PÁGINA 1  |  PÁGINA 2  |  PÁGINA 3  |  PÁGINA 4  |  PÁGINA 5  |  PÁGINA 6  |  PÁGINA 7
 
Editorial  

O Observatório esclarece as suas dúvidas de astronomia através do
endereço electrónico:consultorio@oal.ul.pt

Núcleos Galácticos Activos

Questão:

Vi uma fotografia em rádio de um objecto que parecia ser uma galáxia rodeada por duas grandes nuvens. Imagino que não seja uma galáxia normal. De que se trata então?

 Trata-se de um objecto extra-galáctico a que damos o nome de "Núcleo Galáctico Activo" ou NGA. As duas "nuvens" a que se refere não são mais do que dois lóbu-los. Estas estru-turas estáveis são compostas por gás e emitem radiação essencialmente na banda de rádio (ver foto ao lado da galáxia Cygnus A).


Cortesia Chris Carilli, NRAO

 Contudo, nem todos os NGAs apresentam estru-turas deste género. Os NGAs são galáxias especiais, que essencialmente se distinguem das restantes por terem a capacidade de emitir uma quantidade de energia (por vezes variável) equivalente ao de um conjunto de centenas ou milhares de galáxias semelhantes à nossa. Curiosamente, essa emissão é feita a partir duma região central de tamanho bastante reduzido, da ordem da distância que separa o Sol da estrela mais próxima. As dimensões dos NGAs podem variar entre um milhar e algumas dezenas de milhar de anos-luz. Alguns atingem mesmo milhões de anos-luz, se contarmos também com os seus rádio-lóbulos, alimentados por jactos que são emitidos a partir do centro do NGA.
 Pensa-se que estas potentes fontes de energia albergam um "motor" central, um buraco negro supermassivo, que pode atingir milhares de milhões de massas solares e que capta gases e poeiras provenientes da galáxia envolvente. O nome "Núcleos Galácticos Activos" procura então designar todo este sistema.
 Os NGAs mais distantes, a alguns milhares de milhões de anos-luz, são os quasares. Ao estudar o comportamento destas fontes estamos a fazê-lo para um passado distante. Uma melhor compreensão do seu nascimento e evolução permite-nos preencher algumas lacunas na história do Universo físico que conhecemos.

Apoiar a cultura científica em Portugal

   O Observatório tem boas notícias! Graças a uma parceria com a Editora Gradiva, é agora possível produzir este Boletim com as suas oito páginas originais e a cores! A qualidade ímpar desta publicação sai assim reforçada e orgulhamo-nos de colocar à disposição de estudantes e professores este serviço público, em prole do conhecimento científico e da cultura em língua portuguesa.
   A Editora Gradiva é bem conhecida pela sua contribuição para o panorama cultural português em geral e muito em especial para a cultura científica em Portugal, onde se destaca pela publicação dos melhores livros de Ciência para todos, da Ciência que deslumbra as mentes dos nossos jovens. São poucos os estudantes que não possuem nas suas prateleiras pelo menos um livro da Gradiva, e alguns mencionam mesmo o contributo fundamental desses livros para a sua decisão na escolha do curso que frequentam ou da profissão que exercem. Por isso, é com muito gosto que vejo concretizada esta parceria entre a Editora Gradiva e o Observatório Astronómico de Lisboa. As duas instituições têm vários objectivos comuns, constituindo a cultura científica dos portugueses a sua base.
   A este propósito, cabe aqui mencionar o papel do mecenato nos tempos modernos.
   Na maior parte dos países desenvolvidos, as empresas de maior prestígio apoiam, de uma forma ou de outra, eventos e iniciativas culturais, artísticas e científicas. Reconheceram que o prestígio social não deriva directamente do lucro financeiro ou contabilístico, mas muito mais da sua acção real e pragmática associada a eventos de grande interesse público. Os resultados financeiros são apenas números, demasiado abstractos para a maioria da população. Quando esses resultados são investidos em apoios de boa visibilidade, o impacto social é, na percepção do público, incomparavelmente maior.
   Em Portugal, felizmente, as mentes empresariais começam a abrir-se a esta realidade dos tempos modernos. E quem, no mundo empresarial tão competitivo dos dias de hoje, quererá ficar para trás, associado a um velho mundo de modos de ver conservadores e de visão limitada? Apoiando a cultura, sob todas as suas formas, a empresa garante o seu futuro com modernidade e visão alargada.


João Lin Yun, Director do OAL
 

Ficha Técnica
O Observatório é uma publicação do Observatório Astronómico de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa, Telefone: 213616739, Fax: 213616752; Endereço electrónico: observatorio@oal.ul.pt; Página web: http://oal.ul.pt/oobservatorio. Redacção e Edição: José Afonso, Nuno Santos, João Lin Yun, Maarten Roos-Serote e João Dias. Composição Gráfica: Eugénia Carvalho. Impressão: Fergráfica, artes gráficas, SA, Av. Infante D. Henrique, 89, 1900-263 Lisboa. Tiragem: 2000 exemplares. © Observatório Astronómico de Lisboa, 1995.
A imagem de fundo da capa é cortesia do ESO.