As luas principais de Júpiter - Io, Europa, Ganímedes, e Calisto - são todas diferentes em superfície e interior. Os 11 instrumentos de Galileo revelaram muitos dados novos sobre elas. Calisto, a mais distante, tem uma superfície escura, coberta de crateras. Antes dos resultados de Galileo, pensava-se que a superfície de Calisto era muito antiga, por causa da grande densidade de crateras de impacto mostrada pelas cameras da nave Voyager. Os resultados de Galileo mostraram que algumas zonas em Calisto são relativamente jovens e existe evidência de deslizamentos de terreno. NIMS revelou que a superfície contém CO e SO, e também revelou uma ténua atmosfera de CO. Ganímedes é grande como o planeta Mercúrio! Galileo descobriu que tem seu próprio campo magnético e magnetosfera. A sua superfície também está coberta de gelo, e apresenta partes escuras e mais claras. A geologia da superfície é muito complexa, provavelmente pela actuação de grandes forças tectónicas. Há evidências de que Ganímedes já teve um oceano de água liquida debaixo da superfície. NIMS mostrou que a composição da superfície é similar à de Calisto (presença de CO e SO). Europa é talvez a lua a mais fascinante: a superfície, coberta de gelo, é muito jovem - estudos das imagens de Galileo levaram a sugestões da existência de um oceano liquido debaixo de uma camada superficial de gelo, e que este liquido vem as vezes à superfície, se espalha e se congela. Sabemos que a superfície é nova porque há pouquíssimas crateras de impacto (quanto mais tempo uma superfície está exposta aos impactos por meteoritos, mais crateras ela tem). Há partes escuras na superfície que talvez sejam resultados da deposição de produtos interiores de geisers. NIMS revelou que a superfície de Europa tem CO, SO, HO e elementos hidratados, talvez silicatos hidratados.
A superfície de Io é muito jovem, pois tem muita actividade vulcânica, que constantemente renova o satélite. A missão Voyager, que passou perto de Júpiter em 1979, detectou vários vulcões activos em Io. Estes vulcões têm erupções enormes, com plumas que atingem os 300 km acima da superfície. As descobertas principais feitas por Galileo foram o número de vulcões activos em Io, a sua distribuição, as suas altas temperaturas, e a distribuição do gelo de SO à superfície. SO domina os espectros de Io na faixa medida por NIMS. Embora já se soubesse da existência de SO em Io, por observações de Voyager e telescópios, os resultados de NIMS mostraram que existe uma camada global de SO variável em espessura. Uma surpresa foi a descoberta de 41 novos vulcões activos. Sabe-se agora que Io tem pelo menos 61 vulcões activos, observados por Galileo, pela Voyager ou por telescópios terrestres. Talvez a mais surpreendente descoberta sobre Io sejam as temperaturas de alguns deles. Por exemplo, a temperatura perto da cratera do vulcão Pillan Patera ronda os 1800 K. Estas temperaturas são mais altas do que as dos vulcões activos da Terra, mas similares às temperaturas de lavas derramadas na Terra há milhões de anos atrás. Especula-se que são lavas silicosas, ricas em magnésio. As últimas duas órbitas planeadas para a missão trarão a nave para perto de Io, a distâncias de aproximadamente 500 km. As observações de Io têm sido feitas de distâncias de mais de 100 000 km, para evitar os altos níveis de radiação nas proximidades de Júpiter. Se Galileo sobreviver a estes dois encontros, as observações revelarão qual a composição destas lavas extraordinárias.
Doutora Rosaly Lopes-Gautier - Jet Propulsion Laboratory