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(Palestra do Mês)

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Planetas Extrasolares

Recentemente têm vindo a público notícias que dão conta da descoberta de planetas exteriores ao nosso Sistema Solar. Esta revolução a nível científico teve início em 1995 quando uma equipa de astrónomos liderada pelo Professor Michel Mayor (Observatório de Genève) descobriu a existência de um planeta em torno de uma estrela, chamada 51 Pegasus.

Para discutir esta e outras descobertas semelhantes feitas posteriormente, realizou-se em Lisboa, no passado mês de Abril, uma conferência intitulada "Extrasolar Planets: Formation, Detection and Modelling". Esta deu a possibilidade aos astrónomos de discutir os últimos desenvolvimentos neste campo da astronomia.

Os métodos de detecção foram um dos temas abordados durante a conferência. Uma maneira de detectar planetas extrasolares seria através da observação directa do disco do planeta. Porém, tal não é possível, dado que a luz reflectida por um planeta é totalmente ofuscada pela luz emitida pela estrela. Mais ainda, com os instrumentos actuais, a observaçãodo disco não é possível, já que a resolucão angular dos telescópios (dependente da óptica dos instrumentos e da atmosfera terrestre) não é suficientemente elevada para se poder separar o planeta da estrela.

Assim, recorrem-se a vários métodos "indirectos". Um deles consiste em analisar as perturbações da trajectória da estrela. Devido à atracçãogravitacional entre a estrela e o seu acompanhante, a estrela move-se em torno do centro de massa do sistema. Quanto maior a massa, maior será o raio da trajectória da estrela em redor do centro do sistema. O movimento da estrela pode ser observado, e existem duas formas de o estudar. A primeira baseia-se no estudo das posicões que a estrela tem no céu. Se a estrela descreve uma determinada trajectória no céu, tal pode indicar que um ou mais planetas a orbitam. Este método recorre então ao estudo astrométrico da estrela. Por outro lado há o método da Velocidade Radial que utiliza o efeito de Doppler. Tal como acontece ao som ( um apito de um comboio surge-nos mais agudo ou mais grave consoante este se aproxima ou afasta de nós) a luz de uma estrela também é afectada quando esta se afasta ou se aproxima do observador. Neste caso o que sucede é que o comprimento de onda da luz se desvia para o azul quando a estrela se aproxima de nós e para o vermelho quando esta se afasta. Esta variação em comprimento de onda pode ser medida com muita precisão. Ora, como esta variação depende da velocidade relativa é possível calcular a velocidade da estrela durante o movimento de aproximação e de afastamento.

Outra abordagem consiste em observar ocultacões parciais da estrela quando um planeta se interpõe na linha de visão da estrela. No entanto esta abordagem é muito complicada pois a probabilidade do plano da órbita do planeta estar alinhada com a nossa linha de visão é muito pequena. Para além deste facto a ocultação não duraria mais do que algumas horas. Este método pode, no entanto, ser muito útil para confirmar uma detecção realizada por outro método.

Uma outra possibilidade consiste em utilizar o efeito de micro-lente gravitacional. O princípio físico subjacente a este método consiste no facto de os raios emitidos por uma estrela serem desviados das suas trajectórias originais quando passam nas proximidades de um objecto compacto. Nessa situação a luz da estrela é momentaneamente intensificada. Assim, quando se observa uma área do céu com muitas estrelas e se regista um aumento na intensidade de uma estela tal pode indicar que algum objecto passou entre nós e a estrela. Esta é uma área em que o projecto YALO está também envolvido (ver O Observatório, Vol.4, no 3).

Por último, pensa-se fazer uso dos efeitos do campo magnético que o planeta possa possuir. Tal como acontece no nosso Sistema Solar, é provável que alguns planetas extrasolares tenham um campo magnético associado. O que acontece é que estes campos aceleram as partículas cósmicas fazendo com que estas emitam radiação electromagnética na região do rádio. Desta forma, monitorizando estrelas que se encontrem nas nossas proximidades, poderemos eventualmente detectar ondas de rádio associadas a este fenómeno e assim inferir a existência de um planeta.

Aguardemos novas e excitantes notícias sobre a busca e o estudo dos planetas extrasolares.

PM



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