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Astronómica (II)
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Missões Espaciais
Astronómicas
"Entra em Astreia o Sol, no mês de Agosto; Baco das uvas tira o doce mosto." Lusíadas, IV - 27
Um dos exemplos mais notáveis de uma constelação com múltiplas lendas, é sem dúvida a da Virgem do Zodíaco. Teria sido uma das primeiras a ter sido nomeada, sempre sob a forma de uma donzela. No mito do Boieiro representa a desditosa filha de Icário, Erígona .
Uma remota lenda faz da Virgem zodiacal a deusa da Justiça, Astreia, o que se adequa muito bem à sua posição ao lado da Balança. Hesíodo (séc VIII A.C.) proclama que ela é a filha dilecta de Zeus "a Justiça está sentada ao lado de Zeus". Segundo esse mito, na idade do ouro ela vivia entre os homens a quem dera as leis para governo das sociedades civilizadas. Mas, ofendida e triste com a degenerescência da humanidade, a deusa justa voou aos céus (a Virgem representa-se muitas vezes com asas), "a última das divindades a deixar a Terra" no dizer de Ovídio. No seu poema astronómico Phaenomena, Arato (séc. III A. C.), retoma este mito, mas para ele, Astreia é filha de Astreio, o mítico pai das estrelas, e de Aurora, a dos róseos dedos (a palavra Astreia significa a donzela das estrelas).
É ainda Ceres (a Deméter romana), deusa da agricultura, da fertilidade dos campos, das cearas, com um feixe de espigas de trigo na mão. Ceres tinha uma filha, a encantadora Cora (Perséfone ou Prosérpina). Quando esta, num dia primaveril, despreocupadamente colhia flores, vê abrir-se de repente uma fenda na terra e surgirem cavalos negros como carvão, atrelados a um carro conduzido por um cavaleiro de negro de face invisível. Era o deus das trevas, Hades (Plutão), que se apaixonara por ela e a raptara. O desgosto de Ceres foi terrível. Desesperada, percorreu a terra à procura da filha, esquecendo os seus deveres. As plantas não produziam flores nem frutos, toda a natureza secou. Zeus foi obrigado a intervir para salvar a humanidade. Mas Perséfone já não podia regressar inteiramente do reino dos mortos: comera alguns bagos de romã. Assim, o deus supremo ordenou que Perséfone ficasse no submundo 3 meses por ano, e o restante tempo com a mãe. O mito é claramente uma alegoria. O período passado com Hades, corresponde ao tempo em que as sementes estão debaixo da terra; quando à superfície, com Ceres, é o tempo da verde Primavera em que tudo floresce e mais tarde dá os seus frutos. A Virgem de Agosto tornou-se uma deusa que desceu à terra, presidindo à ceifa e sendo adorada sob vários nomes. Ainda até há bem pouco, subsistiam por toda a Europa, vestígios do antigo culto dessa deusa protectora das searas; no fim da ceifa, com os últimos feixes formava-se uma tosca boneca que vestiam e levavam para casa, ao som de música e danças. Esta lenda seguramente terá nascido quando o solstício de Verão, época da colheita dos cereais, caía nesta constelação, o que faz recuar isso para 6 a 5000 anos A.C., lá para os primórdios da agricultura.
É também a romana Fortuna ("a fortuna é cega") numa alusão às estrelas fracas que formam a cabeça da figura. É ainda Ruth, a moabita, restolhando nos campos de Boaz. Na época cristã será muitas vezes associada à Virgem Maria. Curiosamente, Weigel, no seu atlas, chama-lhe "As 7 Torres Portuguesas". Na Judeia, sempre associada à abundância de cereais, a Virgem é o signo da tribo de Aser, a quem Jacob profetizara "o seu pão será abundante". Foi ao comparar as observações da Espiga e de Régulo, feitas por Timocaris, com as suas, 150 anos depois, que Hiparco descobriu a precessão dos equinócios.
- No bordo da vizinha Coroa Boreal, observa-se uma nuvem de cerca de 3000 galáxias à distância de 45 milhões de anos-luz e à qual a gigante M87 pertence. Esta é visível como uma pequena mancha de magnitude = 9, sendo uma poderosa fonte-rádio, a Virgo A.
- alpha Vir, 13h 25m -11 Spica (a Espiga), mag=1, uma bela estrela branca azulada, a 280 anos-luz de nós.
- gamma Vir, 12h 42m