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Notícias

A Astrofísica no Novo Milénio

Com o aparecimento de novos observatórios (terrestes e espaciais) cada vez mais poderosos, o volume de dados astronómicos obtidos aumentará enormemente. A título de exemplo, o futuro projecto Large-Aperture Synoptic Survey Telescope, terá a capacidade de obter 10 Terabytes por dia. O telescópio Hubble tem a capacidade de obter "apenas" 5 Gigabytes (um quarto do espaço em disco disponível nos PC's actuais) por dia.

Além da alteração do volume de dados obtidos, também a forma como as observações serão efectuadas sofrerá uma grande mudança. Durante os últimos 200 anos as observações no solo e, mais recentemente, no espaço, eram efectuadas por um ou por um pequeno grupo de astronómos a objectos muito específicos. Nos futuros programas de investigação as observações serão de larga escala, i.e., será efectuado um levantamento de todo o céu, em múltiplos comprimentos de onda que envolverá um grande número de investigadores.

Fig. O NVO (National Virtual Observatory) vai unir todas as bases de dados astronomicos dos observatórios terrestes e espaciais. Esta proeza será conseguida fazendo uso das novas tecnologias computacionais, tanto a nível de armazemanento como de análise dos dados obtidos. Cortesia: G. Bacon e J. Gitlin, STScI/AVL.
Estes terabytes de dados serão todos obtidos segundo especificações bem determinadas por forma a ser possível "combiná-los", o que permitirá que um astrónomo que tenha dados de um objecto num dado comprimento de onda possa, se necessário, obter dados noutros comprimentos de onda sem que para isso tenha que observar o objecto. Bastará que consulte um Observatório Virtual que contenha essa informação, parte da qual também acessível ao grande público. Os observatórios virtuais mais não são do que gigantescas bases de dados com toda a informação recolhida sobre o céu, a qual será analisada de acordo com a finalidade de cada utilisador. A sua criação está já a originar a necessidade de se desenvolver software para a selecção e análise dos dados, ferramentas de utilidade imediata em outras áreas da sociedade. Cada vez mais os astrónomos deixarão de observar o céu da forma tradicional, i.e., olhando "directamente" através de telescópios, ficando essa actividade reservada aos astrónomos amadores.

ISO descobre 30 novas anãs castanhas.

Num artigo publicado recentemente, é anunciada a descoberta de 30 novas anãs castanhas mergulhadas no gás e poeira da nuvem de Rho Ophiuchi, a uma distância de 167 pc.

Nuvem de Rho Ophiuchi na qual são visíveis três estrelas jovens de grande massa, estrelas jovens de menor massa, protoestrelas (estrelas ainda em formação) e ainda gás e poeira. Cortesia Abergel, A. ESA-ISO/ISOCAM.
Esta descoberta foi efectuada ao estudar dados obtidos pelo satélite de infravermelhos ISO, já desactivado, da ESA. Estes objectos encontram-se entre os planetas e as estrelas, em termos de massa. Esta não é suficiente para que se produzam reacções nucleares, condição necessária para que estes objectos pudessem brilhar como estrelas. É por essa razão que são muito difíceis de detectar.

Esta população de anãs castanhas tem a particularidade de ser muito jovem, possuindo cerca de 1 milhão de anos, e por essa razão são ainda relativamente brilhantes. Em conjunto com outras observações, em outras nuvens, os investigadores pensam poder responder a algumas das questões que estes objectos levantam, nomeadamente a razão da sua emissão em raios-X, uma vez que são objectos muito frios.

PM



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