Se observarmos o Sol com o auxílio de um pequeno telescópio (nunca olhar directamente para ele!!!) podemos por vezes observar pequenas manchas escuras na sua superfície. Estas correspondem a zonas mais frias na fotosfera solar, que resultam de efeitos do seu campo magnético.
Agora, um grupo de astrofísicos liderado pelo Dr. K. Strassmeier (Univ. de Viena, Austria) obteve a "imagem" de uma estrela gigante (denominada HD12545; uma gigante vermelha 10 vezes maior que o Sol e 2 vezes mais massiva) e descobriu que esta possui uma mancha "gigantesca".
Fig. A estrela HD12545 com a sua mancha gigante. O Sol é representado pelo círculo no canto superior esquerdo da imagem. Cortesia de K. Strassmeier, Coude Feed Telescope, AURA, NOAO, NSFEmbora não seja possível observar directamente os detalhes na superfície de uma estrela (que não o Sol), os astrónomos utilizaram um método denominado "imagem Doppler", que permite deduzir indirectamente a posição de manchas na sua superfície. A luz emitida por uma estrela em rotação pode ser modelizada pela soma da luz emitida por um conjunto de "célula", cada uma originando um espectro de luz. Em primeira aproximação, se a estrela não rodar, todas as "células" emitem um espectro igual. No entanto, se a estrela tiver uma dada velocidade de rotação, dependendo da posição na superfície da estrela, cada uma destas "células" terá uma velocidade diferente em relação a nós. Como resultado vai emitir um espectro ligeiramente desviado para o vermelho (se se está a afastar) ou para o azul (se se aproxima). Ora, se existir uma mancha escura na superfície, algumas das "células" não vão emitir luz. Assim, o espectro resultante da adição da luz proveniente de todas as "células" (que é o que nós podemos observar) vai ser alterado. O método das "imagens Doppler" baseia-se exactamente na análise dessas variações ou, mais precisamente, da deformação que resulta nas riscas espectrais. Esta análise permite deduzir qual a posição da(s) mancha(s) e contruir uma "imagem" da superfície de uma estrela. Este método tem sido aplicado com sucesso desde há alguns anos para estrelas que rodam rapidamente. No entanto, nunca se tinha detectado uma mancha tão extensa: a mancha observada ocupa uma superfície equivalente a 10 por 20 raios solares! Mais detalhes podem ser encontrados em www.astro.univie.ac.at/ kgs/.
Água líquida em Marte.
A comunidade científica tinha já estabelecido há décadas a existência de água no planeta vermelho. Porém, esta apenas tinha sido detectada no estado sólido, nos pólos do planeta, ou na forma de vapor, na atmosfera.
Dados obtidos recentemente vieram agitar o mundo quando se soube da possibilidade de ter já existido, muito recentemente, água no estado líquido. Foi uma surpresa pois não se julgava encontrar água líquida à superfície de Marte, dadas as condições físicas do planeta. Por exemplo, a atmosfera é 100 vezes mais ténue do que a da Terra e, nas regiões de alta latitude - onde foram encontrados os vestígios geológicos que demonstram a presença de água - as temperaturas situam-se entre -100 e -70 graus C.
As imagens reveladas pela NASA mostram uma região numa encosta da cratera Newton onde é possível observar evidências de que água irrompe, ou irrompeu no passado, nesta encosta. Esta água escava escoadoiros formando charcos no fundo da cratera enquanto parte dela se vai evaporando e a restante congelando.
Um modelo proposto para explicar estas marcas tem como condição inicial a existência de correntes subterrâneas de água através de uma camada rochosa situada várias centenas de metros abaixo da superfície de Marte. A água infiltra-se pela rocha até atingir os lados das crateras, onde se cria uma barreira de gelo. A pressão da água por detrás dessa barreira vai aumentando até que consegue romper a barreira de gelo, provocando um súbito fluxo de água no interior da cratera e criando as marcas agora detectadas nas imagens obtidas pela sonda da NASA. Uma explicação alternativa é a de que as marcas poderão ter sido formadas por fluxos de gás e não de água.
NS e PM