Composição química da
atmosfera joviana
Vejamos mais em pormenor a composição química da atmosfera superior de Júpiter. A tabela indica alguns gases que foram observados e dos quais tem sido possível medir a quantidade. Os números são dados relativamente ao hidrogénio, pois este é tão abundante que se pode considerar constante. Depois de hidrogénio molecular (H) e hélio (He), é o metano (CH) que é a componente mais abundante, seguido por amoníaco (NH), água (HO) e - em quantidades muito menores - gases como a fosfina (PH).
Porque é interessante conhecer as quantidades relativas dos gases que constituem a atmosfera ? Uma das razões é que este conhecimento nos dá informação sobre o nascimento e evolução dos planetas gigantes. Existem dois modelos que tentam descrever este problema. No primeiro, o planeta gigante nasce pela contracção constante e homogénea dos gases da neblina solar primitiva, da qual também o Sol surge. Neste caso, espera-se uma composição química do planeta muito semelhante à composição química do Sol. No outro modelo, são primeiro objectos proto-planetares, grandes pedras com gelo de água, amoníaco, metano, etc., que chocam uns com outros e que se juntam formando assim um grande núcleo rochoso. Este começa a atrair o gás que se encontra à sua volta, o mesmo gás da neblina solar primitiva que no primeiro modelo. Pela atmosfera cada vez mais densa que assim se forma, o núcleo aquece, e o gelo que nele se encontra evapora. Estes gases misturam-se com a atmosfera já presente, resultando uma atmosfera enriquecida (relativamente ao Sol) em oxigénio (da água), nitrogénio (do amoníaco) e carbono (do metano).
Ao comparar as quantidades dos diferentes elementos que se encontram
na atmosfera solar e na atmosfera joviana, podemos distinguir
entre os dois cenários de formação planetária.
Neste momento, as medições parecem cada vez mais inclinar-se para o
segundo modelo, mas ainda não há certezas.
Como vimos, a espectroscopia pode ajudar a determinar as diferentes quantidades dos gases. No entanto, isto não é muito simples, pois é necessário tomar em conta muitos parâmetros que são pouco ou mal conhecidos. Um exemplo: podemos extrapolar uma medição espectroscópica duma parte do planeta para todo o planeta ? Comparemos com a Terra. Se obtivermos um espectro duma zona desértica, encontraremos muito menos água que numa zona tropical. Também só podemos observar até uma certa profundidade na atmosfera. Será que os resultados obtidos são também válidos na atmosfera muito profunda ? Temos que preocupar-nos com os movimentos na atmosfera, a dinâmica, que modifica a composição química de lugar para lugar. E a formação de nuvens ? Todos estas incertezas fazem com que a interpretação de dados espectroscópicos seja muito difícil, mas ao mesmo tempo, muito interessante.
Tabela: Composição da Atmosfera Joviana
Para quem tiver ligação à rede, pode consultar a página do projecto Galileu e da Galileo Europa Mission
molécula quantidade variação medida por : relativa com a módulo (m) a H altitude espectro (s) H 1 m,s HD 0,00005 m,s He 0,156 m,s CH 0,0021 m,s CHD 0,0000003 m,s NH 0,0003 x m,s HO 0,00014 x m,s HS 0,000077 x m PH 0,0000005 x m,s CO 0,000000003 s GeH 0,0000000007 s AsH 0,0000000003 s
MR-S