No dia de 20 de julho celebram-se os 50 anos da chegada do Homem à Lua.
A missão Apollo 11 foi lançada às 9:32 EDT (14:32, hora em Portugal) a 16 de julho de 1969, do Centro Espacial John F. Kennedy, situada no cabo Canaveral, na Florida, levando 3 astronautas (Neil Armstrong, o comandante; Edwin “Buzz” Aldrin, o piloto do módulo lunar; e Michel Collins, o piloto do módulo de comando).
Foguetão Saturno V e a nave Apollo 11 constituida por módulo lunar (LM), módulo de serviço (SM) e módulo de comando (CM).
O lançamento foi feito com o foguetão Saturno V, ainda hoje o mais potente foguetão alguma vez construído. Tinha cerca de 110 metros de altura e funcionava com hidrogénio líquido, oxigénio liquido e querosene, em 3 fases que se ativavam sequencialmente. Foi concebido por Wernher von Braun, usando os princípios da astronáutica desenvolvidos pelos pioneiros Konstantin Tsiolkovsky, que resolveu a equação indispensável para os seres humanos ultrapassarem a atração gravitacional da Terra, Hermann Oberth e Robert Goddard. Von Braun, tinha vindo da Alemanha nazi, onde tinha trabalhado no míssil V2, e levou grande parte da sua equipa para trabalhar nos EUA depois da Segunda Guerra Mundial.
As 19 fases do perfil de voo.
Durante o lançamento, a nave começa por ser colocada numa órbita circular a 100 milhas náuticas de distância da Terra. Depois de passar 150 minutos nessa órbita, o terceiro andar do foguetão é ativado para colocar a nave na trajetória translunar que irá seguir numa viagem de 3 dias. No inicio da viagem, o módulo de comando separa-se do 3º andar do foguetão, dá a volta, e liga-se ao módulo lunar que sai do adaptador onde vinha alojado (na parte superior do foguetão). Durante a viagem, nave (agora constituída pelo módulo de comando e o módulo lunar acoplados) vai rodando lentamente em torno de um dos eixos de modo a uniformizar a temperatura que vai aumentando pela incidência solar.
Algumas das fases do perfil de voo da viagem de ida (da esquerda para a direita e de cima para baixo): (2) inserção na órbita da Terra; (4) injeção na trajetória translunar; (5) extração do módulo lunar; (8) separação do módulo lunar e do módulo de comando; (10) alunagem.
Ao chegar perto da Lua, a Apollo 11 é colocada com o sistema de propulsão numa órbita elíptica em torno da Lua e mais tarde numa órbita circular mais pequena. 21 horas depois da entrada na órbita lunar é que Armstrong e Aldrin entram no módulo lunar e começam a descida, enquanto que Collins fica no módulo de comando. E é assim que às 16:18 EDT (21:18, hora em Portugal) o módulo lunar “Eagle” aluna no Mar da Tranquilidade, 4 dias, 6 horas e 46 minutos após o lançamento. Os 2 astronautas permanecem várias horas no módulo lunar para preparar a partida e para despressurização, até que às 22:56 EDT Armstrong desce a escada, deixando a primeira pegada na Lua, e proclama a célebre frase: “Este é um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade”, perante uma assistência de mais de meio mil milhões de telespectadores. “Buzz” Aldrin junta-se a ele e exclama: “desolação magnífica”. Os 2 astronautas permanecem na Lua por 22 horas, mas apenas duas horas e meia no exterior do módulo lunar. Durante esse tempo deslocam-se até cerca de 90 metros da nave recolhendo amostras geológicas, montam dois aparatos científicos, e tiram fotografias. Um dos aparatos serve para registar “tremores de Lua” e medir o impacto de meteoritos. O outro é um espelho que irá refletir raios laser enviados da Terra. Colocam também uma bandeira dos EUA na Lua e uma placa num dos pés do módulo que diz: “Aqui os homens do planeta Terra puseram os pés pela primeira vez sobre a Lua. Julho de 1969 AD. Chegamos em paz por toda a humanidade.”
|
O fato espacial de um astronauta é um sistema complexo de vestuário, equipamentos e sistemas ambientais idealizados para o manter vivo e confortável no espaço exterior. Deve fornecer oxigénio e pressão atmosférica estável, e incorpora um sistema de comunicação com auriculares e microfone, vestuário de refrigeração líquida com sistemas de ventilação, sistema portátil de suporte vital primário (até 6 horas), sistema de oxigênio de emergência (até 30 minutos), sistema de recolha de urina, uma bateria, um saco de bebida, luvas, sistema de visor extra, capacete pressurizado, sobrecalçado, etc.
A parte inferior do módulo lunar, incluindo os pés, vão servir de plataforma de lançamento e permanecem na Lua enquanto que a parte superior vai ser lançada com o impulso dos propulsores. Depois de algumas horas de descanso, o módulo lunar parte com os 2 astronautas, juntando-se ao módulo de comando em órbita a cerca de 60 milhas acima da Lua. Depois dos astronautas passarem para o módulo de comando, o módulo lunar é ejetado e começam a viagem de regresso numa trajetória trans-terrestre. Ao aproximar-se da Terra, a parte maior do módulo de comando (o módulo de serviço) separa-se e é apenas a pequena cápsula de comando que entra na atmosfera. A entrada é feita à velocidade de cerca de 40 000 Km/h (à altitude de 120 Km). Finalmente, cai no oceano Pacífico, a 13º19’N, 169º9’O, no dia 24 de julho de 1969.
