Go backward to Notícias
Go up to Top
Go forward to O Mistério do Metano Perdido

Missões Espaciais Astronómicas

O Resto do Universo (cont.)

Muitas descobertas foram já efectuadas a partir das observações do Compton Gamma-Ray Observatory, algumas já esperadas mas muitas outras completamente surpreendentes. Na sequência do número passado, vamos agora descrever alguns dos resultados deste observatório de raios gama.

A primeira imagem mostra um mapa do céu obtido após o primeiro ano de observações com o instrumento EGRET (um detector para fotões gama de energias médias e elevadas). O brilho difuso ao longo do plano da Galáxia, que percorre a faixa horizontal no centro da imagem, resulta essencialmente da interacção entre os raios cósmicos e os átomos do meio interestelar.

O Universo em raios gama, a partir de observações do EGRET, instalado no Compton.

As fontes mais "localizadas" ao longo do plano da Via-Láctea são pulsares. Por exemplo, na extremidade direita do mapa pode-se ver a emissão gama proveniente do pulsar na nebulosa do caranguejo. Um pouco acima deste encontra-se um outro pulsar, a estrela de neutrões mais próxima do Sol que se conhece, e virtualmente indetectável excepto através da observação em raios gama.

Os objectos mais afastados do plano da Via- -Láctea pertencem a uma nova classe de objectos descoberta pelo Compton: os blazares de raios-gama. Tratam-se de quasares distantes que emitem a maior parte da sua energia em raios gama (de facto, emitem milhares de vezes mais energia na região gama do espectro electromagnético do que a nossa Galáxia em todos os comprimentos de onda). O mais brilhante (parte superior direita do mapa) é o quasar 3C279, proeminente no céu de raios gama apesar de se encontrar a uma distância superior a 1200 milhões de parsecs (cerca de 4000 milhões de anos-luz).

Um dos instrumentos do Compton, o BATSE, foi especialmente desenhado para estudar as misteriosas explosões de raios gama - breves flashes de raios gama que ocorrem por todo o céu. A imagem seguinte mostra o mapa destas explosões.

As explosões de raios gama detectadas pelo BATSE.

Ao contrário do que aconteceria se as explosões tivessem origem dentro da Galáxia, verifica-se uma distribuição uniforme por todo o céu (compare-se com a primeira imagem). Pensa-se portanto que este fenómeno tem uma origem extragaláctica. Explicações possíveis para a quantidade de energia envolvida nas explosões de raios gama são a colisão de duas estrelas de neutrões ou dois buracos negros, ou ainda uma hipernova. Uma hipernova sucederia quando uma estrela massiva, após ter esgotado o seu combustível, colapsa sobre si mesma. Ao contrário das supernovas, onde se gera uma onda de choque que afasta as camadas exteriores da estrela, numa hipernova todo o material colapsa, convertendo toda a sua energia gravitacional em calor e radiação - a hipernova - e formando um buraco negro ou uma estrela de neutrões. A existência deste fenómeno encontra-se ainda por confirmar, mas pode explicar a quantidade de energia libertada e o carácter efémero das explosões de raios gama.

JMA



Prev Up Next