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Buraco negro passa nas "proximidades" do Sol

Um sistema binário contendo um buraco negro e uma estrela companheira foi descoberto, a viajar nas proximidades do Sol, por astrónomos usando o Very Long Baseline Array (VLBA). Este sistema designado por XTE J1118+480 foi observado pela primeira vez pelo satélite de raios-X Rossi em 2000. Através de observações nos domínios óptico e rádio foi possível estabelecer que este sistema se encontra à distância de 6000 anos-luz do Sol e acima do plano da Via Láctea.

As observações em rádio revelaram a existência de jactos de partículas subatómicas, que se formam da interacção entre os campos magnéticos e o disco de acreção de matéria proveniente da estrela companheira. Como as partículas são posteriormente aceleradas nos jactos, estes emitem radiação de sincrotrão no rádio.

Fig. Ilustração do percurso do buraco negro e da sua estrela companheira na Via Láctea nos últimos 230 milhões de anos. Cortesia: I. Rodrigues e I.F. Mirabel, NRAO/AUI/INSF.
Uma vez que este sistema orbita o centro da Galáxia, tal como os enxames globulares (conjuntos densos de centenas de milhares de estrelas que se movem acima do plano da nossa Galáxia), deslocando-se a uma velocidade de 145 Km por segundo, relativamente à Terra, coloca-se a questão de saber qual a origem do sistema. Terá sido levado a sair do plano da Via Láctea através de uma explosão de supernova ou terá sido ejectado de um enxame globular?

A primeira hipótese é, aparemente, pouco provável pois para acelerar o buraco negro até à presente velocidade seria necessário um impulso de energia demasiado elevado durante a fase da explosão em supernova. A hipótese mais provável é a segunda, em que o sistema é ejectado do enxame globular. Simulações numéricas de interacções gravitacionais em enxames demostraram que buracos negros resultantes do colapso de estrelas muito maciças podem, eventualmente, ser ejectados destes sistemas de estrelas. Os investigadores estão convencidos de que a estrela companheira foi capturada ainda antes de o buraco negro ter sido ejectado do enxame globular.

Outro dado importante resultante da análise da estrela, é o facto da sua superfície actual ter sido no passado uma suas camadas interiores. Isto é facilmente compreensível se pensarmos que a estrela está tão próxima do buraco negro que este suga as camadas mais externas. Este acto de canibalismo contínuo fez com que a estrela perdesse a maior parte da sua massa estando neste momento reduzida a um terço da massa solar. Na primeira imagem (canto superior esquerdo) da figura seguinte está representado um sistema binário com uma estrela e um disco de acreção, no interior do qual se encontra um buraco negro. A segunda imagem (canto superior direito) ilustra o movimento do sistema na Galáxia visto de perfil. A terceira imagem mostra este mesmo movimento visto com um ângulo de inclinação diferente da Via Láctea.

Cortesia I. Rodrigues e I.F. Mirabel, Space Telescope Science Institute, NRAO/AUI/INSF.
PM

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