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O Sessões de Observação.

O Observatório Astronómico de Lisboa, integrado numa das iniciativas do Ministério da Ciência e da Tecnologia, a Astronomia no Verão, tem vindo a realizar sessões de observação astronómica públicas. Cada sessão tem a duração de duas noites. Depois de três sessões realizadas no recinto do OAL, esta actividade foi alargada a algumas escolas da região de Lisboa: a de Linda-a-Velha, a Fernando Lopes Graça (Parede) e a Aquilino Ribeiro (Oeiras), levando assim a Astronomia para além dos limites do Observatório.

Com esta iniciativa, pretende-se motivar alunos, professores e população em geral para a Astronomia, fazendo-o de uma forma bastante interactiva. A contemplação do céu, tanto a olho nú como com a ajuda de telescópios, é sempre encantadora: observar a forma das constelações, estrelas binárias, um ou outro grupo de estrelas; para os mais resistentes, os tardios Júpiter, Saturno e os seus satélites; em alguns dias, a Lua e, para os mais sortudos, quem sabe, um meteoro.

Acontece que, em plena cidade, nem tudo se desvenda aos nossos olhos, mesmo com a ajuda dos instrumentos disponíveis para a observação nocturna. É nesta altura que o suporte informático se revela essencial no acompanhar da observação, permitindo-nos sair ilesos tanto das "partidas do S. Pedro" como do clarão luminoso da urbe. Simulando em computador o céu longe das grandes cidades, numa noite de céu limpo, trazemos para a zona de Lisboa aquele céu que alguns nunca viram, já se esqueceram ou só vêem naquelas férias lá na terra.

De facto, com a ajuda do computador, é possível dar a conhecer objectos celestes tais como nebulosas, galáxias, enxames de estrelas abertos e globulares, entre outros, que normalmente não são visíveis na cidade pois estão diluídos no brilho alaranjado do céu. Aproveitando tanto a colecção de imagens originais do OAL, obtidas no Observatório através de uma câmara especial, como algumas imagens provenientes de outras fontes, realiza-se uma pequena "viagem" por algumas maravilhas que o céu tem para oferecer mas que a luz urbana teima em esconder.

Além desta incursão pelas fotografias de vários objectos celestes, faz-se ainda outra viagem, desta vez pelas constelações, que normalmente aparecem no céu incompletas, impedindo-nos de apreciar a sua beleza natural. Mais uma vez, a luz urbana atenua o brilho das estrelas, podendo mesmo fazê-las "desaparecer" da abóbada celeste. Com o programa usado nas sessões, torna-se também possível o sonho de "viajar" no tempo e no espaço: retrocedendo ou avançando no tempo para ver o céu que os nossos antepassados contemplavam e também o que os nossos descendentes irão observar; a forma como Neil Armstrong viu a Terra, ou mesmo ingressar numa viagem ao céu do hemisfério Sul.

O que tem sido mais gratificante, tanto para o público como para quem promove esta iniciativa, é o diálogo constante, directo e desinibido entre ambas as partes. Por todo o lado se respira Astronomia. Na verdade, ao chegarem, as pessoas rapidamente entram no espírito da iniciativa, distribuindo-se pelos telescópios, observando variados objectos celestes, assistindo a uma dissertação sobre Astronomia por parte do professor presente. E eis que então surgem as questões. Tanto sobre o cintilar das estrelas, como sobre a aparente imobilidade da face da Lua, ou até mesmo relativas ao aparecimento súbito de uma "estrela" em movimento, que se desfaz perante os nossos olhos e desaparece, riscando uma parte do céu... Tudo isto e muito mais contribui para o desenrolar de uma conversa estimulante e capaz de expandir os horizontes de conhecimento de cada um.

Fig. A imagem mostra-nos o enxame globular de estrelas conhecido como o grande enxame da constelação de Hércules ou então como o décimo terceiro objecto do Catálogo de Messier. Os enxames globulares contêm as estrelas mais velhas da nossa galáxia e têm tipicamente entre 12 a 14 mil milhões de anos. Esta imagem foi obtida pelo OAL, utilizando a câmara de CCD SBIG ST7 e um telescópio newtoniano de 30 cm.
Emanuel Alexandre e Ricardo Afonso
Observatório Astronómico de Lisboa


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