Água por todo o lado. A água que tão importante é para a vida na Terra tem sido uma molécula particularmente díficil de detectar fora do nosso planeta. O facto dela existir em tão grande quantidade na nossa atmosfera, não nos permite a sua detecção em espectros de objectos astronómicos. A existência de gelo em algumas crateras da Lua, permanentemente fora do alcance dos raios de Sol, foi confirmada pela sonda Lunar Prospector. Em Vénus, a razão actual entre a quantidade de Hidrogénio (H) e Deutério (D, hidrogénio pesado), que constitui o pouco vapor de água que existe na sua atmosfera, permite concluir que no passado existiu cerca de 100 vezes mais água do que actualmente. Em Marte, existe actualmente algum vapor de água na atmosfera e gelo nos pólos. Mas a razão D/H, permite-nos afirmar que no passado terá existido muito mais, como foi sugerido pelas primeiras fotografias deste planeta tiradas por sondas espaciais e confirmadas pelas visitas de sondas mais recentes. Mais longe, em redor de Júpiter, a sonda espacial Galileu, revelou estruturas na superfície de Calisto, Ganímedes e Europa, que sugerem existir por baixo da superfície gelada destas luas um oceano líquido, em que a água é certamente o principal constituinte. Já há muito tempo que os Cometas são considerados bolas de neve suja. As observações dos cometas mais recentes (Hale-Bopp e Hyakutake) permitiram confirmar que o gelo é a substância mais abundante na maioria dos cometas. O quociente D/H desse gelo (2 vezes superior ao que existe na água terrestre), permite questionar a teoria que sugere que os nossos oceanos tiveram origem nos sucessivos bombardeamentos de cometas com a Terra em formação. Finalmente, o satélite europeu ISO, permitiu detectar água por todo o Universo. Nos locais onde a temperatura, alguma vez subiu acima de cerca de 200 K e se manteve desde então suficientemente baixa para não destruir as moléculas da água, ela existe actualmente. Afinal a água é constituída por dois dos mais abundantes elementos do Universo, o Hidrogénio e o Oxigénio. Cosmologia. Uma forma simplista de colocar a investigação em Cosmologia é afirmar que ela se resume a procurar os valores de uma série de grandezas que permitem descrever o passado, presente e futuro do Universo como um todo. Pelo menos se acreditarmos na teoria standard do Big Bang. Um resumo possível após um ano de avanços na determinação destas grandezas é:
. Constante de Hubble. Mede a taxa de expansão do Universo.
. Parâmetro de desaceleração. Mede a forma como a expansão varia. Aparentemente não varia muito, existindo até a possibilidade de estar a aumentar!
mil milhões de anos. Idade do Universo.
. Densidade de matéria bariónica (vísivel) no Universo.
. Densidade total de matéria. Só 30% da matéria necessária para parar a expansão.
. Curvatura do Universo. O Universo é plano.
Explosões de raios . Estas misteriosas emissões de radiação altamente energética ocorrem em média uma vez por dia, vindas de direcções no céu completamente aleatórias, supostamente muito distantes do sistema solar. No último ano foi possível confirmar a distância a uma destas explosões, detectando-se uma explosão numa galáxia com um desvio para o vermelho (redshift), . Uma outra explosão ocorreu muito próximo, quer espacial quer temporalmente, de uma supernova (SN 1998bw) detectada numa galáxia com . Terá sido uma coincidência, ou os dois fenómenos estão relacionados?
Planetas extra-solares. A descoberta de planetas do tipo de Júpiter em torno de estrelas semelhantes ao Sol continuou durante 1998. O facto de quase todos possuírem períodos orbitais curtos (estarem muito perto das estrelas), é resultado do processo utilizado para a sua descoberta (duração das campanhas de observação e facilidade de detecção). Começam agora a surgir os primeiros planetas a distâncias respeitáveis das estrelas, como é o caso de 14 Herculis a 2,5 AU, com um período de 4,5 anos.
Carlos Antunes Santos