Nos últimos anos temos assistido à descoberta de inúmeros planetas em torno de outras estrelas. No entanto, a técnica utilizada não permite obter directamente a massa dos planetas encontrados, mas apenas um valor mínimo para esta. Os valores obtidos, e a probabilidade extremamente baixa de que estes não se tratem realmente de planetas, deixa muito poucas dúvidas quanto à natureza dos objectos, mas faltava uma prova irrefutável que pudesse convencer os mais cépticos (ver a série de artigos sobre "Planetas extra-solares" no O Observatório, Vol.5, n 3, 4 e 5).
Assim, já há algum tempo que os astrónomos tentavam detectar os planetas encontrados por outro método, se possível um método mais directo, por exemplo, tentar medir a diminuição do brilho da estrela aquando da passagem do planeta à sua frente - o chamado "trânsito" planetário. Para que um fenómeno destes seja observável é necessário que o planeta, na sua órbita, passe entre nós e a estrela. Se para um planeta com as características da Terra a probabilidade é bastante baixa, no caso dos planetas gigantes encontrados em torno de outras estrelas (que se encontram muito próximo das respectivas estrelas) a probabilidade de um tal acontecimento ronda os 10%, um valor relativamente alto e que permitia "sonhar" com uma tal medição.
Após várias tentativas, uma equipa de astrónomos norte-americanos e europeus conseguiu pela primeira vez detectar um trânsito planetário em torno da estrela HD 209458, uma estrela na constelação do Pégaso. O planeta em causa tinha sido detectado pela primeira vez através do método das "velocidades-radiais", em que o movimento da estrela em torno do centro de massa do sistema estrela-planeta é detectado a partir da medição da velocidade da estrela na direcção da nossa linha de visão. A partir dos dados obtidos por esse método, os astrónomos puderam determinar o momento esperado para o trânsito planetário. Fazendo então medições de fotometria de alta precisão (com erros inferiores a 0.004 magnitudes), os astrónomos puderam ver a variação de brilho da estrela causada pela passagem do planeta à sua "frente".
Juntando os dados da fotometria com os resultados da medição da velocidade radial, determinou-se que a massa do planeta descoberto é 0,68 vezes a massa de Júpiter. Curiosamente, o raio deste planeta é 1,27 vezes maior que o de Júpiter visto que, como se encontra muito próximo da estrela (20 vezes mais próximo desta do que a Terra do Sol), tem a sua atmosfera "expandida".
Bactérias no Lago Vostok.
A descoberta de bactérias em condições extremas, aqui no planeta Terra, permite pensar na existência de vida em Europa, uma das luas de Júpiter.
A 3623 metros de profundidade, sob a superfície de um glaciar na Antárctica, há um lago de água fresca conhecido como o Lago Vostok. Neste lago foram encontradas bactérias que se julga estarem "encarceradas" desde há milhões de anos. Estes microrganismos sobrevivem em condições peculiares. A esta profundidade as únicas fontes de energia são a intensa pressão produzida pelo glaciar, que liberta algum calor, e a energia geotérmica libertada pela superfície terrestre. Estas duas fontes de energia, combinadas, fazem com que a água se mantenha no estado líquido. O gelo acaba por servir como isolador permitindo que a temperatura se mantenha constante.
Outro dos aspectos que intrigam os cientistas é a forma como as bactérias obtém os nutrientes necessários ao seu metabolismo. Julga-se que estes microrganismos obtêm os nutrientes a partir de matéria orgânica depositada no fundo do lago há milhões de anos.
Os astrónomos pensam que condições semelhantes existam em Europa. As últimas missões espaciais a esta lua permitiram descobrir que Europa está coberta por camadas de gelo. Além disso, descobriu-se que estas camadas se encontram, possívelmente, sobre oceanos de água, pois o gelo está fragmentado devido ao movimento dos oceanos. Se nesta lua existirem fontes de energia interna, então será possível a existência de vida. Sabe-se que a fonte interna de energia desta lua (assim como a de Io) é produzida pela distorção desta devido à força gravitacional de Júpiter e das luas mais externas, que a faz "esticar" quando passa entre o planeta-mãe e uma lua mais distante.
Esta descoberta permite alargar o nosso conhecimento das condições em que a Vida pode existir e ponderar sobre a possibilidade da sua existência no Sistema Solar para além da Terra.
NS & PM