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Missões Espaciais Astronómicas

O Resto do Universo (cont.)

Com o lançamento do Telescópio Espacial Hubble, em Abril de 1990, uma nova etapa na Astronomia teve início. Ao longo de 8 anos de funcionamento e apesar de alguns problemas que afectaram o desempenho da missão nos primeiros tempos, o Hubble já nos revelou muitas das imagens mais impressionantes do Universo, ajudando a compreender alguns dos aspectos mais intrigantes do Cosmos.

Fruto da cooperação entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA), o Hubble foi desenhado para ser um observatório espacial duradouro - 15 anos é o objectivo - aberto à utilização de toda a comunidade astronómica. Todos os instrumentos científicos e grande parte dos sistemas vitais ao funcionamento do telescópio foram concebidos tendo em mente uma fácil reparação ou mesmo substituição em órbita, estando programadas missões regulares de manutenção e aperfeiçoamento.

O Hubble foi inicialmente preparado para observar o Universo em comprimentos de onda do óptico e numa pequena banda do ultra-violeta. Relativamente a um observatório na superfície terrestre, as vantagens do Hubble são a acessibilidade do ultra-violeta, a não existência da limitação de 0.1 segundos de arco na resolução que a atmosfera impõe e uma razão sinal/ruído nas observaçõesmuito superior devido à menor luminosidade do céu. As potencialidades de uma missão com estas características são enormes para o avanço do conhecimento do Universo, mas as dificuldades técnicas e financeiras de uma tal empresa impossibilitaram durante décadas a sua realização.

Após o lançamento do Hubble os primeiros testes revelaram que a óptica do telescópio sofria de aberração esférica. O seu espelho principal, com 2.4 metros de diâmetro, possui uma periferia ligeiramente mais abaulada (2 milésimos de milímetro!) do que o pretendido. Consequentemente, a radiação de uma fonte pontual era focada numa área muito maior do que era esperado - 15% da radiação era focada numa zona circular de 0.1 segundos de arco de diâmetro, em vez dos 75% pretendidos. Muitos dos programas de observação não podiam ser executados nestas condições e muitos mais tiveram de ser revistos. Outros problemas foram também detectados, nomeadamente no funcionamento dos painéis solares e de alguns dos detectores do telescópio. A credibilidade da NASA e da ESA foram seriamente afectadas devido a estas falhas no que deveria ter sido um telescópio técnicamente perfeito. O conserto de todos estes problemas foi de imediato estudado e planeado para a primeira missão de manutenção do telescópio, que decorreria apenas em 1993. Entretanto, havia que maximizar a qualidade científica das observações que podiam ser efectuadas. O Hubble continuava a ser um telescópio com capacidades nunca antes possuídas e muitos dos problemas podiam ser atenuados. Graças à estabilidade do telescópio e ao conhecimento da sua resposta à observaçãode uma fonte pontual, foi possível desenvolver métodos de processamento de imagem para retirar parte da distorção introduzida pelo defeito no espelho primário. Vários outros problemas foram também minimizados e muitos dos objectivos iniciais do Hubble voltaram a ser possíveis de concretizar.

Mas foi em 1993 que os problemas que afectavam o Hubble foram definitivamente resolvidos. Os paineis solares e outros instrumentos foram substituídos por versões inteiramente funcionais e um pequeno dispositivo destinado a corrigir a deficiente focagem da luz foi colocado imediatamente antes das câmaras e instrumentos de medição. Toda a reparação do Hubble foi excepcionalmente bem sucedida e, com os primeiros testes, constatou-se que a qualidade das imagens era muito superior ao que era esperado. Todos os objectivos iniciais puderam ser retomados.

No próximo número discutiremos alguns dos resultados mais surpreendentes das observações efectuadas com o Hubble e a importância das contribuições deste telescópio para a Astronomia.

Telescópio Espacial Hubble, na sua posição privilegiada para o estudo do Universo.

JMA



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