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O Resto do Universo (cont.)

Os últimos anos demonstraram a importância e a necessidade de observações no infravermelho para a compreensão do Universo. Observações dos locais de nascimento de estrelas, descoberta de discos proto-planetários e o estudo de galáxias no infravermelho são exemplos do que missões como o IRAS e o ISO possibilitaram. Uma grande parte da história do Universo está apenas acessível no infravermelho e novas missões estão a ser planeadas para prosseguir o estudo do Universo nestes comprimentos de onda.

O SIRTF (Space InfraRed Telescope Facility), cujo lançamento está previsto para Dezembro de 2001 e que se espera possa funcionar durante 5 anos, está a ser desenvolvido pela NASA em conjunto com universidades e instituições norte-americanas. Poderá efectuar observações no intervalo do espectro electromagnético compreendido entre os 2 e os 200 micrometros através do uso de 3 instrumentos: uma câmara capaz de obter imagens simultaneamente a 3.6, 4.5, 5.8, e 8 micrometros, uma segunda câmara para o infravermelho longínquo, trabalhando em "janelas" centradas a 24, 70 e 160 micrometros, e um espectrógrafo para espectroscopia de baixa e média resolução entre os 4 e os 40 micrometros.

Procurando estabelecer um programa de pesquisa capaz de maximizar os resultados científicos para esta missão (identificando os temas com maior potencial científico, dadas as características únicas deste observatório), o grupo de aconselhamento científico para o SIRTF identificou quatro áreas onde este observatório poderá efectuar contribuições importantes e únicas: a procura de anãs castanhas e "super-planetas", a descoberta e estudo de discos planetários e proto-planetários, o estudo das galáxias ultraluminosas (no infravermelho) e núcleos galácticos activos e o estudo do Universo distante.

A procura de anãs castanhas, corpos com massas intermédias entre estrelas e planetas (massa inferior a 0.8 MS, onde MS representa a massa do Sol), e de "super-planetas" (com massas entre a massa de Jupiter, 0.001 MS, e 0.01 MS) em órbita de estrelas próximas é importante para compreender qual a contribuição destes objectos para a massa "não estelar" da Galáxia (que constitui mais de 90% da sua massa total). Estes corpos radiam no infravermelho a energia acumulada no seu processo de formação, sendo por isso a sua detecção possível com o SIRTF. O seu estudo fornecerá ainda importantes pistas sobre o processo de formação de estrelas e planetas.

De entre as muitas descobertas do IRAS, a detecção de discos de poeira em torno de estrelas semelhantes ao Sol e a descoberta de uma classe de galáxias que emite a maior parte da sua radiação no infravermelho foram talvez as que causaram maior sensação nos meios científicos. Muito mais sensível, espera-se que o SIRTF detecte discos de poeira em torno de um número apreciável de estrelas, o que permitirá determinar se a existência destes discos está relacionada com o tipo de estrela. As condições físicas nestes sistemas poderão ser determinadas e comparadas com as que se pensam ter ocorrido na juventude do Sistema Solar. No caso das galáxias ultraluminosas no infravermelho, sabe-se hoje que estes objectos resultam da colisão ou interacção muito forte entre sistemas de várias galáxias. O SIRTF permitirá detectar estes objectos a distâncias muito elevadas, o que fornecerá indicações importantes acerca da idade de formação das galáxias no Universo.

A sensibilidade do SIRTF permitirá estudar as características do Universo distante (ou, equivalentemente, do Universo no passado). Observando no infravermelho longínquo, o SIRTF poderá, por exemplo, detectar galáxias a atravessarem episódios de formação estelar activa (o ultravioleta produzido pelas estrelas mais massivas e jovens é absorvido pela poeira e re-emitido no infravermelho) no Universo distante. Tal será usado para estudar a história da formação estelar no Universo e a evolução das galáxias.

Um esboço do SIRTF na sua òrbita heliocêntrica, uma inovação relativamente ao IRAS e ao ISO.

JMA



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