PLUTÃO, O PLANETA ANÃO
Numa noite de boa visibilidade e num local longe de poluição luminosa, é
possível observar sem o auxílio de qualquer instrumento, míriades de objectos
celestes. Não há dúvida que os objectos que mais sobressaem são as estrelas.
No entanto, existem outros objectos que aparentam mover-se no céu em relação ao
"pano de fundo" de estrelas. Na antiguidade as pessoas observaram o "movimento"
destes corpos e acabaram por atribuir a estes objectos a designação de Planetas,
expressão proveniente da palavra grega "errantes". Na altura, este conceito de
planeta foi baseado nas poucas informações que se obtinham destes objectos,
observados a olho nú.
Com o desenvolvimento da Ciência, foram sendo descobertos cada vez mais objectos
celestes e a compreensão dos mesmos foi, e continua a ser melhorada, o que
consequentemente, põe em causa alguns conceitos centenários.
A descoberta de novos objectos, nas regiões exteriores do Sistema Solar, com
dimensões comparáveis e mesmo superiores às de Plutão, vieram colocar em causa o
significado da palavra que tantas vezes usamos no quotidiano - planeta.
Na 26ª Assembleia Geral da União Internacional de Astronomia, realizada em
Praga, na qual participaram mais de 2500 astrónomos, foi votada uma resolução
que visou a criação de uma definição científica de planeta. Tendo esta
resolução sido aprovada, a palavra planeta passou a ter um novo significado.
Todos os corpos no nosso Sistema Solar, com a excepção dos satélites naturais,
foram integrados em três categorias: Planeta, Planeta Anão e Pequenos Corpos do
Sistema Solar. Para se enquadrarem em qualquer uma destas três categorias, os
corpos celestes têm de obedecer aos seguintes requisitos:
1- Um Planeta é um objecto celeste que:
a)- se encontra em órbita em torno do Sol;
b)- possui massa suficiente para se manter em equilíbrio
hidrostático (possuindo assim uma forma aproximadamente esférica);
c)- tenha a vizinhança da sua órbita "livre" de outros objectos.
2- Um Planeta Anão é um objecto celeste que:
a)- se encontra em órbita em torno do Sol;
b)- possui massa suficiente para se manter em equilíbrio;
hidrostático (possuindo assim uma forma aproximadamente esférica);
c)- não tenha a vizinhança da sua órbita "livre" de outros objectos;
d)- não seja um satélite.
3- Todos os outros objectos que não se enquadram nas categorias acima
descritas, serão designados colectivamente como "Pequenos Corpos do Sistema
Solar".
As definições acima referidas são feitas no contexto do Sistema Solar. Para
generalizar as definições de Planeta e de Planeta Anão, basta acrescentar que
estes dois tipos de objectos orbitam uma estrela (no caso do Sistema Solar, o
Sol) sem que eles próprios sejam estrelas. É que existem no Universo muitos
sistemas binários, em que duas estrelas se orbitam mutuamente e obviamente nem
uma nem outra é um planeta.
Com esta resolução, Plutão passou de planeta para planeta anão, e como
tal o nosso Sistema Solar passou a ter apenas 8 planetas. A despromoção de
Plutão deve-se ao facto de este corpo não obedecer a um dos requisitos da
nova definição de planeta - a sua órbita reside numa zona, conhecida como
Cintura de Kuiper, onde estão localizados muitos outros objectos. Assim, a
vizinhança da sua órbita não se encontra "livre".
Plutão não se encontra sozinho na categoria de planeta anão. Um corpo descoberto
em 2003 em órbita do Sol na Cintura de Kuiper, com o nome provisório "2003 UB
313", também está inserido nesta categoria. Ceres, o maior asteróide da Cintura
de Asteróides também passou a ser qualificado como planeta anão.
Corpos como os cometas e a maioria dos asteróides e objectos Trans-Neptunianos,
passaram a ser classificados como "Pequenos Corpos do Sistema Solar".
Para ver uma ilustração dos planetas e planetas anões do Sistema Solar,
consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/planetas/pluto.jpg