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A ESA: um "clube de golfe"

Ser parte da ESA (European Space Agency) é comparável a ser membro de um clube de golfe, mas daqueles mesmo chiques! A quota anual é bem cara (10 milhões de Euros por ano), mas o clube é dos melhores que há: boas instalações, tecnologia da mais moderna, gente importante, enfim, ser membro deste clube é um privilégio. E o "jogo"? Afinal de contas, Portugal tornou-se membro para jogar. Ah, mas para isso é preciso comprar o material (sapatos, carrinho, bolas, tacos), e mais importante ainda, saber jogar e ter uma equipa bem treinada e equipada. Pois, porque senão, a única coisa que resta fazer é ficarmos sentados num banco (com vista privilegiada, naturalmente), e ver os outros jogarem ou talvez, com sorte, ajudá-los a jogar.

A ESA tem actividades em várias áreas diferentes: ciências da Vida, ciências da Terra, ciências do Espaço, desenvolvimento de tecnologias espaciais, telecomunicações, para mencionar só algumas. Funciona com um programa obrigatório, para o qual cada estado membro (há 15 no total) obrigatoriamente contribui. Este programa inclui o programa científico, portanto as missões para os planetas, o Sol, observatórios espaciais, e observação da Terra. Além deste existem os programas opcionais, em que cada nação decide se quer ou não participar. Os programas opcionais constituem a maior parte das actividades da ESA. Portanto, para jogar o jogo da ESA, é preciso ter ou construir equipas profissionais para cada uma das áreas. Nomeadamente, para a área das ciências planetárias, ainda não existem muitas pessoas a trabalhar. No entanto, é uma área de trabalho muito interdisciplinar, pois o estudo da atmosfera de Marte, por exemplo, tem muito a ver com o estudo da atmosfera terrestre. Assim, um meteorologista tem todas as qualidades para trabalhar sobre uma missão que faz observações da atmosfera de Marte. Do mesmo modo, as pessoas que estudam a geofísica ou geologia na Terra, facilmente se adaptariam ao estudo geofísico de outros corpos do Sistema Solar. As missões que a ESA está a desenvolver para estudar o Sistema Solar são (ver http://sci.esa.int para mais informações):
* Cassini/Huygens: missão em conjunto com a NASA, para o planeta Saturno e os seus anéis e satélites (Cassini/NASA) e o satélite Titã (módulo Huygens/ESA). Está a caminho, e vai chegar em finais de 2004; * Mars-Express - Beagle2: missão para o planeta Marte. Beagle2 vai pousar os pés em Marte e fará a análise de várias parâmetros, entre outros leva instrumentos para determinar se alguma forma de vida é ou foi possível neste planeta. Será lançado em 2003; * Rosetta: missão para o cometa Wirtanen. Vai orbitar o núcleo do cometa e estudar os processos físicos que ocorrem durante a sua aproximação ao Sol. Também leva um lander que vai tentar fixar-se na superfície. Será lançando em 2003, mas só chegará no fim desta década; * SMART-1: Missão de teste de tecnologia de propulsão iónica. Será lançado ainda este ano, e vai fazer uma caminhada muito lenta em direcção à Lua, onde chegará muitos meses depois. Sobre esta missão trabalham pessoas portuguesas (ver www.oal.ul.pt/CEPT); * BepiColombo: missão para o planeta Mercúrio. Neste momento está em fase de desenvolvimento, mas a execução está prevista só para o fim desta década.

Para chamar atenção para as possibilides de participação científica por investigadores (e estudantes!) portugueses nestas missões, realizar-se-á um Grupo de Trabalho (Workshop) no Observatório Astronómico de Lisboa/ Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa nos dias 7 e 8 de Março. Este encontro tem a designação Workshop sobre a Investigação do Sistema Solar em Portugal com a ESA. Alguns responsáveis da ESA pelas missões mencionadas acima virão falar sobre elas, perante um público principalmente académico. É apenas um pequeno passo no processo de adesão completa e participação activa do País na ESA, a construção de equipas para jogar. E reparem, as missões são sempre planeadas com muitos anos de antecedência, e por isso, você que está a ler isto agora, talvez esteja interessado, futuramente, em trabalhar numa destas missões. Ainda no âmbito deste workshop, no dia 8 de Março (sexta-feira), às 21h30, haverá uma palestra (em inglês) para o grande público sobre o programa científico da ESA. Quem não puder estar presente e quiser saber mais sobre estas actividades, pode consultar a página da ESA em português em http://www.esa.int/export/esaCP/Portugal.html.

Doutor Maarten Roos Serote
Observatório Astronómico de Lisboa



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