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Os Melhores Observatórios do Mundo
Observatório Europeu do Norte
As ilhas Canárias, ao largo da costa de África.
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As ilhas Canárias, a oeste da costa do Sahara e a sudoeste da Península Ibérica, têm condições privilegiadas para a observação astronómica. Isto é assim devido à grande altitude das suas montanhas, que combinada com a acção dos ventos alísios, faz com que as nuvens se formem abaixo dos cumes (formando o que se chama "mar de nuvens") de modo que no topo o céu está quase sempre limpo. Já os antigos povos que moravam nas ilhas, antes dos espanhóis lá chegarem no século XV, maravilharam-se com a beleza dos céus das Canárias. Estes povos, adoradores do Sol e da Lua, escolhiam como locais sagrados aqueles que tinham uma orientação astronómica especial. Cinco séculos depois situa-se nas ilhas Canárias um dos melhores observatórios do mundo: o Observatório Europeu do Norte, conhecido como "ENO" pelo acrónimo em inglês. O ENO compreende os observatórios "del Roque de los Muchachos" (ou qualquer coisa como "da Montanha dos Rapazes" ) e "del Teide" , para além do "Instituto de Astrofísica de Canarias" ( IAC ) e do futuro "Centro Común de Astrofísica de La Palma".
Observatório del Roque de Los Muchachos
O Observatório del Roque de los Muchachos na ilha de La Palma situa-se à beira da cratera de um antigo vulcão... Cortesia Miguel Briganti (IAC).
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O Observatório del Roque de Los Muchachos está em La Palma que tem a particularidade de ser a ilha do mundo com a maior razão altitude/superfície (atinge cerca de 2.500m de altitude, ocupando uma área de apenas 720 Km2) o que faz com que seja geologicamente instável. De facto estudos recentes prevêem o seu afundamento... esperemos que num futuro longínquo! Mas o que sem dúvida faz a ilha especial em termos da Astronomia é a "lei do céu" criada pelos governos locais para limitar e regulamentar a iluminação das povoações e estradas da ilha. Portanto, não só a natureza mas também a solidariedade do povo palmero, fazem com que La Palma tenha um dos céus mais "limpos" do Mundo.
O Observatório foi inaugurado oficialmente em 1985 (após uma discussão bastante acesa com o Ministério da Defesa que queria dar uso militar ao local!). Porém, já no ano de 1978 tinha-se colocado o telescópio solar alemão Benahoare e em 1984 os telescópios britânicos Isaac Newton e Jacobus Kapteyn e o hispano- -dinamarquês Círculo Meridiano de Carlsberg. Actualmente são muitos os países europeus que têm telescópios em La Palma. O maior é o também britânico William Herschell que com um espelho de 4.2 metros de diâmetro é o maior da Europa. Com ele têm-se feito numerosas descobertas como, por exemplo, a confirmação da existência dum buraco negro na Galáxia. O segundo maior telescópio é o italiano Telescopio Nazionale Galileo de 3.5 m, construído à imagem do NTT, em La Silla, que já mereceu atenção num número anterior de "O Observatório, Vol.9, n.º 5". Os países nórdicos (Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia), instalaram o telescópio NOT de 2.5 m que se gaba de ser um dos que menos "avarias" tem sofrido ao longo da sua vida. A lista completa-se com o telescópio Mercator da Bélgica, o robótico da Universidade de Liverpool e o telescópio internacional MAGIC, um detector de radiação gama por efeito
Imagem óptica (banda R) da Mrk 348, revelando pela primeira vez a sua interacção com uma galáxia companheira.
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Cherenkov (isto é, detecta a radiação visível produzida pela radiação gama - extremamente energética - quando penetra na atmosfera terrestre). Para além dos telescópios nocturnos, el Roque de los Muchachos conta com os telescópios solares DOT (holandês) e SST (sueco). Este último, com um metro de diâmetro, é o maior da Europa e o segundo do mundo, tendo uma resolução espacial excepcional: se Portugal estivesse na superfície do Sol, com ele poderíamos distinguir a cidade de Setúbal da de Lisboa! Mas o "pai de todos os telescópios" será com certeza o Gran Telescópio de Canarias (Grantecan) com um espelho de 10.4 metros de diâmetro que o converterá no maior telescópio óptico do mundo. O Grantecan está agora a ser construído em Espanha com a colaboração de instituições Mexicanas e dos Estados Unidos com uma tecnologia semelhante à do telescópio KECK no Havai cujo espelho primário é na realidade um agregado de 36 espelhos hexagonais como já tínhamos também falado num número anterior deste boletim. Quando estiver terminado, por volta do ano de 2005, o Grantecan permitirá observar os objectos mais longínquos e fracos do Universo.
