LIMITE DE MASSA PARA "OS PESOS PESADOS"
Os astrónomos deram um passo importante na tarefa de estabelecer um limite
superior para a massa de uma estrela. Com o auxílio do Telescópio Espacial
Hubble (NASA), os astrónomos realizaram a primeira medição directa no interior
da Via Láctea, concluindo que as estrelas não podem possuir mais de 150 vezes a
massa do Sol.
Os astrónomos utilizaram o Hubble afim de prescrutar o enxame estelar
"Arches", o mais denso da nossa galáxia. Esta descoberta coloca os
astrónomos mais perto da posição de compreenderem o complexo processo de
formação estelar, e fornece também o apoio mais forte, alguma vez obtido, para a
noção de que as estrelas possuem um limite de massa.
Para ver uma recriação artística, baseada em observações na banda dos
infravermelhos, de como o enxame estelar Arches pareceria aos olhos de um
observador localizado no centro da Via Láctea consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/limmassa.jpg
Este enxame incrível contém uma colecção rica, constituída por algumas das
estrelas de maior massa da galáxia, aparentando no entanto não possuir estrelas
de massa superior a 150 massas solares.
As teorias prevêm que quanto maior for a massa de um enxame de estrelas, maior
serão as massas das estrelas no interior deste. Ao observar-se o enxame Arches
descobriu-se um nítido limite de massa que uma estrela pode atingir na sua
formação.
A massa de uma estrela varia entre menos de 0,1 até 100 vezes a massa do Sol.
Embora os astrónomos saibam que existem estrelas de variadas massas, não sabem
se estas possuem um limite de massa à nascença. Sabendo o quão massiva uma
estrela pode tornar-se poderá fornecer pistas importantes para a questão de como
o universo as forma.
Uma das incertezas dos astrónomos tem sido acerca do quanto uma estrela pode
crescer antes de não conseguir manter-se coesa e explodir. Não sabendo o
suficiente acerca dos detalhes do processo de formação estelar, os astrónomos
não podem estimar o limite superior de massa de uma estrela.
Consequentemente, teorias previram que as estrelas podem ser entre 100 a 1000
vezes mais massivas que o Sol.
Para ver uma ilustração elucidativa das diferentes massas das estrelas consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/limmassa2.jpg
Na figura podemos observar:
-Uma estrela anã vermelha com 0,08 massas solares;
-Uma estrela amarela, semelhante ao Sol, com 1 massa solar;
-Uma estrela muito velha que evolui apartir de estrelas com menos de 5 massas
solares - Gigante Vermelha;
-Uma estrela azulada supergigante com 150 massas solares.
Esta nova descoberta é consistente com estudos estatísticos efectuados a enxames
estelares de menor massa, na nossa galáxia, e com observações realizadas a um
enxame estelar massivo designado por R136 e localizado no nosso vizinho
galáctico, a Grande Nuvem de Magalhães.
Com o auxílio da Câmara de Infravermelhos Próximos e do Espectómetro de
Multi-Objectos (Hubble), foi possível estudar centenas de estrelas com massas
compreendidas entre as 6 e 130 massas solares. Embora não tenha sido encontrada
nenhuma estrela com massa superior a 130 massas solares, cautelosamente foi
estabelecido o limite superior de massa como sendo 150 massas solares.
Localizado no centro da Via Láctea - um local propício à formação de estrelas
de grande massa -, a 25 mil anos luz de distância, o enxame Arches é jovem, com
cerca de 2 a 2,5 milhões de anos. Na região central da nossa galáxia, enormes
nuvens de gás colidem para formarem estrelas gigantescas.
A câmara de infravermelhos do Hubble é capaz de ver o interior do núcleo
poeirento da nossa galáxia e é por isso a indicada para analizar o enxame
estelar. As imagens nítidas produzidas, permitiram ao telescópio "resolver"
estrelas individuais num enxame em que as estrelas estão todas muito próximas
umas das outras.
As massas das estrelas no enxame foram estimadas através da medição da idade
deste e do brilho das estrelas individuais. Modelos detalhados foram produzidos
de forma a confirmarem as massas, abundâncias químicas e idades das estrelas do
enxame Arches. Teorias padrão previam a existência de 20 a 30 estrelas com
massas entre as 130 e as 1000 massas solares, mas não foram encontradas nenhumas
destas. Se se tivessem formado, teriam sido vistas.
O responsável por esta descoberta alertou para o facto de o limite superior não
excluir a existência de estrelas maiores que 150 massas solares. O próximo passo
será localizar mais enxames para o limite de massa ser testado. Vários
telescópios, incluindo o Telescópio Espacial Spitzer, têm vindo a procurar novos
enxames estelares na Via Láctea.