moderna numa base matemática acessível! Pretende-se mostrar este facto.

Nesta palestra, referiremos (a) a lei de Hubble como consequência lógica da cosmologia newtoniana, (b) como as soluções de Friedmann são exactamente as soluções da dinâmica do universo newtoniano, (c) que existe um valor crítico de densidade de matéria que permite decidir entre os tipos de universo. Por fim, discutiremos por que razão os dois formalismos (tão díspares como os de um universo parmenidiano e de um universo newtoniano) – Einstein versus Newton – podem conduzir a resultados observacionais semelhantes do Universo.

 

  • 29 de Junho de 2007
    “Cosmologia Relativista”,
    Prof. Paulo Crawford.
    DF-FCUL / CAAUL

 

A gravitação é a interacção fundamental na descrição do Universo. Só as forças gravíticas e electromagnéticas têm um longo alcance e podem actuar a grandes distâncias. Como a matéria cósmica é electricamente neutra em média, a força electromagnética não parece desempenhar nenhum papel relevante a uma larga escala, pelo que ficamos reduzidos à gravidade como a única força motora capaz de descrever a evolução do Universo.

As leis da gravidade foram descritas por Albert Einstein em 1915, na sua Teoria da Relatividade Geral. Esta teoria contém a teoria da gravitação de Newton como um caso especial para os campos fracos e a pequenas escalas. Dados os sucessos da gravidade de Newton na descrição das órbitas dos planetas é tentador averiguar a sua capacidade para construir um modelo cosmológico. A cosmologia newtoniana é efectivamente capaz de descrever correctamente muitos aspectos da cosmologia relativista. Recentemente tivemos uma palestra do Prof. José Félix Costa que explorou esses aspectos.

Nesta palestra vamos chamar a atenção para aqueles aspectos da cosmologia relativista que não podem ser devidamente interpretados, e mesmo compreendidos, sem o recurso à teoria da relatividade. Por outro lado, a Relatividade Geral (RG) modifica o modelo newtoniano em vários aspectos entre os quais saliento os seguintes:

 

  • Sabemos da teoria da Relatividade Restrita que a massa e a energia são equivalentes, de acordo com a relação de Einstein: E=mc2. Como consequência, não é só a densidade de matéria que contribui para as equações de movimento. Por exemplo, o campo de radiação cósmica de fundo tem uma densidade de energia que também entra nas equações da expansão do Universo. Este campo de radiação pode ser caracterizado como um fluido com pressão. E a pressão entra explicitamente nas equações descrevem a expansão.
  • A explicação da expansão no quadro da RG é completamente diferente: A expansão do universo é a expansão do espaço, sem que isso implique um movimento real dos aglomerados de galáxias. É um simples aumento de escala, que acarreta uma recessão das galáxias. Isto significa que as galáxias conservam as suas coordenadas fixas durante a expansão (diz-se que são co-móveis), embora a distância entre elas esteja a crescer.

Estes serão os aspectos os aspectos que procurarei clarificar nesta palestra a par de outros como: haverá velocidades de recessão superiores à velocidade da luz? Será possível observar uma galáxia que se afasta de nós a uma velocidade superior à da luz? Como medir as dimensões do Universo e avaliar a sua idade?

 

  • 28 de Setembro de 2007
    “Coincidências Cósmicas”,
    Prof. João Lin Yun.
    DF-FCUL / CAAUL

 

A Vida existe no Universo! Uma afirmação de algo que parece evidente e trivial. Mas que não é! Na realidade, as leis da Física do Universo em que vivemos permitem à justa a existência de Vida. Os valores das constantes físicas que determinam as forças de interacção entre os corpos parecem ter sido ajustados com enorme precisão para que a vida seja possível. Só a combinação certa dos valores das massas do electrão e do protão, da intensidade da gravidade, das forças nucleares e do electromagnetismo permite que existam estrelas, planetas, vida e pessoas! Terá sido por coincidência que as constantes físicas tomam esses valores? Teria “Deus” podido escolher outros valores e um outro Universo? Serão apresentados vários exemplos de “coincidências” cósmicas que permitem que a vida se tenha podido desenvolver no Universo, bem como a interpretação dos cientistas e as consequências (científicas e filosóficas) para a nossa visão do Universo.

 

  • 26 de Outubro de 2007
    “As estrelas na Arte”,
    Prof. Nuno Crato.
    ISEG, UTL e SPM

 

Muitas pinturas famosas representam o céu e diversos objectos celestes. Umas são mais fiéis à realidade, outras menos. Ao longo dos séculos, as atitudes dos pintores foram mudando; o Sol, a Lua e as estrelas foram sendo pintados de formas diferentes, mas encontram-se pinturas realistas, mesmo entre pintores como Van Gogh e em pinturas habitualmente consideradas puramente inventadas. Por vezes, a fidelidade ao céu é tão grande que se consegue reconhecer a data e o local da pintura. Vale a pena saber astronomia para interpretar algumas obras de arte. Vamos fazê-lo!

 

  • 23 de Novembro de 2007
    “A Investigação em Astronomia e Astrofísica no OAL”,
    Prof. João Lin Yun e Doutor José Afonso.
    CAAUL

 

Palestra sobre a Investigação em Astronomia e Astrofísica realizada no Observatório Astronómico de Lisboa. Esta sessão será apresentada pelo Prof. Doutor Paulo Crawford, coordenador do Centro, e terá a participação do Prof. Doutor João Lin Yun que falará da investigação sobre “A Origem das Estrelas e Planetas” e do Doutor José Afonso, que falará da pesquisa no âmbito das “Galáxias e Evolução do Universo”.

A entrada na Tapada da Ajuda faz-se pelo portão da Calçada da Tapada, em frente ao Instituto Superior de Agronomia.

No final de cada palestra, e caso o estado do tempo o permita, fazem-se observações dos corpos celestes com telescópio.

Para mais informações use o telefone 213616730, ou consulte esta página em http://www.oal.ul.pt/palestras.

 

 

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