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Editorial

A Física nos Ensinos Básico e Secundário

  A Astronomia moderna é também chamada de Astrofísica. Efectivamente, na base do conhecimento do Universo está a Física, essa ciência frequentemente desprezada e mal-compreendida. Apesar da Física ser talvez a ciência mais básica e mais fundamental, o público não sabe bem o que ela é, os poderes instituídos não a valorizam suficientemente e a sua importância não é geralmente reconhecida. O assunto é demasiado amplo para ser abordado aqui em detalhe. Gostaria contudo de analisar um pouco um aspecto relacionado com o ensino da Física nos ensinos básico e secundário. Estranhamente, durante muitos anos, os programas de Física dos ensinos básico e secundário tiveram uma enfâse muito grande na Mecânica. Durante seis anos, os nossos jovens aprendiam que Física, para eles, é sinónimo de Mecânica! E logo por azar, a Mecânica será talvez das áreas da Física menos atractivas para os jovens. Basta pensarmos em Física atómica, em ondas electromagnéticas, em radioactividade e partículas elementares e em outros tópicos de Física moderna, para compreendermos que foi de facto lamentável que os estudantes dos ensinos básico e secundário estivessem expostos quase exclusivamente a Mecânica (e um pouco de corrente eléctrica) durante seis anos de escolaridade!
  Desta forma como é possível esperar honestamente que os alunos gostem de Física? Ora quando os estudantes fogem das áreas científicas, o País paga um preço elevado: o desenvolvimento científico e portanto social e económico do nosso País é travado.
  No último ano, os programas reduziram um pouco a sua ênfase na Mecânica. Isso constitui um progresso. Falta contudo salientar de uma forma clara e evidente que é a Física que nos permite compreender o Universo e que quase todas as aplicações hoje fundamentais na sociedade tecnológica provêm de descobertas da Física: telecomunicações (ondas electromagnéticas), electrónica de consumo (electromagnetismo), ecrãs de cristal líquido (física do estado sólido), CDs (lasers, óptica). Mesmo que não seja possível tratar em profundidade, há que referir que a Física inclui temas fascinantes. Por exemplo: Física das condições extremas (perto do zero absoluto: supercondutividade, superfluidez; perto da velocidade da luz: Relatividade restrita; perto de um buraco negro: Relatividade Geral; no infinitamente pequeno: Física Quântica e Física de Partículas; no infinitamente grande: Astrofísica).
  Para que os alunos gostem de Física não basta que os programas mudem. Mas já era uma grande ajuda! Pelo menos este ponto parece tão simples de resolver... Será que é mesmo? O facto de reforma atrás de reforma alterar pouca coisa indica a existência de grandes resistências à introdução de matérias novas nos programas de Física. Por inexperiência? Por ignorância? Por comodismo? Quaisquer que sejam as razões, apela-se aos responsáveis pelos programas de Física dos ensinos básico e secundário que tenham em atenção que todo um futuro, dos nossos jovens, da cultura científica do País e, em última análise, do seu próprio bem-estar, ou dos seus filhos e netos, é posto em causa quando teimam em ensinar uma imagem antiquada e ultrapassada da Física.
  Para estimular os alunos, há que passar a mensagem de que a Física permite-nos estudar e compreender o Universo. Tanto no dia-a-dia, como mais profundamente a nível do Universo global. E nisto, a Astrofísica pode desempenhar um papel fundamental.

João Lin Yun, Director do OAL
 

O Observatório esclarece as suas dúvidas de astronomia através do endereço electrónico: consultorio@oal.ul.pt

Disco Protoplanetário

Questão:

O que é um disco protoplanetário?

  Um disco protoplanetário (ou mais geralmente, disco circunstelar) não é mais do que um disco de gás e poeiras que gira à volta de uma estrela recém-nascida, de uma estrela bebé. Trata-se de material que não foi incorporado na estrela durante a sua formação, já que possuía uma grande quantidade de momento angular (a estrela formou-se a partir do colapso de uma "nuvem" de material interestelar). É a partir destes restos da formação da estrela, e no disco protoplanetário, que se vão formar os eventuais planetas. Daí o nome.

Ilustração de um disco protoplanetário com planetas em formação. Cortesia de D.A. Hardy, ROE, ATC, NSF, NASA.

 

Ficha Técnica

O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Fergráfica, Artes Gráficas, SA, Av. Infante D. Henrique, 89, 1900-263 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
A imagem de fundo da capa é cortesia do ESO.

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