PÁGINA - ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 )
 
EDITORIAL

Um Portal para o
conhecimento do Universo

  Passou-se um ano desde que este Boletim foi lançado no seu novo visual. Graças ao apoio de entidades com visão de futuro e espírito inovador, para além das escolas, este Boletim é agora enviado também a todas as Bibliotecas Municipais. Aqui, a sua recepção foi muito bem acolhida, sobretudo nas regiões do interior do País que parecem valorizar ainda mais o acesso à cultura, sob todas as suas formas: Artes, Letras e Ciências. Esperamos assim reforçar a nossa contribuição para o desenvolvimento de uma cultura científica em Portugal.
  Recentemente a Comissão Europeia deu um sinal importante daquilo que tem de ser o futuro da Europa, uma sociedade desenvolvida baseada na Investigação, Ciência e Inovação. Esse sinal foi dado ao propor que a prioridade dos fundos estruturais deixe de ser o betão (projectos de infra-estruturas físicas como estradas e edifícios) e passe a ser a qualificação e os recursos humanos (aposta na inovação, desenvolvimento tecnológico e aumento de competitividade). Para Portugal, este sinal claro da Comissão é ainda mais importante dada a necessidade de re-qualificar e adaptar a força de trabalho portuguesa de modo a aumentar a competitividade do país.
  Mais do que nunca, torna-se claro que se não quisermos limitarmo-nos a ser um país de turismo em que os nossos filhos e netos podem encontrar emprego apenas na indústria hoteleira, há que investir em recursos humanos, na sua qualificação, na educação e investigação. Mais do que dispender em infra-estruturas pesadas, gastar dinheiro com as pessoas passou finalmente a ser algo a encorajar, como primeira prioridade, como um investimento para garantir o futuro. Equipamentos sem pessoas que os saibam utilizar, sem know-how, ficam inertes, sub-aproveitados e esses sim representam dinheiros mal-gastos.
  Embora possa soar estranho para a mentalidade da economia do século passado, podemos então concluir que o investimento em Ciência e Educação é um investimento seguro, quiçá o mais seguro que existe hoje em dia, onde o retorno é garantido, sob a forma de conhecimento, qualificação e riqueza daí derivada.
  Todos nós que contribuímos para que este Boletim possa existir, ao oferecemos gratuitamente o trabalho criativo para este, temos a consciência de que desde há quase dez anos vos estamos a oferecer um Portal para a aventura astronómica da descoberta do Universo. Mas não só! Associado ao fascínio da Astronomia, oferecemos também o passaporte para a riqueza: riqueza de espírito e riqueza material, esta conseguida através do desenvolvimento das capacidades intelectuais e da predisposição para a aprendizagem das aptidões científicas necessárias ao sucesso profissional no mundo moderno.

João Lin Yun, Director do OAL
 

O Observatório esclarece as suas dúvidas de astronomia através do endereço electrónico: consultorio@oal.ul.pt
O Tamanho de um Buraco Negro

Questão:

Qual é aproximadamente o tamanho
de um buraco negro?

  Para falar do tamanho de um buraco negro temos de nos referir à sua massa, e não só ao espaço que ocupa. E a esse respeito, não há qualquer limite conhecido. Qualquer quantidade de matéria poderá em princípio formar um buraco negro, se for comprimida até uma densidade suficientemente alta. No entanto, pensa-se que a grande maioria dos buracos negros foram formados como resultado da morte de estrelas de grande massa, adquirindo desta forma massas com a mesma ordem de grandeza da dessas estrelas. A massa típica destes buracos negros estelares será de cerca de dez vezes a do Sol (ou cerca de três milhões de vezes a massa da Terra). Para além disso, os astrónomos também supõem que muitas galáxias têm buracos negros de grande massa no seu centro (da ordem de um milhão de vezes a do Sol). A origem destes não é ainda bem compreendida.
  Por outro lado, quanto maior for a massa de um buraco negro, mais espaço este vai ocupar. O raio do "horizonte de acontecimentos" (a fronteira através da qual a luz pode entrar mas não pode sair) só depende da massa do buraco negro. Numa aproximação podemos usar uma fórmula que nos diz que o raio de um buraco negro (em quilómetros) é cerca de três vezes a sua massa (em unidades de massas solares). Ou seja, um buraco negro estelar típico, com dez vezes mais massa que o Sol, terá um raio de 30 quilómetros. Toda a luz que se aproxime mais do que este limite não pode escapar. Um outro que tenha um milhão de massas solares terá um raio de três milhões de quilómetros (um valor que parece muito grande, mas que corresponde "apenas" a quatro vezes o raio do Sol).

Ilustração de um disco de matéria a cair para um buraco negro. Cortesia de M. Owen e J. Blondin (North Carolina State Univ.).

 

Ficha Técnica

O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Fergráfica, Artes Gráficas, SA, Av. Infante D. Henrique, 89, 1900-263 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
A imagem de fundo da capa é cortesia do ESO.

© 2004 - Observatório Astronómico de Lisboa