Duas imagens da estrela V838 Monocerotis obtidas antes e após o episódio descrito no texto. A imagem da esquerda foi obtida em 1989, enquanto a da direita foi realizada em Março de 2002. Estas imagens ilustram bem o quanto esta estrela aumentou de brilho. Cortesia da NASA, do Anglo-Australian Observatory, do U.S. Naval Observatory e de Z. Levay (STScI).
Se olharmos para o céu numa noite estrelada podemos ver centenas ou mesmo milhares de estrelas. Se a maioria destes "sois" são razoavelmente bem compreendidos, há ainda inúmeros outros cujo comportamento nos deixam perplexos.
Em Janeiro de 2002, os astrónomos observaram que uma pequena estrela na constelação do Monoceros (conhecida agora por V838) se tornou repentinamente muito brilhante. Este tipo de fenómeno, que está habitualmente associado às chamadas estrelas Novae, é razoavelmente bem explicado. Quando uma estrela gigante vermelha tem como companheiro próximo uma estrela anã branca (um objecto extremamente denso e quente -- ver Consultório Astronómico
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do último número de O Observatório), o material da primeira é transferido para esta por acção da gravidade. A dada altura, o gás rico em hidrogénio que se foi acumulando na superfície da anã branca vai explodir, numa reacção nuclear que dá origem à chamada estrela Nova.
No entanto, o caso da V838 Monocerotis parece estar a colocar enormes problemas aos astrónomos. Após ter aumentado o seu brilho em mais de 10.000 vezes, esta estrela tornou-se por breves momentos na
mais brilhante na nossa galáxia. Se por um lado, e tal como se poderia esperar, esta estrela tem um companheiro - o que nos poderia levar a pensar que o fenómeno observado é produzido por um processo semelhante ao que ocorre nas Novae - outras observações não parecem estar de acordo com o cenário esperado. Contrariamente ao que é habitual no caso das Novae, este misterioso objecto não ejectou as suas camadas exteriores, tendo-se sim tornado numa estrela gigantesca e fria, cujo diâmetro é cerca de 1000 vezes maior do que o do nosso Sol. Nenhuma teoria actual é capaz de explicar de forma convincente o sucedido. Parece então que estamos perante um novo tipo de fenómeno estelar nunca antes observado.
Na capa deste boletim podemos ver as fantásticas imagens da estrela V838 Monocerotis obtidas utilizando o telescópio espacial Hubble (HST -- ESA/NASA). Estas imagens, realizadas em diferentes épocas (entre 20 de Maio e 17 de Dezembro de 2002), permitem perceber que esta estrela tem uma "coroa" de material à volta. Este material, que se pensa ter sido lançado pela estrela noutras ocasiões, está agora a ser iluminado pela radiação emitida durante o episódio acima descrito, reflectindo os raios luminosos na nossa direcção.
Dado que a luz se propaga a uma velocidade limitada (300.000 km/s no vazio), este fenómeno dá-nos a impressão de que estamos a observar a expansão da nebulosa, que na verdade está simplesmente a ser iluminada progressivamente de dentro para fora. A medição da taxa de "expansão" deu aos investigadores a possibilidade de determinar a distância que nos separa desta estrela, que parece ser superior a 20.000 anos-luz.
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Cerca de 7 anos após a descoberta, pelos Suíços Michel Mayor e Didier Queloz, de um planeta a orbitar outra estrela que não o Sol, o número de planetas extra-solares não parou de aumentar. Hoje são já conhecidos mais de 100 destes corpos, e o seu número não pára de crescer. A prova disso é o anúncio da descoberta, esta semana, de mais um planeta gigante, desta feita a orbitar a estrela HD73256.
A descoberta de novos planetas abriu enormes perspectivas para as ciências planetárias, já que o Sistema Solar deixou de ser o único exemplo conhecido. No entanto, as características de uma boa parte dos exoplanetas até agora descobertos deixaram os investigadores perplexos. Uma das mais intrigantes prende-se com a distância que separa alguns destes mundos da sua estrela. Os astrónomos, baseados no conhecimento e nas teorias existentes há alguns anos atrás, esperavam encontrar planetas gigantes semelhantes a Júpiter (o maior planeta do Sistema Solar), orbitando as suas estrelas a distâncias significativas: Júpiter, por exemplo, orbita o Sol a uma distância 5 vezes superior à que separa a Terra da nossa estrela. No entanto, e para grande espanto, foram encontrados alguns planetas gigantes a orbitar a distâncias inferiores à que separa Mercúrio do Sol.
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A medição das oscilações na velocidade radial da estrela HD73256 (os pontos na figura), levaram à descoberta do novo planeta, com um período orbital de 2,5 dias.
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Agora, uma equipa de astrofísicos europeus do Observatório de Genebra (Suíça), do Instituto Niels Bohr (Dinamarca), do Royal Observatory of Belgium (Bélgica), e do Observatório Astronómico de Lisboa (da Faculdade de Ciências da Universidade Lisboa) descobriu um mundo que bate todos os recordes. Este novo planeta orbita a estrela HD73256, uma estrela semelhante ao Sol, e que dele dista cerca de 120 anos-luz.
Mas o que torna este planeta extraordinário é o facto de dar uma volta a HD73256 uma vez em cada 2,5 dias, encontrando-se separado desta de uma distância de apenas 5,5 milhões de quilómetros.
Este valor corresponde a menos de um décimo da distância que separa Mercúrio do Sol. Dada a grande proximidade, o lado iluminado deste mundo chega a atingir os 1200 graus centígrados.
A grande diversidade de planetas extra-solares até hoje encontrados tem colocado enormes problemas aos investigadores. No entanto, hoje já é possível explicar a existência deste tipo de planetas gigantes próximos da estrela. Sabe-se que durante e após a formação de um planeta, este pode migrar para mais perto do seu sol por acção de forças que se geram entre o próprio planeta e o disco de material que existe em torno da estrela jovem. No entanto, o caso do planeta que orbita a estrela HD73256 é único, já que nunca se tinha confirmado a existência de um mundo tão próximo da sua estrela. As implicações científicas desta descoberta ainda não são claras, mas estão sem dúvida a ajudar os astrofísicos
a compreender melhor os processos ligados à formação dos planetas.
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