Temos a tendência para pensar na estrela Polar (ou Polaris) como um ponto de
luz solitário e fixo que guiava os marinheiros na antiguidade. Existe, porém,
muito mais que se diga àcerca da estrela Polar. Esta é na verdade um sistema
estelar triplo.
Enquanto que um dos companheiros desta estrela pode ser facilmente observado
com o auxílio de pequenos telescópios, o outro encontra-se tão próximo dela
que nunca foi possível ser observado até agora.
Devido ao facto de a estrela observada se encontrar muito próxima da estrela
Polar, foi necessário puxar ao limite as capacidades de resolução do
telescópio espacial Hubble. Assim sendo, uma equipa de astrónomos obteve pela
primeira vez uma imagem da companheira "invisível" da Polaris.
Chegou-se à conclusão que esta estrela vizinha encontra-se a menos de dois
décimos de segundo-de-arco da estrela Polar. Embora este ângulo seja
incrivelmente pequeno, equivalente ao diâmetro aparente de uma moeda de um
euro localizada a 28 km de distância, como o sistema estelar encontra-se à
distância de 430 anos-luz, a distância entre ambas as estrelas é de 3 mil
milhões de quilómetros.
Para ver uma imagem que mostra pela primeira vez a estrela companheira da
Polaris, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/polaris1.jpg
Podemos observar na imagem da esquerda, a constelação da Ursa Maior e Menor
assim como a localização da estrela Polar. Podemos ver na imagem do canto
superior direito, a estrela Polaris (Polaris A) e a sua companheira facilmente
observável (Polaris B). Em baixo, temos a imagem da Polaris juntamente com a
primeira imagem da sua "pequena" companheira (Polaris Ab).
A Polaris é uma estrela supergigante com um brilho duas mil vezes maior que o
do Sol, enquanto que a sua companheira é uma estrela com um brilho nao muito
diferente do do Sol. Esta diferença de brilho entre as duas estrelas tornou a
tarefa de observação ainda mais difícil.
Para ver uma ilustração artística do sistema triplo da Polaris, consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/polaris2.jpg
A equipa espera aprender algo acerca das órbitas destas estrelas assim como
das suas massas, observando o movimento da estrela companheira.
Medir a massa de uma estrela é a uma das tarefas mais difíceis com que um
astrónomo se pode deparar.
Os astrónomos querem determinar com precisão a massa da estrela Polar, visto
que esta é a estrela Cefeida variável mais próxima da Terra. As variações de
brilho das Cefeidas são utilizadas para medir as distâncias das galáxias e a
taxa de expansão do universo, logo é essencial compreender a sua evolução e os
processos físicos que as envolvem. O conhecimento da massa destas estrelas é o
ingrediente mais importante nesta compreensão.
O estudo de estrelas binárias é o melhor método disponível para se medir a
massa de uma estrela.
Com os melhores instrumentos em astronomia, tal como o Hubble, os cientistas
podem vasculhar mais profundamente no espaço e estudar mais sistemas destes e
em maior detalhe.
A equipa tenciona continuar a observar o sistema da Polaris por vários anos.
Durante este tempo, o movimento da pequena companheira em torno da Polaris
poderá ser detectado, visto que a companheira da estrela Polar orbita-a num
período de 30 anos.