Página - 1* A magnífica supernova Cassiopeia A, uma explosão de cores. 2 3* Uma estrela veloz
* A Luz dos primeiros objectos do Universo
4* Medir Estrelas e Algo Mais 5* Planetas Extra-solares: detecção directa e expectativas 6* Para Observar em Janeiro
  VISIBILIDADE DOS PLANETAS
  Alguns Fenómenos Astronómicos
  Fases da Lua
* Astro Sudoku
7* O Céu de Janeiro
* Nascimento, Passagem Meridiana e Ocaso dos Planetas
(Versão do Boletim em PDF)
Editorial

Encerramento de Serviços no OAL

Eis que chegou um novo ano! Entrou-nos pela porta adentro e instalou-se dominando tudo e todos! Na mudança de ano, é costume fazerem-se balanços, avaliar-se o trabalho passado, perspectivar-se o futuro. A situação do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) impõe que se faça isso mesmo...

Se não vejamos... O OAL foi um dos pioneiros na oferta, desde 1995, de acções de divulgação científica para o grande público e para os estudantes em particular, numa altura em que poucos na comunidade científica davam alguma importância à divulgação científica. Desde essa data, e sob a influência (primeiro indirecta) da actual Direcção, o OAL passou de uma entidade esquecida e abandonada a uma instituição viva e dinâmica, que desempenha um papel de grande impacto científico, cultural e social, trazendo prestígio à Universidade de Lisboa (UL) e à sua Faculdade de Ciências, onde está integrado.

Contudo, todas estas iniciativas do OAL só têm sido possíveis graças a um enorme esforço por parte da Direcção e dos funcionários do OAL, em número largamente insuficiente para a quantidade e qualidade das actividades oferecidas ao público. Este esforço, que inclui muito trabalho voluntário, não é razoável pedir por mais tempo.

Apesar dos sucessivos alertas emitidos pela Direcção do OAL desde há pelo menos dois anos, da necessidade cada vez mais premente de adequar os meios humanos e materiais do OAL às actividades e iniciativas oferecidas, nenhuma solução foi conseguida, nenhum apoio concreto foi disponibilizado. Ora, convém esclarecer que, apesar do OAL possuir um orçamento próprio independente do orçamento da UL, não possui qualquer tipo de autonomia ou independência administrativa ou financeira, dependendo da Faculdade de Ciências e da Universidade de Lisboa que podem apoiar e facilitar ou bloquear e dificultar qualquer acção. Infelizmente, as estruturas universitárias do nosso País mantêm mentalidades e estruturas desadequadas, sistemas um pouco feudais onde hierarquias ocas e interesses individuais por um lado, ou a indiferença e apatia por outro, tolhem frequentemente o dinamismo e inovação dos mais jovens. Conselhos Directivos e Científicos, muitas vezes com boas intenções, acabam por pouco concretizar. Em qualquer dos casos, ao contrário do grande público, parecem não reconhecer o enorme valor patrimonial, cultural e científico do OAL e o papel que este tem desempenhado e poderia ainda melhor desempenhar, se lhe fossem dado a atenção e cuidado que merece.

Assim, não tendo sido possível adequar os meios disponíveis às acções até agora oferecidas pelo Observatório em condições de grande esforço, e perante a perspectiva da aposentação de mais dois dos últimos três funcionários (auxiliares e administrativos), não resta à Direcção do OAL outra alternativa que a forte redução da quantidade e variedade de serviços e iniciativas oferecidas. Assim, lamentamos informar que o Observatório não tem condições para poder continuar a oferecer, durante 2006, este espaço de excelência de troca de ideias que foram até agora as palestras mensais do OAL. Da mesma maneira, se anuncia aqui que apesar dos inúmeros estudantes que pedem o retomar do concurso Astrocosmos , o OAL não dispõe nem de meios humanos nem da tranquilidade necessárias à organização de eventos como este. Igualmente, o OAL acaba de desistir de submeter o projecto Ciência Viva que tinha acabado de elaborar, em parceria com algumas escolas básicas e secundárias, que beneficiaria milhares de alunos e dezenas de professores, por não ter garantias de que possui funcionários para garantir a execução desse projecto.

Pedimos a compreensão dos muitos parceiros da sociedade civil que se habituaram a contar com o OAL (escolas, jornalistas, editores, portos e aeroportos, tribunais e advogados, e centenas de entidades que vêm acertar a hora ao OAL) caso não possamos atender algum dos vossos pedidos. Sabemos que em alguns destes casos, o OAL é a única entidade a providenciar tais serviços, pelo que só encerraremos aquilo que nos for impossível de continuar a oferecer (não podemos dar aquilo que não temos). Compete aos organismos que tutelam o OAL (Faculdade de Ciências e Reitoria da Universidade de Lisboa), providenciar as condições mínimas para o trabalho do OAL poder continuar. Compete-lhe ainda pronunciarem-se, abertamente e sem ambiguidades, sobre o interesse ou desinteresse das actividades do OAL para a FCUL e a UL. E se bem que não podemos deles exigir meios materiais que possam não ter, já é imperdoável que não dêem aquilo que está ao seu alcance e é seu dever: apoio claro, respeito institucional, processamento expedito e eficiente de processos, e isenção face a interesses de grupos ou indivíduos de modo a que se mantenham condições mínimas de tranquilidade para a execução das actividades do OAL que tanto prestigiam a FCUL e a UL.

Assim, nesta altura, podemos apenas dizer que, a menos que haja alguma mudança concreta e significativa que devolva um mínimo de tranquilidade e autonomia ao OAL e que o apetreche de condições humanas e materiais adequadas, o OAL não poderá organizar eventos para o público e para os estudantes. Não poderá dar apoio a Escolas, nem esclarecimentos aos jornalistas, nem aos muitos cidadãos que telefonam a inquirir sobre o que vêem no céu. Não poderemos manter a totalidade do serviço de consultadoria astronómica aos tribunais e advogados. Não poderemos garantir o fornecimento da Hora Legal às centenas de entidades e particulares que actualmente acertam os seus relógios e sistemas informáticos através do OAL.

Lamentamos dar início a 2006 com estas notícias. Contudo, longe de sermos pessimistas, sabemos que o fascínio e interesse pelo Espaço é imparável. Não temos dúvidas do imenso apoio ao OAL que o público sempre manifestou. No OAL ou fora dele, a Astronomia aquecerá as mentes e os corações dos jovens e dos graúdos. Votos de um excelente 2006!

João Lin Yun, Director do OAL
 

Ficha Técnica

O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun, João Retrê. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Tecla 3, Artes Gráficas, Av. Almirante Reis, 45A, 1150-010 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.

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