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Missões Espaciais Astronómicas

Um dos projectos mais ambiciosos para os anos 90, no domínio do estudo do Sol, é o Observatório Solar e Heliosférico ou SOHO. Foi lançado em Dezembro de 1995 e nasceu da cooperação entre a ESA e a NASA. Os objectivos desta sonda incluem a melhor caracterização das condições físicas no interior do Sol, uma maior compreensão dos mecanismos de aceleração do vento solar e a análise da interacção deste com a Terra. As imagens e os dados já obtidos com a SOHO possuem uma qualidade sem precedentes, fruto do avanço tecnológico patente nos 12 instrumentos qua a sonda possui. A SOHO realiza as suas observações a partir de uma órbita em torno do denominado "primeiro ponto de Lagrange" (L1), um ponto entre o Sol e a Terra onde as forças gravitacionais se equilibram. Tal posição permite, pela primeira vez, uma visão ininterrupta da actividade da nossa estrela, já que a maior parte das sondas anteriores eram colocadas em órbita terrestre, sendo as observações periodicamente interrompidas sempre que a Terra "eclipsava" o Sol.

Uma das capacidades da SOHO é a de obter imagens do Sol em diferentes gamas de comprimentos de onda, o que permite distinguir zonas com diferentes temperaturas e características. Por exemplo, quando observado na radiação proveniente de uma das transições do ferro ionizado, no ultravioleta, revelam-se no Sol zonas de gás extremamente quente (1.5 milhões de graus centígrados). Uma outra capacidade da SOHO consiste em bloquear a luz intensa do disco solar (tal como acontece num eclipse), o que permite a observação das zonas exteriores da atmosfera solar, bastante menos brilhantes. A imagem seguinte alía exactamente estas duas capacidades. Na parte mais exterior podemos observar a coroa solar em ultravioleta, sendo os detalhes devidos ao campo magnético solar. No interior temos uma imagem do disco solar, tirada com um outro instrumento, o que nos permite seguir toda a estrutura da coroa a partir da sua base. Esta possibilidade de combinar vários instrumentos num mesmo instante para originar uma imagem do Sol tem dado aos cientistas uma nova visão da nossa estrela.

As imagens da SOHO revelaram que o Sol é inesperadamente activo, mesmo perto do mínimo solar (quando a sonda iniciou as suas observações). Na imagem seguinte é possível identificar muitos detalhes da actividade solar, como erupções e buracos coronais.

Os movimentos do Sol podem também ser monitorizados pela SOHO. Através da obtenção de Dopplergramas (imagens que utilizam o efeito de Doppler para identificar os movimentos na superfície solar), os cientistas podem efectuar um estudo em tudo semelhante à sismologia - a heliosismologia - e, à semelhança do que sucede na Terra, é possivel a obtenção de informações sobre a estrutura interna do Sol (temperaturas, densidades e composição química, por exemplo).

A SOHO está a ajudar a obter uma visão muito mais completa do Sol. Porém, um dos projectos mais prometedores consiste no aproveitamento da sonda para realizar observações do Sol e do vento solar em simultâneo com outras sondas. Tal como referimos no último número, a Ulysses é uma das hipóteses, mas outras existem. A SOHO faz parte de um programa internacional que visa estudar a interacção do vento solar com a Terra e as suas consequências. Várias sondas estão já em órbita terrestre para cumprir este objectivo e a SOHO participará também neste projecto.

Imagens cortesia dos consórcios SOHO/UVC e SOHO/EIT. A SOHO é um projecto de cooperação internacional entre a ESA e a NASA.

JMA



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