Algumas das fases do perfil de voo da viagem de regresso (da esquerda para a direita): (11) lançamento do módulo lunar; (15) acoplamento com os módulos de comando e serviço; (18) separação do módulo de comando e do módulo de serviço.
Nota: Diagramas do perfil de voo retirados dos relatórios de missão da NASA: Apollo 11.
O início da corrida ao espaço é marcado pelo envio do primeiro satélite artificial em outubro de 1957: o Sputnik, lançado pela URSS, que abriu caminho para o vôo tripulado.
O lançamento do Sputnik ocorreu no dia 04/10/1957.
No entanto, antes de se enviar seres humanos para o espaço ainda era necessário percorrer um longo caminho de testes. Nomeadamente, houve vários voos com animais: cães, moscas, ratos, coelhos e macacos, todos estes animais foram lançados para o espaço. A cadela Laika foi o primeiro animal a orbitar a Terra logo em novembro de 1957, mas infelizmente morreu durante o voo.
Laika, a primeira cadela russa a orbitar o planeta Terra. Ela foi lançada ao espaço a bordo da nave soviética Sputnik 2, em 03/11/1957.
Os EUA lançaram vários macacos, entre eles o chimpanzé Ham, que sobreviveu a um vôo sub-orbital em janeiro de 1961. Finalmente, em 12 de abril de 1961, Yuri Gagarin tornou-se no primeiro ser humano no espaço ao percorrer uma órbita completa em volta da Terra em 108 minutos.
Yuri Gagarin, o primeiro ser humano no espaço a orbitar a Terra em 12/04/1961, a bordo da Vostok 1.
Pouco depois, a 5 de maio de 1961, Alan Shepard torna-se o primeiro Norte-Americano no espaço, num voo sub-orbital de 15 minutos. Após mais alguns voos bem sucedidos do projeto Mercury, incluindo o primeiro vôo orbital (John Glenn em 20 de fevereiro de 1962), o presidente John F. Kennedy lança o desafio de colocar um homem na Lua e de o fazer regressar em segurança antes do final da década. Inicia-se então uma verdadeira corrida contra-relógio em plena época de guerra fria e de confronto entre as duas potências, EUA e URSS. Foi nesse contexto que os EUA desenvolveram os projetos Gemini e Apollo e a URSS os projetos Vostok, Voskhod e Soyuz na década de 1960. Durante essa década muitos outros marcos foram atingidos, como o primeiro voo tripulado por uma mulher, Valentina Tereshkova em junho de 1963, ou o primeiro passeio espacial extra-veicular por Alexei Leonov em março de 1965. No entanto, foi o programa Apollo, que percorrendo uma sequência de objetivos cumpridos em várias missões tripuladas, conseguiu atingir o objetivo final de colocar o Homem na Lua, com a alunagem de 20 de julho de 1969.
|
Até 1972, mais 5 missões Apollo alunaram com sucesso. Os 6 locais de alunagem forma escolhidos por motivos científicos diferentes e todos no lado próximo da Lua, para se manter contato direto com os astronautas. Até hoje houve apenas 12 pessoas que já estiveram na Lua com um total acumulado de 300 horas de presença humana na Lua. Gene Cernan, o comandante da última missão Apollo, deixa a superfície lunar com estas palavras: “Partimos como viemos e, se Deus quiser, é como voltaremos, com paz e esperança para toda a humanidade”.
As missões Apollo realizaram o antigo sonho da humanidade de alcançar a Lua. Permitiram também a realização de experiências em várias áreas da física, geologia (o peso total das rochas lunares trazidas para a Terra durante esses 4 anos foi de 382 Kg) e microgravidade. Nomeadamente os refletores colocados na Lua pelas missões Apollo 11, 14 e 15, permitem até hoje monitorizar a distância à Lua com uma precisão de centímetros. Estes dados têm permitido estudar a estabilidade da constante de gravitação de Newton, testar a teoria da relatividade geral, e constatar que a Lua se afasta da Terra ao ritmo de 3.8 cm por ano (devido a forças de maré). Além disso esta aventura extraordinária produziu progresso em diversas áreas, desde as telecomunicações, a ciência de materiais até à própria gestão de grandes projetos.
Os astronautas viveram também outro tipo de experiências na Lua. Por exemplo na missão Apollo 11 o astronauta Buzz Aldrin levou vinho, pão e um cálice para celebrar a Eucaristia, e Neil Armstrong levou uma peça do avião dos irmãos Wright. Na missão Apollo 14, o astronauta Alan Shepard escondeu um ferro de golfe numa meia que depois fixou no cabo de uma ferramenta para fazer um taco de golfe com o qual bateu duas bolas na Lua. Na missão Apollo 16, o astronauta Charles Duke levou uma fotografia da família e deixou-a nas terras altas de Descartes. A recordação mais emocionante na superfície lunar é uma pequena figura humana de alumínio, ali deixada por David Scott da Apollo 15, junto de um cartaz com os nomes de 14 astronautas e cosmonautas falecidos.
Lançamento da Apollo 11
Transmissão completa da primeira caminhada na Lua
“For All Mankind”
Colocação da placa nos pés do módulo lunar
Mar da Tranquilidade
Depoimento de Buzz Aldrin
Descida de Neil Armstrong
|