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Go forward to O Céu do Mês de Fevereiro

EDITORIAL

Vida em Marte?

Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias, afirmou o paleo-biólogo americano William Schopf citando o astrónomo Carl Sagan. Schopf criticou a excitação geral criada quando, em Agosto de 1996, uma equipa de cientistas americanos anunciou os resultados duma investigação sobre o meteorito ALH84001 recolhido na Antárctida em 1984. Foram encontradas várias indicações no interior deste meteorito, grande como uma batata, que poderiam ser a consequência duma antiga presença de micro-organismos. A análise dos gases contidos no meteorito mostrou abundâncias iguais às encontradas pelas sondas Viking em 1976 na atmosfera marciana, convencendo os cientistas que este meteorito foi formado em Marte. Assim, levantou-se a hipótese de os eventuais traços de micro-organismos serem também formados neste planeta. Outra hipótese seria de que estes traços poderiam ser também consequência de processos não biológicos.

Há alguns dias atrás foi apresentado um outro ponto de vista. Dois grupos de investigadores americanos analizaram, pela primeira vez, a abundância dos isótopos de carbono 13 e 14 do meteorito propriamente dito (mineral) e dos seus traços orgânicos. Comparando a abundância de carbono 13 mineral com a da Terra, encontrou-se um enriquecimento importante no meteorito, confirmando que não foi formado na Terra. A abundância de carbono 13 de origem orgânica é, no entanto, exactamente igual à da matéria orgânica terrestre. Mais ainda, a datação com carbono 14 indica que a matéria orgânica é alguns milhares de anos mais recente que a queda do meteorito no gelo antárctico. Também os amino-ácidos encontrados em muito pequenas quantidades são iguais aos terrestres na zona do gelo antárctico onde se encontrava o meteorito. Conclusão: a matéria orgânica é muito provavelmente o resultado de contaminação terrestre durante os 13000 anos em que o meteorito esteve na Antárctida.

No entanto, as últimas palavras sobre ALH84001 ainda não foram pronunciadas, já que a investigação continua desvendando os mistérios contidos no interior deste objecto tão fascinante.



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