Quando há 200 anos o astrónomo francês Charles Messier olhou pela primeira vez para a nebulosa planetária do Anel, na constelação da Lira, não imaginou que aquele objecto em forma de anel fosse tão complexo como foi agora revelado pelo telescópio espacial Hubble.
Astrónomos utilizando o Hubble conseguiram obter a imagem mais nítida
de sempre da Nebulosa do Anel. Nesta imagem (Fig.2) é perceptível
que o anel é na
realidade um cilindro de gás visto quase perpendicularmente à base.
Estas imagens foram divulgadas no âmbito do projecto "Heritage". A filosofia
deste novo projecto consiste na distribuição mensal de imagens para o grande
público de objectos celestes conhecidos por todos nós, estudados por astrónomos e astrofísicos. No entanto o projecto pretende ir mais longe, pois parte do tempo de observação disponível será empregue na obtenção de novas imagens de objectos celestes conhecidos do público.
A 2000 anos-luz de distância da Terra e com instrumentos situados apenas
na Terra não era possível revelar a forma real da nebulosa do Anel, que na prática se deveria chamar nebulosa do "Barril". Já há algum tempo que os astrónomos suspeitavam da forma cilíndrica da nebulosa. Imagens obtidas com a camara n 2 Wide Field and Planetary do Hubble apoiam esta ideia. Outra das surpresas foi a constatação da existência de pequenas nuvens escuras, constituidas por poeira, que se formaram no gás ejectado pela estrela. Até à data estas nuvens tinham escapado aos telescópios terrestes. Estas nuvens apresentam a particularidade de não estarem distribuídas esfericamente,
encontrando-se apenas nas regiões exteriores da nebulosa. Além disso as nuvens deslocam-se numa direcção que aponta para fora da região central. A razão deste facto reside na pressão exercida pela radiação e pelo gás provenientes da anã-branca (objecto central da nebulosa).
Galáxias vistas no Óptico e no Infravermelho.
Nesta imagem (Fig.3) obtida pelo telescópio espacial Hubble conseguem-se identificar diversos tipos de galáxias. Vistas a "cores", as galáxias vermelhas brilham na zona do infravermelho enquanto que as galáxias azuis emitem na região do visível.
É possível distinguir diversos tipos de galáxias nesta imagem. Algumas destas são galáxias anãs azuis, galáxias com a forma de disco e outras são elípticas vermelhas.
Com este tipo de estudo, combinando a radiação visível com a
infravermelha, os astrónomos podem ter uma melhor ideia das formas das galáxias a grandes distâncias e também inferir quais são as mais antigas ou as galáxias que contém mais poeira.
PM