Desde meados de 1996 que a utilização do Cerro Tololo Interamerican Observatory (CTIO), por parte da Universidade de Yale com o seu telescópio de 1m ficou comprometida, pois o CTIO concentrou os esforços na construção e activação de grandes telescópios de nova geração a serem colocados no vizinho Cerro Pachon, nomeadamente com os projectos GEMINI (dois telescópios de 8 metros) e SOAR (um telescópio de 4 metros), deixando para segundo plano os pequenos telescópios e os privados. Política semelhante foi seguida por outros observatórios internacionais, entre os quais o ESO com o projecto do VLT (4 telescópios de 8,2 metros e telescópios auxiliares de 2 metros.
Sendo o telescópio de 1m de grande utilidade para a execução de projectos científicos do tipo de: levantamentos de larga escala no céu e/ou de longa duração por envolverem monitorização de eventos celestes (planetas, supernovas, estrelas variáveis e duplas), o Departamento de Astronomia da Universidade de Yale procurou instituições privadas que se quisessem associar e partilhar os custos de manutenção, desenvolvimento e funcionamento do referido telescópio.
Devido à colaboração científica que já existia entre membros do Grupo de Investigação em Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (GRAAL), que aliás já eram utilizadores frequentes desse telescópio, e o Departamento de Astronomia da Universidade de Yale, foi o GRAAL convidado para se associar à utilização e manutenção do referido aparelho.
Juntaram-se ainda a esta iniciativa o grupo do Doutor Darren DePoy, do Departamento de Astronomia da Universidade de Ohio State (EUA), que trabalha na busca de planetas por efeito de microlente gravitacional, e o próprio CTIO (AURA) que teve interesse em ficar com uma pequena percentagem do tempo de observação, devido às características excelentes de imagem que este telescópio terá, tanto no domínio do visível como do infravermelho.
Para garantir a sua participação neste projecto, o GRAAL obteve financiamento da então Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), e da Fundação Calouste Gulbenkian (para cobrir metade da sua contribuição para o YALO no ano de 1997). Este projecto que ficou então com a designação de YALO, tem execução por um período de 4 anos que começou em Março de 1997 e terminará em Abril de 2001.
A cúpula da esquerda alberga o telescóopio de 1m da U. de Yale, no CTIO. Note-se a grande cúpula ao fundo que contém o telescópio de 4 metros (o maior no CTIO).
Foi assinado um acordo de colaboração entre as partes envolvidas especificando o tempo total de telescópio por ano para cada instituição (após subtraídos as 36,5 noites a que a Universidade do Chile tem direito por acordo prévio), além das obrigaçõesrespectivas, e que são:
A grande novidade para este telescópio será a ANDICAM (A Novel Double-Imaging CAMera) que está a ser construída pela Universidade de Ohio State, cujo Departamento da Astronomia tem longa tradição na construção de detectores e câmaras de infravermelho, por exemplo com as câmaras OSIRIS e MOSAIC.
Esta câmara tem a particularidade de ter um divisor de feixe (Dichroic Fold) associado a duas rodas de filtros e a dois detectores. Assim um feixe será no visível e a roda com 10 filtros estará equipada com os seguintes filtros: BVRI, uvby, -Narrow e -Wide. Como detector terá um CCD de 2048x2048 pixeis com um tempo de leitura de 20 segundos. O feixe para o Infra-Vermelho (IV) terá uma roda de filtros (IR filter wheel) com 7 filtros (+1 livre) nomeadamente: J, H, H2, K, K-short, K-band continuum e CO. O detector do IV (InSb ou HgCdTe) será de 1024x1024 pixeis com um tempo de leitura de 2,6 segundos. O excelente desenho óptico da câmara garante que a escala da imagem é de 0,3"/pixel tanto para o visível com para o IV. Esta escala garante ainda que 80% da imagem de difracção na banda V está num pixel, e na banda H a imagem está só limitada pela figura de difracção, integralmente contida num pixel.
Foram instalados extratores de ar que criam um fluxo laminar de ar dentro do telescópio, com a finalidade de reduzir a turbulência criada dentro do tubo e perto do espelho do telescópio. Em testes já efectuados verifica-se que o telescópio de 1m de Yale tem efectivamenbte excelentes capacidades ópticas e espera-se que em noites de boas condições atmosféricas possa dar imagens com uma resolução entre os 0,8-0,5", no visível. No IV chegará ao limite dos 0,3". O campo de visão será de cerca de 10' (minutos de arco) em todos os filtros IV e uBVRI (do visível), e de aproximadamente 6' para os outros filtros do visível.
Como desempenho típico espera-se que para uma noite em que a qualidade do céu seja de 1" (segundo de arco) e considerando uma eficiência óptica de 30% no conjunto telescópio-detector, numa exposição de 1 minuto se consiga fotometria ao nível de 1% para estrelas de magnitude R=18 mag e H=15.5 mag, ou mesmo cores do tipo V-H=3.4 mag (estrela M1 gigante).
RJA