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Go forward to O Céu do Mês de Dezembro
(para Lisboa; pequenas correcções a introduzir para outros locais do país)

EDITORIAL

O ensino da Astronomia na Escola Secundária tem progredido ao longo destes anos, no sentido em que são cada vez mais as escolas que a ensinam. Contudo, e como ficou bem patente no Segundo Encontro Nacional para o Ensino da Astronomia (realizado em Novembro, no Porto) este ensino assume essencialmente o carácter de realização de alguns instrumentos para observação dos céus, desde os simples até aos mais complexos telescópios, com as respectivas saídas de campo para observação dos astros. Deste modo, a Astronomia transformou-se numa nova "disciplina" a ser ensinada dentro da Físico-Química, em vez de estar perfeitamente integrada dentro desta última. Isto tem gerado reacções que apontam para a falta de tempo para ensinar o programa completo da disciplina: "se não há tempo para ensinar a Física e a Química, quanto mais agora que temos de ensinar também Astronomia". E com este raciocínio, em muitas das escolas no próximo ano lectivo, a Astronomia será novamente relegada ao abandono.

Este problema tem a sua raíz no facto do ensino da Astronomia se ter revestido quase unicamente, de actividades de observação e descrição dos fenómenos diurnos na Esfera Celeste ou da observação de "objectos giros" ao telescópio !

Note-se que este tipo de ensino da Astronomia está em conflito com o próprio programa. Introduziu-se a Astronomia na Fisico-Química como veículo natural para abordar a interacçãogravítica, que vai desde órbitas, determinação de massas, forças até viagens espaciais (velocidade de escape, energia. etc.). Fala-se depois, de campo magnético (aqui os planetas têm um papel importante), e também de orientação pela bússula. Verão e Inverno como densidade de radiaçãoque nos chega do Sol, etc, etc, etc. Como se vê, o ensino da Astronomia foi introduzido para justificar de um modo natural a Física que as crianças têm de aprender no 8o ano, e assim chamar-lhes a atenção para a importância da Física como ferramenta para entender o Cosmos. Isto estimula o aluno a aprendê-la, além de aumentar o interesse, pois a Física deixa de ser teórica e desligada da realidade palpável (infelizmente, como o aluno típico a vê). Deste modo, o ensino da Astronomia como ASTROFÍSICA integrar-se-ia naturalmente no currículo da disciplina de Físico-Química, permitindo a utilização de exemplos de grande interesse para os alunos, e não se torna num fardo extra a carregar durante o ano lectivo.

Note-se que o problema descrito é endémico, pois os próprios professores têm preferido acções de formação e actividades lectivas que se limitam à descrição da Esfera Celeste, em vez de apostarem nas actividades de formação de componente astrofísica, a mais importante e necessária.

Em segundo lugar, deveríamos compreender que todos os fenómenos de observação da esfera celeste são bastante simples, e que as crianças do Ensino Básico até ao 5o ano, já demonstram aptidõesde compreensão para o fazer, mas mais importante ainda, possuem a sêde de conhecimento destes fenómenos. A sucessão do dia e da noite, as estações do ano, a altura do Sol, as constelações, estrelas e planetas, etc, etc, etc. Toda esta descrição da Esfera Celeste deveria de ser paulatinamente integrada nos primeiros anos do Ensino Básico, e deixar a componente mais estimulante para os anos seguintes, e perfeitamente integrado no ensino da Físico-Química.

RJA



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