Editorial
Usar a Ciência para tornar o país melhor
É CERTAMENTE com grande satisfação que os portugueses receberam o anúncio de que Portugal vai
reforçar de uma forma muito significativa o investimento público em Ciência. E que o investimento
privado irá ser incentivado a acompanhar este aumento. De facto, perante os desafios da globalização,
qualquer país europeu só terá hipótese de manter um bom nível de vida se apostar em oferecer algo
que países em vias de desenvolvimento ainda não conseguem oferecer. Tecnologia e inovação que são
produtos da ciência e da investigação, são os ingredientes que podem permitir o desenvolvimento
económico de Portugal. O outro ingrediente fundamental é obviamente a educação e a formação de
recursos humanos. Só assim é possível parar o declínio na literacia científica (a capacidade de pensar
cientificamente, de uma forma semelhante à dos cientistas), declínio que continua a colocar um enorme
desafio à nossa sociedade. Sem que uma fracção mínima da população seja cientificamente literata, é
muito difícil que qualquer país possa acompanhar a evolução dos tempos e manter-se competitivo.
Neste ponto, a Astronomia pode dar uma ajuda importante. O sentimento de fascínio e curiosidade produzido
pelo Universo à nossa volta, pode ser usado como instrumento poderoso na causa de melhorar os níveis
de literacia científica.
Hoje em dia, os privados começam a ter consciência da importância da formação, investigação e
inovação. É certo que o investimento nestes ingredientes é um investimento a médio ou longo prazo,
cujos dividendos só são recolhidos ao fim de alguns anos. Mas para além de ser o investimento mais
certo e seguro, não existe alternativa para uma empresa se manter moderna e competitiva. Em Portugal,
felizmente as mentes empresariais começam a abrir-se a esta realidade dos tempos modernos. E quem,
no mundo empresarial tão competitivo dos dias de hoje, quererá ficar para trás, associado a um velho
mundo de modos de ver conservadores e de visão limitada? Investindo em cultura, sob todas as suas
formas, e em investigação e inovação, a empresa garante o seu futuro com modernidade e visão alargada.
Esta aposta dos poderes públicos na Ciência representa a primeira vez em que em período de
dificuldades económicas, em vez de cortar na ciência, educação e formação, se investe em força
nestas áreas. Fazer diferente do que se fazia no passado é talvez a única maneira de termos resultados
diferentes dos resultados do passado: acabar assim com o atraso de Portugal, um atraso que está
enraizado nas pessoas e nas suas mentalidades, formando cidadãos mais capazes de enfrentar os desafios
do mundo actual. Há que ser audaz, empreendedor e libertar-se de qualquer conservadorismo que
tolhe mentes e corpos e nos condena escravidão do passado.
O céu, o Universo e também a Astronomia que nos permite conhecê-los, são também elementos de
libertação. Libertação que começa nas almas e mentes de um povo e se reflecte no dinamismo e
desenvolvimento económico. Para os estudantes que gostam de Astronomia e desejam compreender o
Universo, a Astrofísica, no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, tem muito para lhes dar. A Física é a ciência mais universal e que oferece a visão mais
alargada do mundo natural. Planetas novos, estrelas bizarras, buracos negros, galáxias canibais,
as primeiras flutuações do Universo! É este o domínio da Astronomia e Astrofísica! Juntem-se a nós!
João Lin
Yun, Director do Boletim O
Observatório
|
Ficha Técnica
O Observatório é uma publicação do Observatório
Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone:
213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio.
Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun, João Retrê. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Tecla 3, Artes Gráficas, Av. Almirante Reis, 45A, 1150-010 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
|