Na escola aprendi a trabalhar em unidades do sistema internacional: o metro, o Newton, o Joule, etc.. O meu professor de física insistia muito para que nós tivéssemos todo o cuidado com as unidades. Porém, na realidade fora da escola nem toda gente utiliza estas unidades. De facto, cada especialidade tem tendência a manter uma certa escolha de unidades, muitas vezes relacionada com os valores medidos ou com uma tradição. Assim, um espectroscopista falará de micrómetros (10 metros) quando medir um espectro no infravemelho, de Angströms (10 metros) quando se trata de raios-X ou de ultravioleta, e de cm quando se trata de calcular a energia de uma transição. Astrofísicos exprimem-se em cm quando calculam o tamanho de uma estrela, em ergs (10 Joule) para indicar a energia dum evento, em anos-luz (9.5 10 metros) e/ou parsec (3.26 anos-luz) para a distância até às estrelas longínquas. Utilizam ainda a unidade astronómica (1.5 10 metros) para distâncias dentro do sistema solar, e em sistemas extrasolares.
Na vida do dia a dia, existem também diferentes sistemas de medidas. O exemplo mais conhecido é a diferença entre o sistema decimal (utilizado por nós e pela maior parte dos países europeus) e o sistema inglês, com polegadas (2.5 centímetros), milhas (1.6 quilómetros), etc..
Como podem entender, às vezes a comunicação entre pessoas de diferentes áreas de especialidade torna-se complicada.
Por tudo isto, às vezes criam-se confusões e problemas a sério. Foi o caso do Mars Climate Orbiter, uma missão para o planeta Marte. Para entrar na órbita de Marte, a sonda teve de utilizar os foguetes de correcção. Teve de accioná-los durante um certo tempo e com uma certa intensidade para obter o resultado desejado. Mas, houve um problema de comunicação entre as pessoas que faziam estes cálculos, umas estavam a calcular em dyne (10 Newton) e outras em Newton... Resultado: números errados foram enviados à sonda, a manobra foi mal executada, a sonda caiu e ardeu na atmosfera de Marte !
Cuidado com as unidades !
MRS