Em Março último foi instalada no telescópio espacial Hubble uma nova câmara, designada por Advanced Camera for Surveys (ACS). O objectivo científico desta câmara é o de obter imagens de grandes áreas do céu com elevada sensibilidade e resolução angular.
A galáxia UGC 10214
As primeiras imagens obtidas por esta câmara foram tornadas públicas no final do mês de Abril. A primeira imagem, que mostramos aqui, é da galáxia UGC 10214. A sua forma distorcida deve-se ao efeito produzido pela colisão com uma pequena galáxia, visível na parte superior esquerda da UGC 10214, que a atravessou, afastando-se agora para longe do "local do acidente".
Imagem da galáxia UGC 10214 obtida pela nova câmara ACS colocada no telescópio espacial Hubble. Cortesia NASA, H.Ford (JHU), G.Illingworth (USCS/LO), M.Clampin e G.Hartig (STScI) e ESA.As fortes perturbações gravitacionais deste evento produziram uma longa cauda, de destroços de gás e estrelas, que se estende por mais 280.000 anos-luz. No processo de colisão formou-se um elevado número de enxames de estrelas jovens, que é possível observar nos braços da galáxia bem como na cauda de gás. Cada um destes enxames representa a formação de um milhão de estrelas. Na imagem a cores (acessível no endereço indicado adiante) é possível observar a cor azul destes enxames, que se deve ao facto de conterem estrelas muito maciças, bastante mais quentes e brilhantes do que o Sol, e que emitem essencialmente na região ultravioleta e azul do espectro electromagnético.
A nebulosa Omega
Outra das regiões observadas pela câmara ACS foi a nebulosa Omega, também conhecida por M17, um berçário de estrelas.
Tal como ocorre na nebulosa de Orion, esta nebulosa é iluminada pela radiação ultravioleta produzida em estrelas jovens e maciças. Cada uma destas estrelas é seis vezes mais quente e trinta vezes mais maciça do que o Sol. A enorme pressão resultante da radiação ultravioleta destrói as nuvens de gás, provocando a sua evaporação.
Imagem da nebulosa Omega, M17. Esta imagem corresponde a 3000 vezes a dimensão do Sistema Solar. Cortesia NASA, H.Ford (JHU), G.Illingworth (USCS/LO), M.Clampin e G.Hartig (STScI) e ESA.À medida que a radiação das estrelas jovens vai evaporando as regiões mais exteriores das nuvens, ficam expostas as zonas em que o gás é mais denso e, portanto, regiões onde se estão a formar estrelas. Como estas zonas são mais resistentes elas aparecem-nos como se fossem esculturas nas paredes das nuvens. Na zona mais brilhante da imagem é possível observar um núcleo denso 10 vezes maior do que o Sistema Solar, que ficou exposto após o processo de evaporação do material da nuvem.
Na imagem a cores podemos ainda observar uma série de tons como o azul e o o verde, emitidos pelo nitrogénio e o oxigénio e tons avermelhados emitidos pelo hidrogénio e enxofre.
Mais detalhes podem ser encontrados em http://oposite.stsci.edu/pubinfo/pr/2002/11/