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Depois do sucesso que foi o estudo do cometa de Halley em 1985/6 com sondas espaciais, a NASA lançou em Fev/1999 uma missão robótica para recolher material cometário: a Stardust. O cometa foi o Wild 2 (o nome Suíço pronuncia-se “Vilt”) e o encontro em Jan/2004 permanece como a 1ª e única missão para lá da órbita lunar a trazer material extraterrestre de volta à Terra.

sonda Stardust foi navegada no ambiente gasoso e poeirento da cabeleira passando a 240 km do núcleo, onde embateu contra partículas de poeira de diversos tamanho e outras ricas em carbono, capturando-as numa estrutura preenchida com aerogel que as armazenou de modo a preservar a composição atómica, isotópica, química e morfologia das partículas menores.

A sonda girava em si própria para manter a trajectória estável e protegia-se atrás dos escudos para o embate a altíssima velocidade das pequenas rochas e grãos de poeira, curiosamente uma ideia lançada por Fred Whipple em 1950. A cápsula que continha as matrizes com aerogel foi redirecionada pra Terra e aterrou na Base da Força Aérea de Utah (USA) a 15/Jan/2006.

Mas a revolução esteve na análise das partículas colectadas pois são fósseis do sistema solar primordial e da formação planetária. Uma parte contém material orgânico PAH – hidrocarbonetos aromáticos policíclicos – mais primitivo do que o dos meteoritos, indicando uma formação em nebulosas interestelares, ou na nebulosa protoplanetária inicial. Alguns dos PAHs contêm variantes abundantes em oxigénio e azoto de importância na astrobiologia e bioquímica terrestre, e outros compostos orgânicos apresentam álcoois que os tornam muito voláteis.

Também foi observada uma boa variedade de materiais e estruturas na composição dos grãos: da aglomeração fraca nos pequenos até algumas partículas maiores com materiais que requerem formação tanto a baixa como a alta temperatura. Tal são os cristais de olivina, piroxenas muito ou pouco ricas em cálcio e sulfidos de ferro e níquel. Isto indica que a formação do cometa incluiu material ejectado pelo sistema solar interior, a altas temperaturas, para as zonas exteriores e frias na nebulosa protoplanetária, onde os voláteis se condensam e são abundantes. Os jactos bipolares do protosol podem ser esse mecanismo. Estes resultados alteraram o paradigma da formação cometária.