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3 de Outubro de 2005
Portugal na rota de um Eclipse solar anular
No próximo dia 3 de Outubro, Portugal estará na rota de um eclipse do Sol anular, cuja linha central passará pelas regiões do Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, avançando depois para Espanha e África. Os observadores que, na manhã desse dia, se encontrarem num local abrangido por uma faixa com largura máxima de 138 quilómetros, representada na figura 2, poderão, se usufruírem de céu limpo ou pouco nublado, testemunhar a passagem da Lua em frente ao Sol, que, no entanto, não chegará a ocultá-lo completamente. No máximo do eclipse, ver-se-á um anel luminoso a rodear o disco negro da Lua (fig. 1) - e daí a designação de "eclipse anular". Os observadores espalhados pelo resto do território de Portugal poderão testemunhar um eclipse parcial.
A Lua demora 27.3 dias a percorrer a sua órbita em torno da Terra, pelo que seria de esperar a ocorrência mensal de um eclipse lunar e de um eclipse solar, separados por um intervalo de 13.6 dias. No entanto, como os planos orbitais da Terra e da Lua fazem entre si um ângulo de 5º, só em certas circunstâncias se concretiza o alinhamento dos três corpos, o que faz com que, em vez de 24 eclipses por ano, ocorram apenas, no mínimo, dois solares, e no máximo um conjunto de sete (incluindo solares e lunares). Os eclipses totais do Sol dão-se devido à proximidade das dimensões angulares que a Lua e o Sol apresentam aos observadores na Terra, e que são da ordem de 30 minutos de arco (meio grau). É isso que permite que a Lua oculte totalmente o Sol. No entanto, como a órbita da Lua é elíptica, pode acontecer que um alinhamento dos três corpos se dê numa ocasião em que o astro se encontre no ponto mais afastado da sua órbita (apogeu) ou nas suas proximidades. Nesse caso, sendo o tamanho angular da Lua ligeiramente menor, não chega a ocultar totalmente o Sol, e dá-se então um eclipse anular, como o que terá lugar no dia 3 de Outubro. O último eclipse anular testemunhado em Portugal Continental deu-se em 1912; o próximo terá lugar em 2028. Perfila-se assim uma oportunidade a não perder. Resta escolher uma boa localização (tenha em atenção que no começo do eclipse o Sol ainda estará a altura baixa, pelo que deve ir para um sítio com horizonte desimpedido) e, como sempre, ter esperança de que as nuvens não comprometam o espectáculo. E, obviamente, não esquecer os procedimentos de segurança (v. caixa), para que a contemplação de um dos mais belos fenómenos astronómicos não se traduza em danos irreversíveis na visão.
Alfredina do Campo Pedro Raposo OAL |
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