Go backward to Notícias
Go up to Top
Go forward to Unifesta: O que foi, o que será?

Formação de Estrelas.

As estrelas são o constituinte básico do Universo. Será que elas sempre existiram desde o início dos tempos, ou será que elas se foram formando ao longo da história do Universo? E como é que se formaram? Antes de respondermos a estas questões, convém definir, claramente, o que é uma estrela. Foi só no início do século XX que conseguimos compreender, exactamente, a natureza destes corpos luminosos que enchem o nosso céu. Hoje sabe-se que as estrelas são enormes esferas de gás a alta temperatura (milhões de graus), constituídas essencialmente por hidrogénio, o elemento químico mais simples que existe na Natureza, e que geram a sua própria energia através de reacções nucleares de fusão de hidrogénio em hélio. Basicamente, pode-se dizer que uma estrela é um reactor nuclear governado pela gravidade. As reacções nucleares que ocorrem no interior do Sol, a estrela responsável pela vida na Terra, e que são mantidas através de temperaturas de cerca de 15 milhões de graus, são responsáveis pelo consumo de, aproximadamente, 400 milhões de toneladas de hidrogénio ... por segundo! Enquanto houver "combustível" para gastar, a estrela mantém-se em equilíbrio, num jogo de forças que a obrigam a expandir e a colapsar. Prevê-se que o Sol, que se encontra mais ou menos a meio da sua vida, viva por mais 5 mil milhões de anos neste estágio quiescente.

A compreensão sobre a forma como as estrelas se formam começou com a descoberta de que o espaço vazio entre as estrelas não é ... vazio! De facto, este espaço, designado por meio interestelar, está cheio de gás - hidrogénio, essencialmente - e de minúsculos grãos de poeira. O gás e a poeira, devido ao efeito da gravidade, agregam-se nas chamadas nuvens moleculares. Estas são os objectos mais frios existentes no Universo, com temperaturas típicas da ordem de -250 graus C, e é no seu interior, longe da nossa visão, que se formam, devido ao colapso gravitacional, núcleos densos e frios de matéria. A colisão das moléculas do gás faz com que a temperatura e a densidade aumentem até ao ponto em que o hidrogénio se começa a fundir e a formar hélio. Nasce, assim, em termos muito sucintos, uma estrela. Aqui fica, então, a receita para "fazer" uma estrela:

Pegue em 10 000 massas solares de hidrogénio. Misture com pó de carbono e silicatos. Polvilhe com alguns metais. Mexa bem. Leve a "congelar" até cerca de -250 graus C. Não necessita de "levar ao forno". Espere cerca de 1 milhão de anos. As estrelas "cozerão" e formar-se-ão por si só sob acção da gravidade.

A formação de uma estrela é um fenómeno que nos está vedado na região do visível. Foi apenas com o aparecimento da radio-astronomia e, mais recentemente, da astronomia de infra-vermelhos, que começou a ser possível estudar aprofundadamente a formação de uma estrela. E isto porque nos estágios iniciais de formação, a estrela embrionária, habitualmente designada por proto-estrela, não é, ela própria, visível, dado residir num invólucro de gás e poeira, qual casulo, que a obscurece de observações directas. A maior parte da radiação é, então, emitida nas regiões do infra-vermelho e do rádio. Por este motivo, os astrónomos têm que observar nestes comprimentos de onda e procurar sinais indirectos que evidenciem estrelas em formação, como seja a presença de discos circum-estelares e de jactos de matéria expelida ao longo dos pólos da proto-estrela.

O nascimento de novas estrelas está intimamente ligado à morte de muitas outras. De facto, uma estrela vive enquanto tiver combustível para alimentar a sua fornalha termonuclear. Quando este se esgota, a estrela já não consegue suportar o peso das suas camadas e acaba por colapsar. Este colapso é determinado pela massa da estrela. Por vezes, a massa é tão elevada que este colapso dá lugar a um dos fenómenos mais catastróficos conhecidos: uma supernova. Uma supernova, ao contrário do que o nome parece indicar, não é uma estrela nova, mas sim um explosão espectacular de uma estrela que terminou a sua vida. Esta explosão espalha os elementos constituintes da estrela pelo espaço, ao mesmo tempo que permite a formação de elementos mais pesados que o ferro. Estes elementos serão depois a semente de formação de mais estrelas algures na imensidão do espaço, completando, assim, um grande ciclo cósmico. Algumas destas estrelas poderão ser acompanhadas pela formação de planetas, tal como a Terra. Assim, pode-se dizer que todos os elementos existentes à nossa volta, á parte o hidrogénio e o hélio, foram sintetizados nas estrelas.

Em resumo, gostaríamos de deixar duas ideias principais: a primeira, é que as estrelas nascem, vivem e morrem ... tal como nós! A segunda, é que nós próprios somos feitos de ... matéria das estrelas!

Doutor José Carlos Correia
CAAUL / FCUL



Prev Up Next