Os astrónomos do CAAUL/OAL utilizam frequentemente os teles-cópios deste Observatório. Por exemplo, Sónia Antón e colaboradores utilizaram o telescópio NOT no Observatório del Roque de los Muchachos para observar a galáxia Mrk 348, que se sabe conter um buraco negro. As observações revelaram que esta galáxia se encontra em interacção com uma companheira (à esquerda, na imagem). Curiosamente, esta interacção parece não influenciar a actividade do buraco negro na Mrk 348, algo que necessita de ser compreendido.
Observatório del Teide
O Observatório del Teide está na ilha de Tenerife, embora não exactamente no Teide, que com 3718 metros é a montanha mais alta de Espanha, mas no monte vizinho, Izaña, a "apenas" 2400 metros acima do nível do mar. Teide na língua dos aborígenes canários significa "morada do diabo". Segundo a tradição o diabo sequestrou o Deus do Sol, Magec, e levou-o com ele para o interior do Teide. Então as trevas cobriram a ilha até que o povo pediu ajuda ao Deus supremo do Céu, Achamán, que fechou o diabo para sempre na montanha e libertou o Sol. Seja como for, o certo é que o Teide, onde quase todos os dias são soalheiros, é um local perfeito para a observação do Sol, pelo que o observatório está especialmente dedicado aos estudos solares. A história do observatório começa em 1964 após a colocação do primeiro telescópio dedicado à observação da luz zodiacal ou luz dispersada pela matéria interplanetária. O mais antigo dos telescópios solares no Teide é o alemão VNT (Vacuum Newton Telescope) que tem um espelho de 40 cm. Também alemão é o VTT (Vacuum Tower Telescope), de 70 cm, que estuda principalmente a granulação solar com um instrumento especial para estabilizar as imagens solares. O maior telescópio solar do Teide é por enquanto o franco-italiano Themis de 90 cm, embora um novo telescópio alemão com um espelho de 1.5 m esteja agora a ser construído. Com o Themis, que tem um instrumento para fazer imagens tridimensionais, os astrónomos estudam sobretudo os campos magnéticos do Sol. O estudo do Sol completa-se com com o "laboratório solar" que contém um conjunto de detectores para helio-sismologia, ou seja, para os astrónomos medirem os movimentos sísmicos do Sol assim como na Terra os geólogos medem os terramotos.
O Observatório do Teide. A montanha Teide pode-se ver entre
os telescópios solares Themis (direita) e VTT (esquerda). Cortesia Miguel Briganti (IAC).
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Para as observações nocturnas o observatório del Teide tem telescópios mais modestos mas não menos importantes. A OGS (Optical Ground Station) é um telescópio da Agência Espacial Europeia (ESA) para testes de comunicação de satélites: até agora os satélites têm comunicado com a Terra com ondas de rádio e esta é a primeira experiência de utilização da região visível do espectro para comunicações. O telescópio espanhol TCS (Telescópio Carlos Sánchez) de 1.5 m de diâmetro foi durante muitos anos o maior telescópio para infravermelho do mundo. O também espanhol IAC80, com um espelho de 80 cm, tem o orgulho de ter descoberto a primeira anã castanha que se chamou Teide 1 em homenagem ao Observatório. Finalmente o telescópio STARE (STellar Astrophysics and Research on Exoplanets) procura planetas extra-solares. O conjunto completa-se com os instrumentos COSMOSOMAS e VLA (Very Small Array), das Universidades de La Laguna e Manchester, que detectam a radiação cósmica de microondas, a radiação mais antiga do Universo, produzida 380000 anos após o "Big-Bang".
Cristina Zurita
CAAUL/OAL
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