Encontramo-nos agora no limiar do século XXI e, olhando para trás, verificamos que o século XX pode ser considerado o século de Ouro da Astronomia e Astrofísica. Na história da Humanidade, este período poderá vir a ser considerado pelos futuros historiadores da ciência como a era mais importante de descobertas astronómicas, que mudaram radicalmente a forma como vemos o Universo.
Se não vejamos: durante o século XX, a Astronomia sofreu uma revolução completa devido aos avanços da tecnologia e da Física. Os primeiros possibilitaram a rádio-astronomia, a astronomia de infravermelho, ultravioleta, raios-X e raios-gama; permitiram a construção de grandes telescópios, tanto no solo como em balões, em aviões, ou no espaço. No início deste século, a natureza das "nebulosas espirais" e da Via Láctea era ainda desconhecida. Não sabiamos, portanto, que existem no Universo estes grandes conjuntos de estrelas que designamos por galáxias. A expansão do Universo e a radiação de fundo não tinham sido descobertas, e objectos exóticos como quasares, pulsares e buracos negros não eram sequer imaginados pela ficção científica. Nem sequer a natureza das estrelas, os objectos mais fundamentais do universo astronómico, era bem compreendida. Não se conheciam ainda os processos (reacções nucleares) que as mantinham acesas e que aparentemente as faziam eternas.
O valor inestimável deste conhecimento científico, que tem também sido o impulsionador do desenvolvimento de algumas tecnologias e de produção industrial de equipamentos de alta precisão, chegou finalmente a Portugal no início da década de 90. Apenas há 10 anos atrás era essencialmente nula a presença portuguesa nas conferências de Astronomia. Actualmente, essa representação começa a ser significativa, com investigaçãocientífica de grande qualidade. Torna-se agora necessário que os responsáveis ofereçam as condições para um crescimento racional e sustentado do número de profissionais nesta área, nomeadamente apoiando o regresso dos estudantes que obtiveram o seu doutoramento no estrangeiro e que desejam contribuir para o desenvolvimento desta ciência no seu país.
Doutor João Lin Yun, CAAUL, OAL
Palestras no OAL
Gostaríamos de chamar a atenção para o facto de o Observatório Astronómico de Lisboa ter retomado o seu ciclo habitual de palestras de Astronomia e Astrofísica. Depois de um interregno de cerca de dois anos, por motivo de obras de remodulação, as palestras voltam a ter lugar todas as últimas sextas-feiras de cada mês. A palestra deste mês ocorrerá, expecionalmente, no dia 15 de Dezembro, e será proferida pelo Prof. Rui Agostinho, Coordenador do CAAUL. Terá como título, como habitualmente nesta quadra, "A Estrela de Belém".
Aproveitamos ainda a oportunidade para desejar a todos umas Boas Festas e uma óptima entrada no novo milénio. Apesar de muitas pessoas julgarem já terem celebrado o evento, na verdade o início do novo milénio terá lugar às 00h do dia 1 de Janeiro de 2001, tal como referimos, por diversas vezes, aqui no "O Observatório".