Um dos pilares científicos do modelo da formação do Sistema Solar puderá vir a ser revisto. A ideia de que a água terá surgido nos primeiros estágios da formação do Sistema Solar pode não estar correcta.
A forma como os investigadores custumam datar o aparecimento de água na superfície dos planetas, em particular na Terra, é efectuada recorrendo à detecção de certos minerais, mais precisamente de carbonatos.
A descoberta de carbonatos em asteróides e meteoros muito antigos, fazia supor que teria que existir água nas primeiras fases da formação do Sistema Solar para que estes se pudessem formar, pois acreditava-se que a formação destes compostos requeria água.
Porém, uma equipa de astrofísicos internacionais, usando dados obtidos pelo satélite ISO da European Space Agency (ESA), vêm demostrar que talvez não seja necessário água para a formação destes carbonatos. Esta equipa descobriu grandes quantidades de carbonatos em regiões próximas de duas estrelas moribundas. Esta descoberta vem mostrar que a presença de carbonatos, e portanto, a sua formação, não tem que estar necessariamente associada à água, pois nestas regiões ela não existe.
Fig.1 Imagem da nebulosa NGC 6537. Cortesia ESA & Garrelt Mellema (Universidade de Leiden, Holanda)Os espectros obtidos, e com os quais se detectou a presença de carbornatos, pertencem aos objectos celestes NGC 6302 e a NGC 6537. Estas duas nebulosas são o resultado do intenso vento estelar emitido nos últimos 10 mil anos. Foi exactamente no material emitido pelas estrelas que o ISO detectou os carbonatos. Os espectros obtidos, e com os quais se detectou a presença de carbornatos, pertencem aos objectos celestes NGC 6302 e a NGC 6537. Estas duas nebulosas são o resultado do intenso vento estelar emitido nos últimos 10 mil anos. Foi exactamente no material emitido pelas estrelas que o ISO detectou os carbonatos.
Supernovas e extinções.
Os paleontologistas acreditam que a extinção marinha Pleistocene-Pliocene foi o resultado do aumento de ultravioletas solares ao nível do mar. Estes provocaram a destruição de boa parte dos microrganismos que sustentavam o ecosistema oceânico.
Há, aproximadamente, 2 milhões de anos a atmosfera terreste foi sujeita a um intenso bombardeamento de raios cósmicos, que levou à destruição de parte da camada de ozono e ao aumento da radiação ultravioleta ao nível do solo.
Uma equipa de astrónomos acredita que este acontecimento está relacionado com a "Bolha Local". A Bolha Local não é mais do que uma bolha quente, com uma temperatura de aproximadamente K, de pequena densidade e com 150 parsec (pc) de diâmetro, resultado de uma série de supernovas (supernovas são explosões de estrelas de elevada massa). Um conjunto de supernovas, à taxa de uma por milhão de anos, de estrelas OB terá ocorrido na associação Escorpião-Centauros nos últimos 10 milhões de anos, produzindo esta bolha.
Fig2. Ilustração da bolha local.Esta associação divide-se em três subgrupos, designados por "Lower Centaurus Crux" (LCC), "Upper Centaurus Crux" (UCC) e "Upper Scorpius" (US).As distâncias actuais a estes subgrupos são calculadas recorrendo à trigonometria de paralaxe e com a informação da dinâmica destes grupos, no seio da galáxia, podemos calcular a posição destes nos últimos milhões de anos. Com esta informação os astrónomos puderam "recuar" no tempo e descobrir que, há cerca de 2 a 3 milhões de anos, o subgrupo LCC pode ter estado à distância de 40 pc da Terra. A esta distância a Terra terá ficado sujeita à intensa radiação de raios cósmicos, produzidos pelas supernovas, tendo como consequência a destruição de parte da camada de ozono.
Este resultado está em concordância com o facto de alguns depósitos geológicos, com idades compatíveis com a data da maior aproximação do subgrupo LCC, conterem um excesso do isótopo de ferro, Fe. Ora, o isótopo Fe é produzido em grande quantidade durante estes episódios explosivos.
PM