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Editorial  

O Observatório esclarece as suas dúvidas de astronomia através do
endereço electrónico:consultorio@oal.ul.pt

À ESPREITA DO UNIVERSO

Questão:

Quais os instrumentos ou aparelhos usados pelo homem para observar o Universo?

  O estudo do Universo é feito recorrendo essencialmente a telescópios, que tentam capturar o maior número possível de fotões (luz) emitidos pelos objectos celestes - é a partir deles que o nosso conhecimento sobre o Universo pode avançar.
  Os astrónomos podem hoje usar telescópios no solo ou espaciais. A vantagem de usar um telescópio espacial é que o efeito da atmosfera desaparece: pode-se observar sem a perturbação da atmosfera da Terra, e em comprimentos-de-onda inacessíveis a partir do solo (a atmosfera do nosso planeta bloqueia a luz em alguns domínios espectrais, ou cores).
  No entanto, é muito mais dispendioso colocar um telescópio no espaço, e em caso de avaria, a sua reparação é muito difícil ou mesmo impossível.

Visão artística do observatório ALMA, que a partir de 2007 vai observar o céu em comprimentos-de-onda do milímetro. Cortesia do ESO.

  Os astrónomos contam actualmente com vários telescópios espaciais, tais como o famoso telescópio espacial Hubble, para observações no óptico e infravermelho próximo, os observatórios espaciais Chandra e XMM-Newton, nos raios-X, e o SIRTF, no infravermelho médio e longínquo, que foi colocado no espaço recentemente (Agosto de 2003). Na Terra, no solo, temos os dois grandes telescópios Keck (no Havai), com espe-lhos principais de cerca de 10 metros de diâmetro, os quatro telescópios do VLT (Very Large Telescope, no Chile), de oito metros de diâmetro, os Gemini (um no Havai, o outro no Chile) e o Subaru (Havai) também de oito metros de diâmetro, para além de várias dezenas de telescópios com 6, 5, 4 metros, e menores. Estes estão em geral equipados com câmaras CCD para imagem ou espectroscopia no óptico, e/ou imagem e espectroscopia no infravermelho próximo, aproveitando as "janelas" atmosféricas nestes comprimentos-de-onda. Existem igualmente vários radio-telescópios capazes de observar os céus em comprimentos-de-onda no domínio do milímetro e rádio. Isto permite perscrutar facetas distintas do Universo, já que diferentes tipos de processos físicos emitem luz em "janelas" espectrais diferentes.
  Para além dos telescópios, é ainda útil apontar que importantes ajudas podem ser dadas para o estudo do Universo através da detecção de neutrinos, em enormes tanques de água subterrâneos e espera-se que, num futuro não muito distante, a detecção de ondas gravitacionais possa também elucidar sobre objectos de grande massa no Universo. Para já, porém, os fotões reinam...

AJUDAR OS ESTUDANTES A REALIZAR O SEU SONHO!

  Todos temos um sonho! É algo que nos faz mais humanos. E ao longo do meu percurso profissional pude contactar com os sonhos de tantos jovens estudantes que desejavam muito entender as leis naturais que regem o Universo físico, e que por isso escolheram estudar Física, desejando tornar-se astrónomos profissionais. Acompanhei os primeiros passos nesse sentido de muitos destes estudantes, através de conversas de orientação profissional tendo em vista esclarecer o que efectivamente significa ser um astrónomo profissional. Depois, através da orientação de teses de mestrado ou de doutoramento, tive o privilégio de iniciar alguns estudantes nas suas primeiras actividades de especialização científica. Em todos estes casos, não pude deixar de me impressionar com a dedicação revelada por todos aqueles que escolhem uma carreira na investigação científica, apesar das dificuldades a ela inerentes num mundo que "endeusa" a Ciência mas que, paradoxalmente, nem sempre lhe dá o tratamento que lhe é devido.
  Esta experiência permitiu-me concluir que é dever de todos nós, professores, pais ou outros familiares, instituições e governo nacional, apoiar o sonho destes estudantes, algo visionários e idealistas, mas motivados pelo fascínio de compreender o Universo. Através do seu gosto pela investigação, e pelo prazer da descoberta, estes jovens estão de algum modo a garantir o nosso futuro, o futuro da Humanidade, o avanço da Ciência e da Tecnologia (que da Ciência deriva). Merecem pois o melhor tratamento que lhes pudermos dar de forma a apoiar activamente e sem hesitações a concretização dos seus sonhos.
  Sou mais uma vez levado a reafirmar a responsabilidade social dos que detêm qualquer poder de decisão sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de Portugal. Nos tempos que correm, já só podemos fazer votos para que a Iluminação os guie de modo a que consigam ter uma visão a longo prazo, mais ampla, de modo a que NUNCA sequer lhes ocorra a possibilidade de comprometer o futuro dos nossos jovens estudantes e investigadores (e portanto do País) com a adopção de medidas restritivas em matéria científica e tecnológica. Eles sabem que a História nunca os perdoaria por tais actos. Pelo contrário, acredito que serão tomadas todas as medidas necessárias a apoiar activa e inovadoramente e em grande escala os sonhos dos nossos jovens estudantes e investigadores. A política tem de ser de século XXI e não dos séculos passados. Há que inovar, ousar, olhar para o futuro...


João Lin Yun, Director do OAL
 

Ficha Técnica
O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun, Maarten Roos-Serote e Pedro Raposo. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Fergráfica, Artes Gráficas, SA, Av. Infante D. Henrique, 89, 1900-263 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
A imagem de fundo da capa é cortesia do ESO.