Editorial
O valor do Observatório Astronómico de Lisboa
Qual o valor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL)? Se fizermos esta pergunta a uma das muitas
milhares de pessoas que têm sido "tocadas" pelo OAL, teremos provavelmente respostas semelhantes a esta que
recebemos há uns tempos de um utente do nosso serviço de "Consultório Astronómico" e ouvinte das nossas
palestras mensais via Internet:
"Quero apenas expressar os mais sinceros parabéns e agradecimentos por um
serviço público de tão elevado nível que o OAL está a prestar à comunidade. São iniciativas deste tipo,
para promover a cultura científica dos cidadãos tão essencial nos dias que correm, que temos de acarinhar
e elogiar. Parabéns por o OAL sair assim de um certo marasmo científico e trazer agora com dinamismo a
ciência para mais perto do cidadão comum que se interessa por estas coisas do universo, e se dispor
assim a tirar dúvidas e dar formação científica junto do cidadão comum de um modo tão competente,
tão profissional e tão científico. A pergunta que apresentei foi-me esclarecida de um modo claro,
simples e altamente profissional sem deixar margem a dúvidas, por isso quero aqui deixar um grande
abraço de gratidão a toda a ilustre equipa de cientistas do OAL por serem capazes de descer até à
minha pessoa e satisfazerem-me uma de tantas dúvidas que eu tenho acerca deste universo maravilhoso
que me rodeia. Bem hajam não só pela espectacular equipa que constituem como também pelo serviço de
divulgação científica que tão profissionalmente desempenham junto da comunidade em geral através do
site do OAL."
Fizemos a mesma pergunta a alguns especialistas (estrangeiros) em História da Ciência
e Instrumentos Científicos e a resposta foi algo parecido com isto:
"O OAL é uma preciosidade! Possui
uma das melhores e mais bem preservadas colecções de instrumentos astronómicos antigos da época da
sua construção, alguns únicos no mundo, de valor histórico incalculável. O próprio Edifício Central
representa a memória do que melhor existiu na História da Astronomia portuguesa e europeia e não pode
de modo algum ser abandonado ou perdido."
Perante estes factos, é de se esperar um apoio claro e um
empenhamento forte na manutenção e no desenvolvimento das actividades do OAL. Tomarei pois todos de
surpresa se disser que o OAL não existe! Não existe porque o OAL faz parte da Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa (FCUL) e, tendo em consideração a autonomia universitária, os sucessivos
governos não são levados a intervir sem que para isso sejam solicitados pelos responsáveis máximos.
De facto, compete ao Senhor Reitor da UL e ao Presidente da FCUL efectuar os esforços que julguem
necessários para garantir não só as condições de eficiência para a manutenção do serviço público
oferecido pelo OAL, como a garantia de que o enorme valor histórico e patrimonial do OAL seja
preservado para as gerações vindouras. Como povo colectivo que somos, é uma parte da nossa
memória, aquilo que faz de nós humanos e portugueses que importa salvar. Isto, contudo, ainda
não foi compreendido. Ao contrário do público, dos estudantes, dos professores, dos jornalistas,
aqueles que podem e devem fazer algo por esta preciosidade ainda não se aperceberam do seu valor.
Será que, como diz o povo, só quando perdemos algo é que reconhecemos o seu valor?
João Lin
Yun, Director do Boletim O
Observatório
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Ficha Técnica
O Observatório é uma publicação do Observatório
Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone:
213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio.
Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun, João Retrê. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Tecla 3, Artes Gráficas, Av. Almirante Reis, 45A, 1150-010 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
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