Esta ideia começou a mudar quando o telescópio espacial Hubble foi lançado e produziu as primeiras imagens do universo profundo. Mas não foi apenas com o Hubble que a nossa visão da evolução das galáxias começou a alterar-se. A construção dos grandes telescópios, como o Keck I, veio também contribuir para esta mudança.
Uma das formas para investigar a evolução de uma galáxia é estudando o espectro electromagnético produzido por ela. Em particular, na zona do espectro do ultravioleta (UV). Mas porque razão estudam os astrónomos esta região do espectro? A razão é simples. A quantidade de radiação produzida na zona do UV é uma indicação do número de estrelas que estão a formar-se nesse instante. Isto porque a maior parte da radiação UV é produzida por estrelas do tipo O e B. Estas são estrelas de grande massa e com uma vida muito curta, da ordem dos milhões de anos, enquanto que o Sol tem uma vida de 10 mil milhões de anos. Portanto, se temos muitas estrelas O e B a formarem-se então temos muita radiação ultravioleta. Se não medimos muita radiação UV então isso significa que não existem estrelas do tipo O e B, ou seja não se estão a formar muitas estrelas.Tendo em conta este facto os astrónomos começaram a estudar os espectros das galáxias longínquas para estudar a formação de estrelas, pois assim tem-se uma ideia de como elas evoluem no tempo. No entanto, os astrónomos depararam-se ainda com uma dificuldade. A dificuldade é que todo o espectro se encontra deslocado para o vermelho, isto é, dado um comprimento de onda este encontra-se desviado para valores mais elevados. Os astrónomos quantificam esse desvio pela letra z. Tendo em consideração este efeito cosmológico os astrónomos podem saber em que região do espectro vai estar a zona do UV. Se uma galáxia tem um desvio para o vermelho de então o UV vai estar, por exemplo, na zona do espectro do óptico. Se tem um , então o espectro do UV vai estar na zona do infravermelho. Assim os astrónomos iniciaram as suas investigações. As primeiras investigações foram efectuadas pelo grupo de Lilly e posteriormente pelo grupo liderado por Madau. O primeiro observou com o telescópio do consórcio Canadá, Hawaii e França. O segundo com o telescópio espacial Hubble. As conclusões a que estes astrónomos chegaram foi que a grande época de formação de estrelas, portanto o máximo da intensidade no UV nas galáxias, ocorreu para desvios para o vermelho, z, da ordem de 1.5.
No entanto este trabalho foi colocado em causa, mais recentemente, por um outro grupo de investigadores, Pascarele e colaboradores. O que eles verificaram foi que tendo em conta a diminuição do brilho destas galáxias, devido ao factor cosmológico , esse máximo na intensidade no UV não ocorria para o valor de 1.5 mas para valores mais elevados.
Mas não é tudo. Têm-se descoberto pequenos sistemas proto-galácticos para distâncias muito grandes de nós, com uma grande formação de estrelas e gravitacionalmente ligados. Tudo isto parece sugerir que a formação das galáxias ocorreu em períodos muito mais recuados do que era pensado. Mais, que elas se formam através da fusão destes pequenos sistemas proto-galácticos ao invés de se formarem de acordo com o modelo ELS.
No entanto toda esta polémica poderá vir a ser resolvida quando tivermos à nossa disposição os novos instrumentos de observação como o VLT, o Gemini, ou seja, a nova geração de telescópios. Além disso está prevista a substituição do Hubble, por um telescópio com um espelho de oito metros. Esperam-se por isso novos desenvolvimentos em relação ao conhecimento de como se formam e evoluem as galáxias, e naturalmente como evolui o universo.
PM