O Hélio Veiga observou e fotografou o eclipse parcial do Sol de 11 de Agosto em Armamar, uma aldeia do distrito de Viseu. Publicamos aqui duas das suas fotografias, a primeira tirada às 11h:02m (no máximo) e a segunda às 12h:05m. Foram obtidas com uma teleobjectiva de 800 mm, equipada com um filtro de soldador n11 e um filtro sépia de densidade 4.
O texto que se segue veio da Escola Secundária da Cidadela, Cascais e foi escrito pelos professores Maria Leonor Cabral e Rui Vieira Farinha, coordenadores do Núcleo de Investigação em Astronomia da Cidadela (NIAC). Devido a problemas de espaço publicaremos este texto em várias partes.
Já alguma vez pensaram na sorte do Homem primitivo e na de outros que se seguiram? À noite o céu era menos tímido. Mostrava-se na sua imensidão. Revelava os seus segredos. Sem poluição luminosa era fácil delinear traçados e imaginar no céu a projecção dos nossos medos e anseios como também das virtudes e alegrias. Hoje, vencer a barreira da poluição luminosa é mais complicado. Mas as dificuldades pouco interessam quando o estímulo é grande. Num repente, vem a noite. Uma série de "estrelas terrestres", verdes, azuis, castanhas e mesmo pretas, com um brilho intenso, contemplam as suas companheiras da esfera celeste. São olhos de cabeças no ar. Tentam jogar com elas. Descobrir-lhes as formas. Fotografá-las para a posteridade. Pai, olha, vês? Fui eu que tirei esta fotografia! Aparece a Lua. Parece uma adolescente com acne. "Stôres" vamos fotografá-la? E pronto, lá ficaram algumas "borbulhas" inseridas no computador. O tempo passa depressa. Esta nossa Terra gira muito rápido. As nossas estrelas aqui da Terra começam a piscar. Morfeu vem tolhê-las de mansinho. As pálpebras vão-se fechando, tranquilas, porque sabem que amanhã há mais! E, aqui, os "Stôres" não se importam que os alunos andem de cabeça no ar ou na Lua. (Cá entre nós, até os incentivam!!!)
A figura mostra um pormenor da Lua obtido com um telescòpio reflector Newton de 200 mm.
Tudo isto é possível porque alguns professores e alunos da Escola Secundária da Cidadela partilham uma mesma paixão: a Astronomia. Após a descoberta deste interesse comum resolveu criar-se um Núcleo. E assim foi. Após as devidas autorizações estava criado o Núcleo de Investigação em Astronomia da Cidadela (NIAC), em Outubro de 1998. E quando estávamos entretidos nas nossas tarefas simples, desanimados com a informação de que o Projecto Galileu, ao qual nos candidatámos, não iria disponibilizar verbas para os projectos do presente ano lectivo, recebemos uma resposta positiva do Programa Ciência Viva. O nosso Projecto "Aquisição e Tratamento de Dados Experimentais no Âmbito da Astronomia" tinha sido aprovado. Muito mais se poderia fazer agora. E fez-se.
Neste momento o Núcleo envolve alunos dos 8, 9 e 10 anos mas a adesão de vários quadrantes da comunidade escolar tem sido cada vez maior, o que nos entusiasma a prosseguir nesta tarefa de ocupar os jovens com uma actividade aliciante e bela. A interdisciplinaridade é outra meta que pretendemos atingir. Muitas vezes é na simplicidade que nos encontramos realmente. E são simples as coisas que temos feito. Mas na nossa "Bolsa de Valores" os índices estão muito elevados. Porque tudo foi feito com prazer e com vontade. Já se concretizaram muitas actividades, as quais descreveremos no próximo número.