Em Astronomia estudamos objectos que por estarem muito distantes, parecem-nos, não só muito pequenos mas também extremamente pouco brilhantes. Ou seja, mesmo que possam ser intrinsecamente muito brilhantes, o seu fluxo luminoso reduz-se muitíssimo devido às grandes distâncias que nos separam deles, pelo que vistos da Terra, surgem como possuindo um brilho muito fraco. Um telescópio destina-se a fazer com que consigamos "ver", isto é, detectar esses objectos. Há pois que recolher e armazenar o máximo possível de luz e na realidade, um telescópio é pouco mais do que um colector de luz. Cumpre a função de recolha de luz, sendo a amplificação um aspecto secundário, importante apenas para objectos do Sistema Solar.
O conjunto de telescópios, VLT, no Observatório do Cerro Paranal do ESO, no deserto do Atacama, no noroeste do Chile.
Os telescópios modernos estão equipados com espelhos de diâmetros tão grandes quanto possível, de modo a que a sua enorme área possa recolher a maior quantidade de luz possível em cada segundo. Com a tecnologia actual, os maiores telescópios ópticos (usados para recolher luz visível) que se podem construir e manobrar de uma forma prática têm diâmetros da ordem de 8 ou 10 metros.
Para além de "enormes", os melhores telescópios estão também equipados com sistemas de óptica activa e óptica adaptativa. Os primeiros corrigem as deformações do espelho devido ao seu próprio peso. Os segundos corrigem as deformações das imagens introduzidas pelas distorções das frentes de ondas luminosas produzidas pela atmosfera. Desta forma, os melhores telescópios do mundo, apesar de localizados sobre a superfície da Terra, conseguem actualmente obter imagens essencialmente da mesma qualidade que as imagens do telescópio espacial Hubble em órbita acima da atmosfera terrestre.
No domínio da Rádio-Astronomia, os melhores telescópios do mundo, são aqueles que são constituídos por conjuntos de antenas trabalhando em coerência, naquilo que se chama a técnica de interferometria. Para além dos que se encontram actualmente em funcionamento e de grande sucesso científico (VLA, ATCA, MERLIN), encontra-se em construção, o melhor telescópio do mundo (ALMA) que detectará luz de comprimentos-de-onda da ordem do milímetro, com resoluções semelhantes à do telescópio Hubble. Quando em operação (2008), trará descobertas espantosas em todas as áreas da Astronomia, do Sistema Solar, às estrelas, às galáxias e enxames de galáxias.
O conjunto de telescópios ALMA (Atacama Large Millimeter Array), no planalto de Chajnantor, em pleno deserto do Atacama, no norte do Chile (concepção de artista).
Também na Astronomia do visível e infravermelho, se dão os últimos passos para a utilização de interferometria. Esta virá permitir a medição do diâmetro de estrelas, a descoberta de novos planetas extra-solares e um estudo detalhado do mecanismo central de um quasar.
Em todos estes domínios, o Observatório Europeu do Sul (ESO) encontra-se na vanguarda da exploração astronómica, e Portugal como membro do ESO pode participar na descoberta e no prestígio que daí pode advir. Bastará para isso ter uma visão larga e apoiar a investigação e formação em Astronomia.
Prof. Doutor João Lin Yun