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ETA CARINAE : A AGONIA DE UMA ESTRELA
A cerca de 7500 anos-luz de nós, a estrela Eta Carinae é um verdadeiro "monstro'': tem cerca de 100 vezes mais massa que o Sol, é a estrela mais luminosa que conhecemos em toda a Galáxia (emitindo 5 milhões de vezes mais luz que a nossa estrela), e o seu diâmetro excede o da órbita de Júpiter. Na realidade, este "monstro" chega agora ao final da sua curta vida. De tempos em tempos apresenta explosões gigantescas, as últimas das quais tiveram lugar em 1841 e 1890. Na primeira destas, a Eta passou de uma estrela insignificante ao segundo objecto mais brilhante do céu, e deu origem à chamada nebulosa do homunculus. Na altura, a única estrela que continuou a ser mais brilhante que ela foi Sírius, que se encontra 830 vezes mais próxima de nós. As estrelas como a Eta Car perdem grandes quantidades de matéria em poderosos ventos estelares induzidos pela "pressão de radiação", em que a luz da estrela arrasta o "gás" da sua atmosfera. Neste caso, o fluxo de matéria é tão grande que se torna difícil definir onde acaba a estrela e começa a nebulosa circundante. Mas agora, uma equipa de astrónomos utilizou o sistema de óptica adaptativa NAOS-CONICA de um dos telescópios de 8.2-m do VLT, e obteve imagens desta estrela com grande resolução. As imagens mostram que a Eta é rodeada de bolhas de gás nunca antes vistas. Estas observações foram complementadas com outras realizadas com o auxílio do interferómetro do VLT, que possibilitaram o estudo da forma da própria estrela. Verificou-se que as camadas exteriores da Eta não são simétricas, e que um dos eixos da estrela é 1,5 vezes maior que o outro. A estrela parece ser elongada na mesma direcção em que estão alinhados os dois lóbulos da nebulosa (ver figura). Este resultado implica que o vento estelares tá a ser expelido pelos pólos da estrela, algo que não é esperado, já que tradicionalmente, e devido à acção da força centrífuga, as estrelas são achatadas no equador (ver O Observatório, vol. 9, n.º 5). A explicação é curiosa: como a estrela é achatada, o material nos pólos está mais perto do centro da estrela do que o material no equador. Logo, estes são mais quentes, e a pressão da radiação é assim mais forte aí. A estrela vai então emitir mais "vento estelar" pelos pólos. Como todas as estrelas de grande massa, a morte da Eta Car deverá ocorrer numa explosão gigantesca: uma Supernova. E neste caso, a única coisa que sabemos é que será em breve (10 ou 20 mil anos?), transformando a Eta numa "estrela" tão brilhante que deverá ser visível mesmo à luz do dia. Nuno Santos CAAUL/OAL |
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SUPER ESTRELAS NO UNIVERSO JOVEM
O que é fascinante é o facto de este objecto aparentar produzir estrelas incrivelmente massivas, muito maiores que praticamente qualquer estrela que vemos na Galáxia, o que leva a crer que não estamos a observar o nascimento de uma galáxia, mas sim a uma galáxia passando por uma fase de enorme crescimento. A força gravitacional do distante enxame de galáxias, que se encontra a 5,4 mil milhões de anos-luz da Terra, forma uma "lente gravitacional", encurvando e intensificando a luz da ainda mais distante região de nascimento de estrelas, permitindo aos astrónomos o estudo de um exemplo deste fenómeno quando o Universo tinha apenas cerca de 15% da sua idade actual. Embora existam muitas outras galáxias semelhantes a esta, o facto de esta ser mais brilhante devido à "ampliação" ou lente gravitacional, permite um estudo com muito mais pormenor do que as outras. Esta região de formação de estrelas é um milhão de vezes mais brilhante que a bem conhecida região local da nebulosa do Orionte. Ao contrário das quatro estrelas brilhantes e massivas localizadas no coração da nebulosa de Orionte, a fonte do arco do Lince contém aproximadamente um milhão de estrelas brancas-azuladas, que são pelo menos duas vezes mais quentes do que as da nebulosa de Orionte, ou do que qualquer outra estrela similar na Via Láctea. Estrelas massivas normais na nossa vizinhança cósmica têm temperaturas de superfície de cerca de 40 000 graus Celsius ou menos. Contudo, a equipa de astrónomos calcula que as estrelas desta região distante tenham temperaturas de superfície tão altas como 80 000 graus Celsius. José Afonso CAAUL/OAL |