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 Fig. 1 – Horizonte a Sul visível às 05:30 horas do dia 26/03/2015 em Lisboa mostrando a localização da Nova Sagittarii 2015 No. 2: na zona do círculo amarelo a 22º de altura ao horizonte.

No dia 15 de março o astrónomo amador John Seach de Chatsworth Island, Austrália,  anunciou a descoberta de uma estrela Nova. Recebeu a designação oficial de Nova Sagittarii 2015 No. 2 e pode ver-se na zona do “bule” da constelação de Sagitário, no local onde se encontrava uma estrela de magnitude V=15. Atualmente tem magnitude V= 4,4 mas o seu brilho está a aumentar. Por isso, é possível observá-la a olho nu no céu escuro fora das cidades, a partir das 03h30min quando nasce a Sudeste. Mas quanto mais a sul melhor e a partir das 5h30min está mais alta. Acorde cedo!

A Nova Sagittarii 2015 No. 2 é a nova mais brilhante na constelação do Sagitário desde pelo menos 1898. É também a nova mais brilhante em todo o céu visível de latitudes médias no hemisfério Norte desde agosto de 2013, quando a última nova visível a olho nu, V339 Del (Nova Delphini), atingiu um pico de V= 4,3.

O fenómeno conhecido como nova ocorre em sistemas binários constituídos por uma estrela normal e uma anã branca, muito próximas. Nestes sistemas binários, o gás transferido pela estrela acumula-se na superfície da anã branca e, quando atinge uma densidade suficientemente elevada, despoleta a fusão nuclear do hidrogénio repentinamente, ao longo de toda a superfície da anã branca. Esta explosão provoca um aumento brusco de luminosidade e da magnitude visual, o que pode tornar visível esta estrela. Surge assim, aparentemente, uma nova estrela no céu, que é a origem histórica do nome deste fenómeno.

Como a camada de gás em fusão tem uma massa de apenas cerca de 1/10000 massas solares  o fenómeno tem uma duração limitada. Em novae (plural latino de nova) rápidas o brilho volta aos valores iniciais em alguns meses, enquanto que novae lentas só se estabilizam passados alguns anos. O processo de acreção de gás recomeça e uma nova explosão terá lugar com uma periodicidade que depende da massa da anã branca. Estima-se que ocorram cerca de 40 novae por ano na Via Láctea, das quais apenas ≈10 são observadas da Terra.

Voltando à nova Sagittarii 2015 No. 2, é conhecido que na altura da explosão ejetou material à velocidade de 2,800 km/s, mas tem vindo gradualmente a perder velocidade. A energia da explosão é absorvida por esse material e reemitida na risca Hα, o que torna interessante a sua observação com este filtro vermelho. A nova apresenta atualmente uma cor amarelada que com o tempo se tornará mais avermelhada devido ao aumento progressivo de absorção pelo material circundante que se vai condensando em poeira.

Este fenómeno é distinto do que acontece nas supernovae, no qual a estrela explode completamente (deixa um buraco negro ou uma estrela de neutrões) e para sempre, com libertação de quantidades muito maiores de energia.