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EDITORIAL

Para os astrónomos observadores, não há nada mais importante que ter um céu limpo de nuvens e todo vapor de água, e escuridão, muita escuridão. Por isso, desde que a revolução industrial trouxe a possibilidade de iluminar a noite as nossos terras, cidades, auto-estradas, pontes, etc., os astrónomos tiveram de fugir para longe dos grandes centros populacionais, de preferência para desertos e/ou montanhas altas, zonas de acesso difícil. A construção e manutenção destes observatórios implicou, e continua a implicar, muito dinheiro. Nalguns casos, para se libertar completamente de toda a poluição luminosa e atmosférica, opta-se pelo lançamento de satélites o Telescópio Espacial Hubble por exemplo.

Agora, também há pessoas que querem exactamente o contrário, i.e. ter mais luz durante a noite, sobretudo se se viver em zonas perto das regiões polares. O mês passado foi feita uma tentativa para experimentar pôr em funcionamento um espelho russo de 25 metros de diâmetro, chamado Znamya, para iluminar zonas da Russia durante tempos escuros. Falhou, mas tentar-se-á novamente de certeza. Quer instalar-se uma rede de espelhos para o efeito, o que preocupa bastante muitos astrónomos. Uma vez que estes espelhos em órbita podem ser vistos não só da Russia, mas também de outras zonas do mundo como uma luz mais brilhante que a Lua cheia durante alguns minutos. Já não basta os milhares de satélites de comunicação e militares, que deixam traços luminosos nas imagens obtidas em telescópios terrestres. Os espelhos podem passar a constituir uma verdadeira poluição luminosa celeste, para a qual a única solução é a de sair da superfícia da Terra com telescópios espaciais muito caros e complexos.

Por outro lado isto também levanta a questão a quem pertence o espaço; como gerí-lo de forma correcta, enfim, política, muita política. Claro que a ideia dos espelhos espaciais é excelente para os que vivem quase 6 meses sem luz do Sol (os problemas de depressão sendo muito importantes). Estas são questões delicadas que involvem interesses difíceis de comparar.

MRS



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