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Missões Espaciais Astronómicas

Como vimos no número anterior, a Ulysses está a realizar o primeiro estudo de sempre do Sol desde o equador até aos pólos. Após a primeira passagem pela nossa estrela, o que é que já aprendemos? Eis então um breve sumário das descobertas já anunciadas.

Ao longo dos quase sete anos que esta missão já conta, a Ulysses foi sujeita a uma exposição contínua ao vento solar, o que lhe permitiu recolher os dados necessários a uma compreensão aprofundada das principais diferenças entre o chamado vento solar rápido e o vento solar lento. Como o nome indica, a velocidade média das partículas no primeiro é mais elevada, rondando os 700 km/s, enquanto que para o segundo é "apenas" de 400 km/s. Tratando-se de dois regimes do vento solar já previamente conhecidos, pretendia-se conhecer as respectivas origens e qual a razão de a Terra ser atingida principalmente pelo vento solar lento. Algumas ideias existiam mas esperava-se que a Ulysses clarificasse a situação. De facto assim foi. Sabemos agora que a estrutura da coroa solar é dominada, pelo menos perto do mínimo de actividade solar (quando as observações foram efectuadas), pelo aparecimento de grandes buracos coronais - regiões de temperatura mais baixa - nas regiões polares. Foi exactamente sobre estes buracos coronais que a sonda detectou o vento solar forte. Ainda que os mecanismos de produção do vento solar não sejam bem conhecidos, sabemos agora que o vento solar rápido é produzido nas regiões polares do Sol enquanto que a região equatorial origina essencialmente o vento solar lento (por vezes um buraco coronal pode extender-se até ao equador, originando vento solar rápido também na eclíptica).

Um fenómeno inesperado observado pela primeira vez pela Ulysses foi uma nova classe de erupções solares (ver Missões Espaciais Astronómicas em O Observatório de Maio de 1997). As erupções solares (ejecções energéticas de matéria) que observamos na Terra propagam-se na eclíptica, por entre o vento solar lento. Ao fazê-lo comprimem-no, criando uma onda de choque no plasma (tal como um avião supersónico na atmosfera terrestre).

O sucesso da Ulysses e o seu bom estado de funcionamento levaram à extensão do programa de modo a permitir uma segunda passagem pelas regiões polares do Sol. Os dados obtidos nesta fase sê-lo-ão num período de máximo solar, o que permitirá um estudo comparativo do comportamento da nossa estrela nas fases extremas do seu ciclo. Prevê-se que a Ulysses funcione até ao ano 2001, tornando-se possível neste período o estudo simultâneo do Sol com outras sondas, em particular a SOHO, da qual falaremos no próximo número.

JMA



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