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Editorial  
Consultório Astronómico
O Observatório esclarece as suas dúvidas de astronomia através do
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ANÃS CASTANHAS

Questão:

O que é uma anã castanha? E qual a origem da sua energia?
Poderá a sua contracção gravitacional eventualmente provocar uma implosão com a consequente criação de uma anã branca ?


O destino de uma estrela é fortemente condicionado pela sua massa. Uma anã-castanha é como que uma estrela "falhada". isto é, trata-se de um objecto mais "leve" que as estrelas vulgares e a sua massa, relativamente reduzida, não é suficiente para produzir uma subida de temperatura no seu centro capaz de desencadear as reacções de fusão nuclear (conversão de hidrogénio em hélio) que, nas estrelas comuns, são responsáveis pela libertação de enormes quantidades de energia.
A energia das anãs castanhas provêm da contracção gravitacional. Isto é, vão-se contraindo e com isso produzem calor. Além disso, e durante um curto período, conseguem transformar deutério em hélio com produção de energia. O deutério é um hidrogénio "pesado", que tem um protão e um neutrão no núcleo, em vez de apenas um protão como no caso de hidrogénio comum.

Quanto a uma possível transformação numa anã-branca, como refere, tal não é de esperar. Prevê-se que o sol, dentro de aproximadamente 5 mil milhões de anos, depois de ter consumido todo o seu hidrogénio em reacções nucleares, arrefeça e se expanda (originando uma gigante vermelha), para finalmente o seu material remanescente se contrair, concentrando-se e formando assim um objecto, de dimensões relativamente reduzidas.
Eis uma anã branca, objecto tão denso que uma colher de chã do material que o constitui pesaria toneladas! Esse é destino de estrelas como o nosso sol, que até é uma estrela relativamente modesta; estrelas com massas maiores transformar-se-ão, no fim da sua vida, em objectos ainda mais densos - estrelas de neutrões e buracos negros.
As anãs castanhas, dotadas de massas pequenas, não atravessam este ciclo. Depois de libertarem alguma energia, tornar-se-ão simplesmente em objectos frios.
Investir em Recursos Humanos Para a Ciência

Crise... Recessão... dívida pública...
Termos que estamos todos já cansados de ouvir! Chegou a altura de falarmos naquilo que pode e deve elevar o ânimo, renovar as esperanças, fortalecer o País.
No mundo moderno, é o desenvolvimento científico que cria as condições para gerar riqueza, estimular a economia. Ultrapassados estão os tempos em que os agentes económicos e o governo podiam ignorar a cultura, a educação e a investigação científica . Nos tempos que correm, fazer isso equivale a suicídio económico a médio prazo com todas as consequências para a população.
Vivemos hoje numa sociedade de informação. O que significa esta frase? Que a informação é mais poderosa do que qualquer arma, que cada um de nós está disposto a pagar para ter acesso à informação, que sem informação não é possível produzir bens de consumo. Pense-se em rádio, televisão, jornais, o que seriam dele sem conteúdos? Porque tem a Internet tanto impacto sobre o mundo (afinal de contas é tudo virtual...)? Porque é essencialmente informação pura, INFORMAÇÃO, da qual o cérebro humano é sedento, como uma esponja...
Podemos então perceber porque é que a investigação científica é fundamental no desenvolvimento de um país, em todos os seus aspectos: económico, social, cultural. Todos os novos bens de consumo, em que todo o mundo gasta milhões, são o resultado directo ou indirecto de descobertas científicas. Sem recursos humanos para a ciência, Portugal arrisca-se a ficar eternamente para trás, um país que apenas vende turismo, em que os únicos empregos são na indústria hoteleira, a servir os habitantes dos países ricos, esses tais que ousaram investir em recursos humanos para a Ciência...
A bem do País, a bem dos nossos jovens, possam os nossos dirigentes e responsáveis mostrar que têm visão, que conseguem ver para além do imediato, e que apoiam e investem em Ciências e Educação!

João Lin Yun, Director do OAL
 
Ficha Técnica
O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun e Maarten Roos-Serote. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão Tecla 3, Artes Gráficas. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
A imagem de fundo da capa é cortesia do ESO.