A compreensão sobre a forma como as estrelas se formam começou com a descoberta de que o espaço vazio entre as estrelas não é ... vazio! De facto, este espaço, designado por meio interestelar, está cheio de gás - hidrogénio, essencialmente - e de minúsculos grãos de poeira. O gás e a poeira, devido ao efeito da gravidade, agregam-se nas chamadas nuvens moleculares. Estas são os objectos mais frios existentes no Universo, com temperaturas típicas da ordem de 250 graus C, e é no seu interior, longe da nossa visão, que se formam, devido ao colapso gravitacional, núcleos densos e frios de matéria. A colisão das moléculas do gás faz com que a temperatura e a densidade aumentem até ao ponto em que o hidrogénio se começa a fundir e a formar hélio. Nasce, assim, em termos muito sucintos, uma estrela. Aqui fica, então, a receita para "fazer" uma estrela:
A formação de uma estrela é um fenómeno que nos está vedado na região do visível.
Foi apenas com o aparecimento da radio-astronomia e, mais recentemente, da astronomia
de infra-vermelhos, que começou a ser possível estudar aprofundadamente a formação de uma
estrela. E isto porque nos estágios
iniciais de formação, a estrela embrionária, habitualmente designada por
proto-estrela, não é, ela própria, visível, dado residir num invólucro de gás e poeira,
qual
casulo, que a obscurece de observações directas. A maior parte da radiação é, então, emitida
nas regiões do infra-vermelho e do rádio. Por este motivo, os astrónomos
têm que observar nestes comprimentos de onda e procurar sinais indirectos que evidenciem
estrelas em formação, como seja a presença de discos circum-estelares e
de jactos de matéria expelida ao longo dos pólos da proto-estrela.
O nascimento de novas estrelas está intimamente ligado à morte
de muitas outras. De facto, uma estrela vive enquanto tiver combustível
para alimentar a sua fornalha termonuclear. Quando este se esgota, a estrela
já não consegue suportar o peso das suas camadas e acaba por colapsar.
Este colapso é determinado pela massa da estrela.
Por vezes, a massa é tão elevada que este colapso dá lugar a um
dos fenómenos mais catastróficos conhecidos: uma supernova. Uma supernova,
ao contrário do que o nome parece indicar, não é
uma estrela nova, mas sim um explosão espectacular de uma estrela que terminou
a sua vida. Esta explosão espalha os elementos constituintes da estrela pelo
espaço, ao mesmo tempo que permite a formação de elementos mais pesados que o ferro.
Estes elementos serão depois a semente de formação de mais estrelas
algures na imensidão do espaço, completando, assim, um grande ciclo cósmico.
Algumas destas estrelas poderão
ser acompanhadas pela formação de planetas, tal como a Terra.
Assim, pode-se dizer que todos os elementos existentes à nossa volta,
á parte o hidrogénio e o hélio, foram sintetizados nas estrelas.
Em resumo, gostaríamos de deixar duas ideias principais: a primeira, é que as
estrelas nascem, vivem e morrem ... tal como nós! A segunda, é que nós próprios
somos feitos de ... matéria das estrelas!
Doutor José Carlos Correia Pegue em 10 000 massas solares de hidrogénio.
Misture com pó de carbono e silicatos. Polvilhe com alguns metais. Mexa bem.
Leve a "congelar" até cerca de 250 graus C. Não necessita de "levar ao forno".
Espere cerca de 1 milhão de anos.
As estrelas "cozerão" e formar-se-ão por si só sob acção da gravidade.
CAAUL / FCUL