Com o século XVIII, já terminadas as dificuldades impostas pelas guerras de independência e principalmente depois da subida ao trono de D. João V, a situação sofre uma transformação radical, mantendo-se no entanto a predominância jesuitica. Já não são apenas os trabalhos para uso didáctico que merecem a atenção dos estudiosos, mas sim a realização de observações práticas, para o que contribui o facto da instituição e apetrechamento de numerosos observatórios. Acresça-se a este facto, o interesse pela astronomia mostrado pelos chineses, que conduz ao envio de equipamento e pessoal para o recém criado observatório de Pekin, onde se efectuarão importantes observações, e o problema da delimitação de fronteiras entre as colónias portuguesas e espanholas da América do Sul. Esta última questão, que se vai arrastar até ao reinado de D. José, dá origem a numerosas observações.
A expulsão dos jesuitas vai ocasionar um certo declínio, contrabalançado em parte pela fundação do Real Observatório de Coimbra, da Academia real das Ciências. As invasões francesas, a fuga da familia real para o Brasil, com as consequentes depreciações de equipamentos, factos seguidos pelas lutas liberais e pela total confusão politica do país, ocasionam o quase total desaparecimento das actividades de investigação em astronomia, que só vão renascer na segunda metade do século XIX, depois duma certa actividade em Coimbra, com a fundação do Real Observatório. Apresentado o projecto de lei para a sua construção em Janeiro de 1857, a primeira observação será efectuada em Junho de 1867, mantendo-se em actividade regular até aos dias de hoje. Intimamente ligado durante os seus primeiros anos de existência ao observatório russo de Polkova, o seu prestígio foi internacionalmente reconhecido, sendo as observações nele efectuadas consideradas como das melhores da época.
Entrada do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda
A complementar a actividade de investigação, e para suprir as necessidades do ensino, vai surgir no ano de 1875, o Observatório da Escola Politécnica. Com a reconstrução do edifício deste observatório em 1898, podemos considerar encerrada a actividade astronómica no decurso do século XIX em Portugal, apesar de que na prática ela se irá processar por arrastamento ainda pelos primeiros anos do século XX.
Dr. Vasco Rivotti FCUL