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O Catálogo de Messier I

Charles Messier nasceu em Badonviller (Loraine, França) em 26 de Junho de 1730. Em 1741, somente com 11 anos de idade, foi obrigado a interromper os seus estudos por motivo da morte do pai. O seu interesse pela astronomia surge três anos após ter observado (1744) um cometa com seis caudas e mais tarde (1748) um eclipse anular do sol. Em 1751 consegue um emprego no observatório de Paris e contacta com alguns dos astrónomos residentes. Em 1757 Messier tenta pela primeira vez observar o cometa Halley que se pensava poder vir a ser de novo avistado em 1758. No mesmo ano observa pela primeira vez M32 uma das galáxias satélites da Galáxia de Andrómeda (M31). No decurso das tentativas de observação do cometa de Halley descobre uma nebulosa imóvel na costelação do Touro. A sua posição é registada em 28 de Agosto de 1758 (mais tarde esta nebulosa viria a constituir o primeiro objecto do seu famoso catálogo-M1). A nebulosa do caranguejo (M1), como é hoje conhecida, é o resultado da explosão de uma supernova em 1054.

O cometa de Halley foi redescoberto em 25/26 de Dezembro de 1758 pelo astrónomo amador alemão Johann Georg Palitzch. Messier descobre independentemente o cometa 4 semanas depois em 21 de Janeiro de 1759. A sua descoberta é somente anunciada em 1 de Abril do mesmo ano por iniciativa de M. Delisle que havia calculado incorrectamente a órbita do cometa. Foi talvez este motivo que levou Charles Messier a dedicar a sua vida à observação e descoberta de cometas. Em 1760 Messier descobre um outro cometa, descoberta esta que igualmente não é divulgada por Delisle.

Em 1760 Messier observa uma outra "nebulosa" M2. Com a descoberta de um terceiro objecto difuso (M3) decide efectuar um catálogo deste tipo de objectos com o intuito de não os voltar a confundir com possíveis cometas. Surge deste modo o catálogo de Messier. Em 1764 uma primeira listagem de objectos difusos é efectuada baseada nas suas próprias observações bem como nas observações de outros astrónomos (e.g. Edmond Halley, William Derham, Maraldi e Le Gentil). Em Dezembro de 1764 Charles Messier é nomeado membro estrangeiro da "Royal Society" de Londres. A sua fama cresce com a descoberta de mais objectos difusos e de vários cometas. A primeira publicação do catálogo de Messier é efectuada em 1771 incluindo um elevado número de objectos difusos. Em 1770 Messier é finalmente eleito sócio da "Academie Royale des Sciences" de Paris.

Charles Messier

A publicação do catálogo de Messier incluindo 103 objectos é efectuada em 1781 (Connaissance des Temps). Um outro objecto (M104) foi mais tarde adicionado por Messier cerca de um mês após a publicação da primeira listagem definitiva. Pierre Mechain decide continuar a busca de objectos difusos e comunica as suas observações em 1783 (Berliner Astronomisches Jahrbuch).

Actualmente a maioria das listagens do catálogo de Messier incluem 110 objectos observados por C.Messier e por P.Mechain.

Charles Messier utilizou inúmeros telescópios na observação de cometas e dos objectos do seu famoso catálogo. Apesar de alguns dos telescópios reflectores utilizados por Messier terem uma abertura de 7,5 ou 8 polegadas, estes eram equipados com espelhos de metal o que lhes dava uma fraca eficiência. Segundo alguns autores (e.g. Owen Gingerich) o telescópio favorito de Messier era um reflector gregoriano com 32 pés de distância focal, uma abertura de 7,5 polegadas e uma ampliação de 104x, que não é listado na publicação mencionada. O referido telescópio era equivalente (devido às limitações já mencionadas) a um refractor com uma abertura próxima de 3,5 polegadas (90 mm). A totalidade dos objectos do catálogo de Messier pode deste modo ser facilmente observada com o auxílio de um telescópio de 100 mm ou 150 mm de abertura.

Tal como já foi anteriormente mencionado o principal interesse de Charles Messier era a descoberta e observação de cometas e não a observação do céu profundo. De entre os 44 cometas avistados entre 1758 e 1801, C.Messier e P.Mechain foram responsáveis pela descoberta de 27.

Prof. Dr. Pedro Ré



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